De onde vem o ódio de cristãos fundamentalistas contra os homossexuais e outros indivíduos que escapam à heteronormatividade?
Respondendo uma pergunta no Facebook.
Escrito por Sergio Viula
06/11/14
Não
acredito numa causa única para a homofobia dos chamados cristãos
conservadores que usam a Bíblia para legitimar suas ideias sobre a
“pecaminosidade” da homossexualidade ou das relações homossexuais em si. Penso
que seja um conjunto.
Vejamos algumas pistas:
O cristianismo nasce no Oriente Médio, região que
durante séculos via
nas relações
sexuais entre pessoas do mesmo sexo tanta sacralidade quanto a que enxergava
nas relações entre
pessoas de sexos diferentes, ao ponto de realizarem cultos aos deuses mesopotâmicos que
incluíam sexo
ritual tanto numa modalidade como na outra. Vale lembrar que relações sexuais
entre pessoas do mesmo sexo eram encaradas com mais ou menos naturalidade em
outras regiões também, como na África, na Ásia, nas Ilhas do Pacífico e na
Europa.
Foi com o advento do judaísmo que diversas práticas
religiosas dos povos que viviam ao redor dos judeus começaram a
ser consideradas abomináveis (extremamente odiosas). Muita coisa foi incluída nesse pacote: culto a outros deuses; comer carne crua; usar roupas com mais de
um tipo de tecido; fazer cicatrizes no corpo, inclusive tatuagens; representar
qualquer coisa ou pessoa no céu, na terra ou debaixo da terra (de aves a minhocas,
nada de arte); casamento com pessoas de outros povos; relações entre
homens (veja que não há qualquer proibição das relações entre
mulheres na lei mosaica, e o mesmo silêncio percorre todo o Velho Testamento), e
por aí vai.
Entre a criação do judaísmo como religião e o
surgimento do cristianismo como seita dele, passaram-se mais de três mil
anos. Imagine TRÊS MIL anos de doutrinação anti-homossexual! Veja que a
palavra que eu uso (homossexual) nem existia naquela época, como também não existia
QUALQUER palavra para definir a relação sexual entre dois homens, e por
isso mesmo, Moisés usou uma analogia para representar essa relação: “deitar
com outro homem como com mulher”.
Veja o versículo:
“Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher,
ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre
eles.” (Levítico
20:13).
Aqui, pode surgir o seguinte questionamento:
“E a palavra sodomita? Ela
não aparece no Velho Testamento?”
Sim. A palavra sodomita surge em escrito posterior a esse, precisamente no
livro de Deuteronômio, que muitos duvidam que tenha sido escrito por
Moisés, só
para começo de conversa. Basta dizer que o livro inclui até a morte do legislador e a sucessão de Josué como líder.
Mas, vamos lá: O livro de Deuteronômio usa a palavra sodomita para
se referir à
prostituição masculina. O nome sodomita significava originalmente: nascido em
Sodoma. Assim como Israelita significava nascido em Israel. Depois, o termo
passou a ser associado à prostituição masculina. Só mais tarde, passou
a ser aplicado a qualquer pessoa que fizesse sexo com outra pessoa do mesmo gênero,
ainda que sem pagamento. Isso se explica pelo fato de que as pessoas vão
ampliando, reduzindo, ou seja, modificando o modo como uma mesma palavra é aplicada.
Algumas até desaparecem, dando lugar a outras. Isso é um fenômeno de
qualquer língua.
Veja o que diz Deuteronômio:
“Não haverá
prostituta dentre as filhas de Israel; nem haverá sodomita dentre os filhos de
Israel. Não trarás o salário da prostituta nem preço de um
sodomita à casa do
Senhor teu Deus por qualquer voto; porque ambos são igualmente abominação ao Senhor
teu Deus.” (Deuteronômio 23:17,18). Grifo meu.
Basicamente, o problema dos judeus com a relação
homossexual era a prostituição, já eles não tinham o menor problema com a
relação
heterossexual, mas reprovavam a prostituição entre um homem e uma mulher de qualquer modo.
Vejam que eles colocaram repetidamente as duas juntas: a prostituição
masculina (neste caso, um prostituto atendendo homens) e a prostituição
feminina (aqui pensada como uma prostituta atendendo homens).
