Diversidade, soberania e resistência africana: Mwanga II e as Ahosi do Daomé

Diversidade, soberania e resistência africana: Mwanga II e as Ahosi do Daomé



Por Sergio Viula


A história da África pré-colonial nos revela exemplos impressionantes de diversidade sexual e de gênero, mostrando que a liberdade de expressão e a autonomia cultural não são invenções modernas. Entre esses exemplos estão o rei Mwanga II de Buganda e as guerreiras conhecidas como Ahosi, do Reino do Daomé.


Rei Mwanga II de Buganda (atual Uganda, reinado 1884–1897)


Mwanga II: Um homem que amava outros homens


Mwanga II é um dos monarcas africanos mais documentados com relacionamentos homoafetivos. O rei mantinha relações com vários págens do sexo masculino, sem considerar essas relações contrárias à sua autoridade ou à religião tradicional de seu povo.

No entanto, missionários cristãos o demonizaram, acusando-o de “imoralidade” e retratando-o como tirano, em parte devido às suas relações homoeróticas e à resistência à dominação colonial. Hoje, pesquisadores africanos e ativistas reavaliam sua história, reconhecendo Mwanga II como um exemplo de soberania sexual e cultural africana antes da interferência ocidental.


Rainhas guerreiras da região do Daomé (Benim): As Ahosi (séculos XVII–XIX)


As Ahosi, ou “Amazonas do Daomé”

As Ahosi, ou “Amazonas do Daomé”, eram mulheres que vestiam-se e viviam como homens, muitas vezes guerreando, e mantinham relações com outras mulheres. Algumas poderiam ser interpretadas hoje como lésbicas ou pessoas transmasculinas. Elas representam uma forma de resistência e autonomia, desafiando normas de gênero e demonstrando coragem e poder feminino em uma sociedade marcadamente militarizada.

Esses exemplos africanos nos lembram que a diversidade sexual e de gênero sempre existiu e que a resistência cultural e sexual não é algo recente. Mwanga II e as Ahosi nos inspiram a valorizar a liberdade de ser quem somos, celebrando histórias de coragem, amor e identidade que resistiram ao colonialismo e à repressão.

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