
Blog Fora do Armário
Em dezembro de 2009, a América Latina testemunhou um marco histórico: os argentinos Alejandro Freyre e José María di Bello se tornaram o primeiro casal homoafetivo a se casar oficialmente na região. A cerimônia aconteceu na cidade de Ushuaia, capital da província da Terra do Fogo, após uma longa batalha jurídica.
Mas nesta quinta-feira (15), esse símbolo de conquista foi atingido por um retrocesso: o juiz argentino Marcos Meillien anulou o casamento. A justificativa? O Código Civil do país ainda não contempla a união entre pessoas do mesmo sexo. A decisão judicial, baseada nesse argumento legal, declara o casamento como “inexistente”, um golpe duro para o casal e para os avanços dos direitos civis na região.
A própria governadora da província, Fabiana Ríos, havia autorizado a cerimônia. E sua equipe não escondeu a surpresa com a anulação. Eleonora de Maio, secretária Legal e Técnica da província, declarou:
“Realmente nos surpreende isso e a forma na qual atuou a Justiça. Temos que ver os termos da sentença e analisar a possibilidade de tramitar algum recurso.”
Freyre e di Bello já haviam tentado se casar em Buenos Aires, mas enfrentaram barreiras institucionais. Foi apenas na Terra do Fogo que encontraram uma brecha de esperança — esperança essa que agora foi, pelo menos temporariamente, frustrada.
Comentário deste blogueiro:
A Argentina está diante de uma encruzilhada histórica: pode optar por um futuro de cidadania plena, com igualdade real entre todas as pessoas, ou pode continuar alimentando desigualdades sociais, políticas e jurídicas que já duram gerações.
A decisão do juiz não apaga o que Alejandro e José simbolizam: coragem, amor e resistência. Mas ela serve como lembrete gritante de que os direitos da população LGBTQIA+ ainda são extremamente frágeis quando não estão protegidos por uma legislação clara, justa e igualitária.
Enquanto isso, seguimos lutando. Porque nenhum juiz pode anular o amor — e muito menos deter o avanço da história.
🌈 Fora do Armário
Por direitos iguais, sem exceções.
o mundo gira e acaba no mesmo lugar
ResponderExcluirSe pelo menos girasse em espiral ascendente...
ResponderExcluirVlw, Serginho!
Abraço,
Sergio Viula