Esse costume de povos não judeus, de associar sexo a rito religioso, vai
caracterizar diversos momentos da história religiosa dos próprios judeus.
Vejamos o que aconteceu durante muitos anos no templo de Jeová, o deus dos
judeus.
Como qualquer povo, 0s israelitas sincretizaram sua religião com as
religiões ao
redor. É fácil entender o processo. Basta olhar para o Brasil com sua mistura
de catolicismo e religiões africanas, por exemplo. Ou de igrejas
neopentecostais com superstições populares como olho grande.
O que aconteceu exatamente no templo de Jeová, então?
Os judeus passaram a cultuar Aserá, uma deusa mãe, também chamada de Rainha do Céu (faz lembrar alguém?). Pois bem, mulheres e homens
que faziam sexo com outros homens participavam de seu culto desde sempre, e
quando a deusa foi agregada ao templo de Jeová, lá estavam os dois de novo: homens e
mulheres que faziam prostituição ritual preparando suas oferendas, roupas, etc. As coisas ficaram mais complicadas para eles com o nascimento de um novo rei.
Josias, rei de Judá (nesta época separada do restante de Israel), depois de ser
instruído pelo
sacerdote Hilquias, um conservador e literalista da lei mosaica, reorganizou a
religião israelita
em seu domínio. Ele destruiu os altares que os reis anteriores haviam construído sobre
as colinas, derrubou os ídolos e destituiu sacerdotes que não era
levitas. Agora, vejam quem ele encontrou no templo de Jeová a serviço de Aserá, sua
rival!!! Mulheres e sodomitas:
“Também
derrubou as casas dos sodomitas que estavam na casa do Senhor, em que as
mulheres teciam casinhas para o ídolo do bosque”. (2 Reis 23:7)
É preciso manter em mente que Moisés deu a
Jeová uma feição
absolutamente machista, quando instituiu o culto judaico. Se havia uma ‘coisa’
que Jeová não
tolerava era mulher servindo no templo, especialmente prostituta. Homens que
faziam o mesmo eram tratados com igual desprezo.
Volto a dizer: TRÊS MIL ANOS de ódio religioso ao adorador de
outros deuses, que muitas vezes incluía a relação sexual
ritual com outros homens, só podia terminar mal. E isso tudo antes de Cristo.
De repente, Jesus entra em cena. Entre outros comportamentos
questionáveis para os sacerdotes e professores da lei mosaica, estava o fato de
que esse rabino andava com prostitutas. Isso, por si só, já se
constituía numa quebra de paradigma extraordinária. Além de andar com elas e
trata-las com a mesma dignidade com que se tratava uma virgem, ele nunca disse uma
só palavra
contra os tais temidos “sodomitas”. Nem mesmo abordou as relações típicas de
gregos e romanos com outros homens. Nunca associou tais relações à ideia da
prostituição ritual masculina, como fizeram seus antecessores. Na Grécia, as
relações entre
homens e mesmo entre mulheres tinham outro perfil, muito mais ligado à
transmissão de
conhecimento, à
camaradagem e à
fidelidade entre os dois amantes. Jesus NUNCA disse uma só palavra
sobre pessoas que amam pessoas do mesmo sexo, apesar de estar cercado de pessoas
assim, principalmente agora que Israel estava sob o comando de Roma. Vale lembrar que o domínio de Roma sobre Israel começou em 63 A.C. Portanto, quando Jesus começou seu ministério, aos trinta anos de idade, a dominação romana já contava com cerca de 100 anos. Não há dúvida de que os amores masculinos fossem bem conhecidos dos obtusos judeus daquele tempo.
