
Quando a tradição mutila: o grito silenciado de milhões de meninas e mulheres
📍 PARIS — Entre 100 e 140 milhões de mulheres já sofreram mutilação genital feminina (MGF) no mundo todo, especialmente na África Subsaariana. O dado alarmante vem de um relatório do Instituto Nacional de Estudos Demográficos da França (Ined), divulgado recentemente.
A MGF é uma prática brutal, ainda presente em mais de 28 países africanos, no Oriente Médio e também em comunidades da Ásia, Pacífico, América do Norte, América Latina e Europa — muitas vezes importada por comunidades imigrantes. Trata-se da remoção parcial ou total dos órgãos genitais femininos externos, por supostos motivos culturais, religiosos ou estéticos. Mas a verdade é que estamos falando de uma violência sistemática de controle sobre os corpos e desejos das mulheres.
Segundo a Anistia Internacional, essa mutilação pode ocorrer desde o nascimento até a primeira gravidez, sendo mais comum entre os 4 e 8 anos de idade. A forma mais extrema, conhecida como infibulação, consiste na costura dos lábios vaginais, deixando apenas uma pequena abertura para a urina e o sangue menstrual.
Na maioria das vezes, essa prática é realizada por mulheres da própria comunidade, com instrumentos rudimentares como facas, cacos de vidro ou navalhas — quase sempre sem anestesia ou esterilização. As consequências são devastadoras: dor extrema, infecções, infertilidade, traumas psicológicos e até a morte. O parto torna-se um risco de vida. O sexo, um pesadelo.
Por que ainda fazem isso?
As justificativas são diversas: controle da sexualidade feminina, suposta melhoria da fertilidade, obediência às tradições, aceitação social, pureza, higiene e honra da família. A verdade cruel é que a MGF serve para tornar meninas e mulheres mais “dóceis” e “controláveis”. Em muitas dessas sociedades, uma mulher não mutilada é vista como suja, promíscua, ou mesmo como alguém que desonra sua família.
Denunciar ou resistir à prática significa, para muitas, rejeitar suas próprias raízes. E quando se tenta romper o ciclo, é comum ouvir que a tradição vale mais que a dignidade.
Não há nada de sagrado nessa dor
Práticas como a MGF mostram até onde o fanatismo, o literalismo religioso e o patriarcado disfarçado de cultura são capazes de ir. Não há nada de sagrado em provocar dor, silenciar o prazer e controlar o corpo de outra pessoa.
É inadmissível que, em pleno século XXI, milhões de meninas ainda corram o risco de serem mutiladas. É uma vergonha que líderes religiosos, culturais e políticos fechem os olhos ou justifiquem tamanha violência com base em “valores ancestrais”.
Não é cultura, é tortura.
A boa notícia? Podemos mudar isso.
A UNICEF declarou que essa prática pode ser eliminada no espaço de uma geração. Mas, para isso, é necessário um esforço conjunto: governos, ativistas, líderes comunitários, organizações internacionais e cada um de nós.
Se você quer fazer a sua parte, comece assinando a petição da organização CARE para acabar com a mutilação genital feminina:
👉 ASSINE AQUI: https://my.care.org/campaign/fgcpetition
Não vire o rosto. Não se cale. Silêncio é cumplicidade.
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