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Linguagem neutra não-binária (trecho de uma live)

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 Por Sergio Viula Esse é um trecho de uma live feita com @Sviula a convite de @carolina_carolino no perfil das @carolinas_da_borborema no Instagram em 07/04/24. Esse é apenas um trecho da nossa conversa e se refere ao uso da linguagem neutra não-binária. A live completa pode ser vista aqui: https://www.instagram.com/reel/C5en-hhvjuq . Nessa live, além de linguagem não binária, discutimos a falsamente chamada "cura gay", o Movimento LGBT+ no Brasil, temas relacionados à orientação sexual e identidades de gênero.  O trecho abaixo é apenas um recorte da live, mas considero que seja muito interessante e relevante para as diversas discussões sobre linguagem neutra na atualidade. Confira e siga o perfil dos participantes no Instagram. Carolina Carolino e Sergio Viula 07/04/24 Instagram: @carolinas_da_borborema

Alan Chambers, presidente da Exodus: Sinto muito

Sinto muito
Exodus Blog / I Am Sorry

JUNE 19, 2013 BY ALAN CHAMBERS



Três anos atrás, Leslie e eu começamos uma conversa bem pública com Lisa Ling do Our America, da Oprah Winfrey Network (OWN), a respeito de alguns das nossas crenças mais profundas sobre o Cristianismo e a comunidade LGBT.  Hoje, decidimos levar essa conversa pública ainda mais longe. Ao mesmo tempo em que essa conversa pode ter – e continuar tendo – respostas diferentes da parte de nossos apoiadores e críticos, é nosso desejo seguir com essas discussões honestas, na esperança de chegar a um lugar de paz.

Vários meses atrás, essa conversa me levou a telefonar para Lisa Ling a fim de dar outro passo nessa jornada tumultuada.  Eu perguntei se ela, novamente, nos ajudaria a acrescentar à história que se desenrolava, fazendo a cobertura do meu pedido de desculpas às pessoas que foram machucadas pela Exodus International.  Nosso ministério tem sido público e, portanto, qualquer reconhecimento de erro também tem que ser público.  Não fui sempre o líder da Exodus, mas sou agora e alguém tem que finalmente assumir e reconhecer as feridas dos outros. Faço isso com ansiedade, mas voluntariamente.

É estranho ser alguém que foi ferido pelo tratamento da igreja à comunidade LGBT, e também ser alguém que precisa se desculpar por ser parte do mesmo sistema de ignorância que perpetuou aquele sofrimento. Hoje, é como se eu tivesse acabado de acordar para um grande senso de quão doloroso é ser um pecador nas mãos de uma igreja com raiva.

Também é estranho ser, em grande medida, um sem-casta tanto em relação à comunidade gay quanto à comunidade cristã. Uma vez que eu não concordo completamente com as vozes da maioria em ambos os grupos, estou criando um novo lugar de serviço em paz e através de ambas, eu provavelmente continuarei como um forasteiro em alguma medida. Imagino que isso seja muito parecido com um homem a quem ouvi recentemente falando numa conferência da qual participei, o Padre Elias Chacour, Arcebispo da Igreja Católica Melquita de IsraelEle é um cristão árabe, palestino por nascimento, e cidadão de Israel – para falar de uma contradição ambulante.  Quando eu penso na tensão da minha situação, eu me sinto confortado pela lembrança dele.

Meu desejo é alinhar-me completamente com Cristo, suas Boas Novas para todos, e sua oferta de paz no meio das tempestades da vida, minha esposa Leslie e minhas crenças centrais a respeito da graça, da obra consumada de Cristo na cruz e de sua oferta de relacionamento eterno com toda e qualquer pessoa que crer. Nossas crenças não se centram sobre o “pecado,” porque o “pecado” não está no centro de nossa fé. Nossa jornada não diz respeito a negar o poder de Cristo para fazer qualquer coisa – obviamente, ele é Deus e pode fazer qualquer coisa.

Com isso, aqui está uma versão expandida do pedido de desculpas que eu apresentei durante minha recente entrevista com Lisa Ling às pessoas dentro da comunidade LGBTQ, as quais têm sido machucadas pela Igreja, pela Exodus International, e por mim.  Imagino que alguns dentro das comunidades às quais peço perdão dirão que eu não tenho o direito, como homem, de fazer isso em nome delas. Mas se a Igreja é um corpo, com muitos membros conectados ao todo, então eu creio que o que um de nós faz certo, todos fazem certo, e o que um de nós faz errado, todos nós fazemos errado. Erramos, e eu me junto a muitos outros que agora reconhecem a necessidade de um pedido de perdão e de consertar as coisas.  Eu acredito que esse pedido de desculpas – ainda que imperfeito – é o que Deus, o Pai, quer que eu faça.

Aos Membros da Comunidade LGBTQ:

Em 1993 eu causei o engavetamento de quarto carros. Na pressa para chegar à casa de um amigo, eu estava dirigindo quando uma abelha começou a zumbir do lado de dentro do meu para-brisa. Eu bati na abelha e ela caiu sobre o painel. Um minuto depois, ela começou a zumbir de novo furiosamente. Tentando acerta-la de novo, eu deixei de ver que um ônibus urbano havia parado três carros à minha frente.  Eu também deixei de ver aqueles três carros parando. Dirigindo a 65 km por hora, eu bati contra o carro à frente, causando uma reação em cadeia. Eu me machuquei e várias outras pessoas também.  Eu nunca pretendi que o acidente acontecesse. Eu nunca teria machucado ninguém, conscientemente, mas machuquei. E a culpa foi minha. Na minha pressa para chegar ao meu destino, medo de ser ferroado por uma estúpida abelha, e distração egoísta, eu feri outros.

