Juiz anula primeiro casamento gay da América Latina

Casamento anulado, mas a luta continua: a história de Alejandro Freyre e José di Bello na Argentina


Os argentinos Alejandro Fryre e José Bello haviam se casado em dezembro de 2009
Foto por Reuters


Publicado em 15/04/2010
Blog Fora do Armário


Em dezembro de 2009, a América Latina testemunhou um marco histórico: os argentinos Alejandro Freyre e José María di Bello se tornaram o primeiro casal homoafetivo a se casar oficialmente na região. A cerimônia aconteceu na cidade de Ushuaia, capital da província da Terra do Fogo, após uma longa batalha jurídica.

Mas nesta quinta-feira (15), esse símbolo de conquista foi atingido por um retrocesso: o juiz argentino Marcos Meillien anulou o casamento. A justificativa? O Código Civil do país ainda não contempla a união entre pessoas do mesmo sexo. A decisão judicial, baseada nesse argumento legal, declara o casamento como “inexistente”, um golpe duro para o casal e para os avanços dos direitos civis na região.

A própria governadora da província, Fabiana Ríos, havia autorizado a cerimônia. E sua equipe não escondeu a surpresa com a anulação. Eleonora de Maio, secretária Legal e Técnica da província, declarou:

“Realmente nos surpreende isso e a forma na qual atuou a Justiça. Temos que ver os termos da sentença e analisar a possibilidade de tramitar algum recurso.”

Freyre e di Bello já haviam tentado se casar em Buenos Aires, mas enfrentaram barreiras institucionais. Foi apenas na Terra do Fogo que encontraram uma brecha de esperança — esperança essa que agora foi, pelo menos temporariamente, frustrada.


Comentário deste blogueiro:

A Argentina está diante de uma encruzilhada histórica: pode optar por um futuro de cidadania plena, com igualdade real entre todas as pessoas, ou pode continuar alimentando desigualdades sociais, políticas e jurídicas que já duram gerações.

A decisão do juiz não apaga o que Alejandro e José simbolizam: coragem, amor e resistência. Mas ela serve como lembrete gritante de que os direitos da população LGBTQIA+ ainda são extremamente frágeis quando não estão protegidos por uma legislação clara, justa e igualitária.

Enquanto isso, seguimos lutando. Porque nenhum juiz pode anular o amor — e muito menos deter o avanço da história.

🌈 Fora do Armário
Por direitos iguais, sem exceções.

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