
Campinas terá 1ª escola do Brasil voltada para público gay
Rose Mary de Souza
Direto de Campinas
A primeira escola voltada para o público gay do Brasil será instalada em Campinas, no interior de São Paulo, e deve entrar em operação em janeiro de 2010. A nova Escola Jovem LGTB (Lésbicas, Gays, Transexuais e Bissexuais) oferecerá aulas de Expressão Literária, Expressão Cênica e Expressão Artística, além de um curso para formação de drag queens.
A grade curricular engloba tópicos artísticos como dança, música, TV, cinema, teatro e criação de revistas. O objetivo da instituição é fazer circular pelo Estado de São Paulo o material produzido pelos alunos - entre eles, CDs, DVDs, livros, revistas, peças de teatro e espetáculos de drag queens.
A unidade escolar surgiu a partir de um convênio entre a ONG E-Jovem, o governo do Estado de São Paulo e o Ministério da Cultura. Os cursos técnicos são gratuitos e têm duração de três anos.
As inscrições serão abertas em janeiro, ainda sem data prevista. Serão aceitOs prioritariamente interessados com idade entre 12 a 18 anos. Outras faixas de idade serão aceitas se houverem vagas. As inscrições também estão abertas ao público heterossexual.
As aulas terão início em março e, a princípio, devem ser criadas três turmas com 20 alunos cada.
De acordo com Deco Ribeiro, diretor da Escola Jovem LGTB, o contrato de convênio, com validade de três anos, foi assinado no último dia 16 de dezembro. Ainda não há um local definitivo para a sua instalação. "Estamos em uma corrida para acertar tudo até o início das atividades", disse.
Segundo ele, a unidade em Campinas é a primeira do gênero no Brasil e a segunda na América Latina. Nos Estados Unidos existem várias unidades. Ribeiro disse que a intenção também é a de combater a homofobia e colocar em discussão a temática da população gay que, em geral, não é veiculada em currículos de estabelecimentos de ensino tradicional. "Sabemos que muitos alunos deixam de estudar por puro preconceito." Sendo assim, diz ele, a escola dará um suporte no sentido de auto-aceitação do individuo através de cursos voltados às artes. "Os mais conservadores estão de cabelos em pé, já recebemos muitas mensagens nesse sentido como também muitos incentivos de pessoas querendo lecionar ou serem voluntárias. Acho que vai ser muito bom", completou.
Os interessados podem entrar em contato com a direção da escola pelo endereço eletrônico escola@e-jovem.com.
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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

Considero a ação interessantíssima. Sou favorável a toda e qualquer inciativa que beneficie a população GLBT, especialmente os mais jovens e os idosos GLBT. Só não podemos cair na armadilha de pensar que o problema da homofobia na educação acaba através da criação de escolas especiais para homossexuais. TODA e QUALQUER escola precisa aprender a receber e educar os GLBT que procurarem os seus serviços.
Se até mesmo as crianças com necessidades especiais estão sendo inseridas em turmas convencionais, por que deveríamos fazer o movimento inverso no que diz respeito aos GLBT que não são pessoas com necessidades especiais, mas simplesmente PESSOAS? Acredito que suas necessidades, aspirações, idéias, etc, devem ser naturalmente abordadas como as de qualquer outra pessoa. E isso pode enriquecer até mesmo aqueles que não são GLBT e que participam do processo.
Contudo, acredito que uma escola voltada para o público GLBT tem seus méritos. Os GLBT ficarão mais à vontade para discutirem seus assuntos, aprenderem uns com os outros sobre as dinâmicas da vida, poderão ser educados para uma cidadania plena e para batalhar por uma sociedade livre de homofobia, etc. Contudo, as escolas convencionais (públicas ou privadas) deveriam ser igualmente capazes de fazerem isso. Se não o são, isso atesta contra a competência pedagógica e social destas mesmas escolas.
Desejo sucesso ao trabalhadores que tiveram a heróica coragem de dar início a esse projeto. Parabéns pelo empenho!!!
Aos GLBT interessados, eis aí o e-mail da escola. Entrem em contato e esclareçam suas dúvidas. :)
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