Não tenho a menor ideia se alguma daquelas pessoas feridas naquele acidente sofreu efeitos em longo prazo. Apesar de não querer machucar ninguém, eu o fiz. O fato de meu coração não ter sido malicioso não diminui a dor delas ou seu sofrimento. Sinto muito por ter escolhido me distrair naquela tarde de outono, e ter causado tanto dano às pessoas e à propriedade privada. Se eu pudesse fazer tudo retroceder, eu o faria, mas não posso. Oro para que todos os envolvidos na batida tenham sido restaurados em sua saúde.

Recentemente, eu comecei a pensar de novo sobre como me desculpar com as pessoas que foram feridas pela Exodus International através de alguma experiência ou por alguma mensagem. Ouvi muitas histórias em primeira mão de pessoas chamadas sobreviventes ex-gays. Histórias de pessoas que foram aos ministérios afiliados à Exodus ou ministérios de ajuda, mas que só experimentaram mais traumas. Ouvi histórias de vergonha, má conduta sexual, e falsa esperança. Em cada caso que foi trazido à minha atenção, houve ação rápida para a remoção desses líderes e/ou organizações. Mas, raramente, um pedido de desculpas ou reconhecimento público da minha parte. 

E então há o trauma que eu causei. Foram vários anos em que eu convenientemente me omiti a respeito da minha constante atração pelo mesmo sexo. Eu tinha medo de compartilhar isso tão pronta e facilmente como o faço hoje. Isso me trouxe tremenda vergonha, e eu escondi tudo isso na esperança de que um dia essa atração fosse embora. Olhando para trás, parece tão estranho que eu tenha pensado que pudesse fazer algo para detê-la. Hoje, porém, eu aceito esses sentimentos como parte da minha vida, os quais provavelmente estarão sempre lá. Os dias de sentimentos de vergonha por ser humano dessa maneira não existem mais, e eu sinto-me livre, simplesmente aceitando-me assim como o fazem minha esposa e família. Como meus amigos o fazem. Como Deus o faz.

Nunca em um milhão de anos, eu machucaria alguém intencionalmente. Todavia, aqui me encontro tendo machucado tantos por falhar em reconhecer a dor que alguns afiliados à Exodus Internacional causaram, e por falhar em compartilhar a verdade completa sobre minha própria história. Minhas boas intenções importam muito pouco e não reduzem a dor e a mágoa que outros experimentaram me observando. O bem que fizemos na Exodus é ofuscado por tudo isso.

Amigos e críticos igualmente têm dito que não é suficiente simplesmente mudar nossa mensagem no website. Concordo. Eu não posso simplesmente seguir adiante e fingir que sempre fui amigo que anseio em ser um dia. Eu entendo por que sou desacreditado e por que a Exodus é odiada. 

Por favor, saibam que sinto profundamente. Sinto muito pela dor e mágoa que alguns de vocês experimentaram. Sinto muito que alguns de vocês tenham gastado anos trabalhando entre a vergonha e a culpa que sentiam quando a atração não mudava. Sinto muito que tenhamos promovido esforços para mudança de orientação sexual e teorias reparativas que estigmatizaram pais. Sinto muito que tenha havido momentos em que eu não me opus publicamente às pessoas “do meu lado,” as quais chamavam vocês por nomes como sodomitas – ou pior. Sinto muito que eu, conhecendo alguns de vocês tão bem, tenha falhado em compartilhar publicamente que as pessoas gays e lésbicas que eu conheço eram tão capazes de serem pais quanto às pessoas heterossexuais que eu conheço. Sinto muito que quando eu celebrava a vinda de uma pessoa a Cristo e a rendição de sua sexualidade, eu estivesse celebrando insensivelmente o final de relacionamentos que arrasariam seu coração. Sinto muito que eu tenha comunicado que vocês e suas famílias sejam menos do que eu e a minha. 

Mais do que tudo, sinto muito que eu tenha interpretado essa rejeição religiosa da parte de cristãos como uma rejeição da parte de Deus. Sinto profundamente que muitos tenham se afastado da fé e que alguns tenham escolhido pôr fim às suas vidas. Pelo resto da minha vida, eu não proclamarei nada menos que a verdade integral do Evangelho, o da graça, misericórdia e convite aberto a todos para que entrem num relacionamento inseparável com o Deus todo-poderoso.
Não posso me desculpar por minhas crenças bíblicas mais internalizadas sobre os limites que eu vejo na escritura a respeito do sexo, mas exercerei minhas crenças com grande cuidado e respeito por aqueles que não as compartilham. Não posso me desculpar por minhas crenças sobre o casamento, mas não há qualquer desejo de lutar contra vocês em suas crenças ou contra os direitos que buscam. Minhas crenças sobre essas coisas nunca interferirão na ordem de Deus para amar meu próximo como amo a mim mesmo.   

Vocês nunca foram meus inimigos. Sinto muito ter sido inimigo de vocês. Espero que mudanças na minha própria vida, assim como aquelas que anunciamos essa noite a respeito da Exodus International, tragam resolução, e mostrem que falo sério tanto sobre meu arrependimento como sobre minha oferta de amizade. Prometo que esforços futuros serão focados na paz e no bem comum.

Avançando, serviremos em nossa cultura pluralista, abrigando conversas cheias de consideração e segurança sobre gênero e sexualidade, enquanto mantemos parcerias com outros para reduzir o medo, inspirar esperança, e cultivar a prosperidade humana.

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