
Militar gay é afastado por ter mantido caso com subordinado Tenente-coronel foi reformado por decisão do STM. Tudo apenas por conta de relacionamento gay
12/03/2010 - 11h23
Por : Irving Alves
Um tenente-coronel do Exército foi aposentado nesta quinta-feira, 11, por decisão do Superior Tribunal Militar. O que levou à aposentadoria do militar foi um relacionamento homossexual que Osvaldo Brandão Sayd manteve com um subordinado fora do ambiente militar, caso interpretado pelo STM como quebra de decoro. Os ministros votaram por afastar o tenente-coronel com sete votos a três.
Na visão do ministro José Américo, relator do processo, a decisão de reformar o militar não é uma represália à sua orientação sexual, mas se justifica porque o affair "denegriu" as Forças Armadas brasileiras. "A opção sexual não há de ser recriminada, mas excessos têm de ser tolhidos para o bem da unidade militar. Não se pode permitir liberalidade a ponto de denegrir o instamento militar".
O depoimento do militar com quem Brandão Sayd manteve relações sexuais parece ter sido decisivo para o veredito. O soldado contou que cedia às investidas do tenente-coronel porque tinha medo. "Sendo o tentente-coronel meu chefe, ele poderia não me dar engajamento. Meu sonho sempre foi ascender nas Forças Armadas".
Mas para a ministra Maria Elizabeth Teixeira Rocha, revisora do processo, o afastamento de Brandão Sayd é sim, por conta de sua orientação sexual. Ela ressaltou que os dois militares se encontravam na casa do tenente-coronel, ou seja, fora da administração militar. Em sua visão, a questão só deveria dizer respeito aos dois envolvidos. "
O fato de o tenente-coronel ter tido relações sexuais com um subordinado fora da administração militar é comportamento que diz respeito apenas a uma questão pessoal, de foro íntimo, não afetando as Forças Armadas". Com relação ao depoimento do subordinado, a ministra considerou que ele tem, por lei, direito de mentir ou de permanecer calado para evitar produzir provas contra si mesmo. "
Afastar alguém das fileiras das Forças Armadas em virtude de sua orientação sexual é promover o discurso do ódio, quando é dever do Estado coibi-lo", disse. A decisão do STM veio um dia depois de o nosso Senado ter aprovado a indicação do general Raymundo Nonato Cerqueira Filho para um cargo no STM. Cerqueira Filho é aquele contrário à presença de gays nas Forças Armadas.
Fonte: Mix Brasil
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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO
Deixemos de lado a idéia de que ambos os homens envolvidos nesse caso de amor sejam militares. Vamos abstrair esse dado por um momento. Agora, digam com sinceridade: Pode uma instituição, qualquer que seja ela, dizer por quem o indivíduo deve se apaixonar; com quem deve se relacionar; qual vai ser o seu cônjuge??? Agora, aplique isso às Forças Armadas. Por que é que uma instituição militar vai arbitrar sobre isso? A função das Forças Armadas não é proteger e servir. Então, desde que seu contingente esteja comprometido em proteger e servir à nação e ao governo escolhido por essa nação, quem-ama-quem é um assunto que não interessa.
Quando leio ou vejo notícias sobre tribunais militares ou altas patentes do comando se envolvendo nesse tipo de discussão, investigação, acusação, julgamento, fico pensando: Será que essa gente tão bem paga não tem nada mais para fazer além de ficar fiscalizando a vida sexual de seus subordinados? Isso é tão sintomático...
Vale lembrar o que Leonard Matlovich disse quando foi expulso das Forças Armadas nos
EUA, depois de servir em campo de batalha, inclusive: "Quando eu era militar, me deram uma medalha por matar dois homens e me dispensaram por amar um."



Leonard Matlovich morreu em 22 de junho de 1988, apenas um mês antes de seu 45 aniversário, devido à complicações por causa do HIV/AIDS. A frase acima citada foi posta em sua tumba como memorial para todos os veteranos gays. Sua tumba no Congressional Cemetery está no mesmo corredor que a do diretor do FBI J. Edgar Hoover.
É realmente espantoso que em pleno século 21 alguém seja expulso do exército por causa de uma relação com outro oficial. É muita hipocrisia deste tal general afirmar que não foi por causa da orientação sexual dos envolvidos, é claro que foi. Ações desse tipo só serão banidas de qualquer tipo de instituição quando o governo conceder aos gays direitos iguais ao héteros, criminalizando definitivamente a homofobia e combatendo efetivamente o preconceito e a discriminação em todas as esferas da sociedade. Só assim começaremos a ser respeitados e ouvidos.
ResponderExcluirAbraços, Guilherme
Seu comentário foi perfeito, Guilherme!!! Assino embaixo!
ResponderExcluirObrigado por enriquecer esse blog!
Abraço grande,
Sergio Viula
Para mim o problema da homofobia fica pior nas Forças Armadas. Apesar do fascínio que aqueles órgãos obscuros exercem no país, não precisa ter bola de cristal para saber os variados abusos, os casos de corrupção, a ingerência, o ufanismo, o dogmatismo e até a conspiração política que elas aos montes possuem, mas que no entanto contam com panos quentes pelos detentores do poder.
ResponderExcluirJá falei mal dessas instituições várias vezes em minha página e essa notícia só me dá mais convicções. Abaixo as Forças Armadas e sua hipocrisia moral, descente, política, e os seus eufemismos para roubarem dos individuos a liberdade, o corpo, a integridade dele e até a vida para fins de terceiros.
Corajosas colocações, Well Bernard! Obrigado pela sinceridade do comentário que chega a ser um desabafo.
ResponderExcluirAbraço forte, querido!
Sergio Viula