Eric Barreto (saudoso): Transformista que fazia Carmen Miranda

Eric Barreto no programa Sílvio Santos

O brilho de Eric Barreto: o transformista que encantou o Brasil como Carmen Miranda


Se você cresceu assistindo à televisão brasileira nos anos 1980 e 1990, talvez se lembre com carinho e deslumbramento de um artista que parava tudo quando subia ao palco do “Show de Calouros”, do Silvio Santos. Vestido com frutas na cabeça, sapatos altos e um sorriso contagiante, Eric Barreto encantava o público ao se transformar em Carmen Miranda — e o fazia com tanta graça, precisão e talento que se tornou um dos maiores transformistas que o Brasil já viu.

Nascido em Garanhuns, no agreste de Pernambuco, Eric começou a vida profissional longe dos palcos: foi gerente de banco. Mas o chamado da arte falou mais alto. Com coragem, beleza e talento, mergulhou no universo das transformações e da performance, adotando o nome artístico Diana Finsk e iniciando uma trajetória que marcaria a história da arte drag brasileira.

Foi no programa de Silvio Santos que Eric Barreto ganhou projeção nacional. Participando do famoso “Show de Calouros”, venceu por cinco semanas consecutivas — um feito para qualquer artista, mas ainda mais simbólico para um transformista, em um tempo em que a visibilidade LGBT era mínima e o preconceito, gigante.

Com figurinos impecáveis, gestos milimetricamente ensaiados e uma energia vibrante, ele não imitava Carmen Miranda: ele era Carmen Miranda em cena. A semelhança e o talento eram tamanhos que, em 1995, foi indicado por ninguém menos que Aurora Miranda, irmã da própria Carmen, para participar do docudrama Bananas Is My Business, dirigido por Helena Solberg. O filme resgata a trajetória da Pequena Notável — e Eric, claro, brilhou.

Mas como tantos outros talentos da comunidade LGBT nos anos 1990, Eric teve sua vida interrompida cedo demais. Morreu em 3 de maio de 1996, aos 34 anos, vítima de complicações relacionadas à AIDS — uma pandemia que levou consigo uma geração inteira de artistas, pensadores e criadores. Eric foi sepultado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, próximo ao túmulo da própria Carmen Miranda, como que selando em eternidade a conexão artística que os unia.

Hoje, o nome de Eric Barreto talvez não esteja nos livros didáticos ou nos especiais da TV. Mas aqui no Fora do Armário, fazemos questão de lembrar. Porque memória é também resistência, e artistas como Eric merecem ser lembrados com orgulho, respeito e celebração.

Que sua arte siga viva — entre frutas tropicais, batons vermelhos, e o brilho eterno de quem ousou ser quem era num tempo em que isso ainda era um ato revolucionário.

🎥 Quer ver Eric Barreto em ação? Assista aqui:
👉 Eric Barreto no Show de Calouros – YouTube

Comentários

  1. Noooossa! Viajei no tempo agora!!!
    Assisti o Eric inúmeras vezes na bom e velho "O Boêmio", onde Tia Laura De Vison reinava e ela sempre chamava o Eric. Ele tb ia na He-Men, em Niterói e foi lá que o vi pela primeira vez! Que saudades! Um grande artista!

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  2. Que MARA!!! Não sabia que vc já o havia visto pessoalmente!!! Fantástico!

    Espero que esse blog sempre emocione positivamente gente boa como vc.

    Beijão, amigo!
    Sergio

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