O episódio do oficial romano que roga por
seu servo é emblemático, porque é bem possível que o
servo do Centurião romano a quem Jesus teria acudido (abstraíamos a
ideia de milagre se quisermos) fosse seu amante. A história
registrada em Lucas, capítulo 7, é a seguinte:
Um centurião
(comandante de 100 homens, daí o termo centurião) mandou criados pedirem a Jesus
que curasse seu servo que estava doente e moribundo. A passagem diz que o servo
era muito estimado pelo centurião. Pois bem, por que um homem romano e poderoso
estaria preocupado com um escravo a ponto de sofrer diante da possibilidade de
perdê-lo para
a morte? Eles eram homens habituados a ver gente morrer; matavam sem dó. Escravo
era apenas um bem que podia ser substituído. Alguns morriam até por causa dos
castigos que recebiam da parte de seus senhores. Por que tanta comoção ao ponto
de mandar outros escravos pedir ajuda? Há intérpretes
que veem nessa passagem um caso típico de amor entre dois homens no
estilo greco-romano, ou seja, quando há uma relação de amor entre mentor e
discípulo, ou entre senhor e escravo. Se essa interpretação estiver
correta, essa relação está muito além do conceito de ‘sodomia’ divulgado pelo livro de Deuteronômio, ou seja, o da prostituição masculina. O pedido do centurião seria é uma genuína
declaração de
amor: O amante sofrendo pelo amado e procurando seu bem-estar.
Segundo a passagem, Jesus curou o
servo.
De novo, se está correta a interpretação, Jesus avalizou a relação. Caso
contrário,
teria dito: “Estou colocando fim a essa putaria hoje. Ele vai morrer.” Muito diferentemente, a passagem diz
que Jesus elogiou a fé do romano:
“Digo-vos que nem ainda em Israel
tenho achado tanta fé.” (Lucas 7:9)
Posso imaginar Moisés se revirando
no túmulo e
dizendo: Como pode um gentio ser considerado mais justo que um judeu, ainda
mais quando ama outro homem “como se fosse mulher”? (sic) Onde você está com a
cabeça, Jesus? Ah, se fosse no meu tempo, tu já estarias debaixo de um monte de
pedras, seu filho duma...
Mas, Jesus não viu problema
nenhum nisso.
Chupa essa manga, Moisés!!!
Ignorando a postura de Jesus,
Paulo, que não era
nada liberal como alguns pensam, mas um típico legalista, retomou os antigos preconceitos mosaicos. O grande problema de Paulo, como se vê em suas epístolas, era com
a circuncisão.
Não sei que
estrago fizeram os sacerdotes no pau dele, mas o cara simplesmente odiava a
ideia de cortar a pele do prepúcio como sinal da aliança entre Jeová e Israel,
chegando a dizer aos cristãos da Galácia o seguinte:
“Eis que eu, Paulo, vos digo que,
se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará.” Gálatas 5:2
O problema é que o próprio
Jesus fora circuncidado ao oitavo dia de nascido:
“E, quando os oito dias foram
cumpridos, para circuncidar o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo
anjo lhe fora posto antes de ser concebido.” (Lucas 2:21)
Assim, Paulo – que odiava a
circuncisão, mas
não parava de reforçar diversos outros pontos da lei, mesmo dizendo que o fim da lei é Cristo – também escreveu contra a prostituição ritual
masculina.
Portanto, a passagem que tantos fundamentalistas gostam de usar para falar do
que conhecemos atualmente como o amor entre dois homens é apenas mais um ataque à
prostituição e à idolatria.
Na referida passagem, ele fala das mulheres também, mas novamente não é
sobre as lésbicas. Ele não fala de mulheres que transam com mulheres. Ele fala
de mulheres que mudaram o uso natural (da vagina), no contrário à natureza
(o ânus e a
boca). Para os judeus da época, todo o sexo que não fosse pênis na
vagina, mesmo sendo entre homem e mulher (como oral ou anal), era contrário à
natureza, mas tudo por uma preocupação sem fundamento científico sobre o sêmen. Isso pode explicar a invisibilidade lésbica na cena - o que não foi de todo ruim, uma vez que não há registro de mulheres sendo mortas por causa de suas relações nessa época. Pelo contrário, os haréns eram muito provavelmente o melhor ambiente para a manifestação do amor lésbico, já que muitas dessas mulheres, que viviam juntas o tempo todo, raramente viam seus maridos. Basta imaginar o que acontecia no harém de Salomão, que supostamente teve 700 esposas e 300 concubinas. Ai, a família bíblica... Ai, a monogamia... Ele não foi o único a ter mais de uma mulher.
Mas, voltemos ao apóstolo que nunca andou com Jesus.
Paulo faz logo uma ponte entre a
mulher que dá a bunda
e os homens que aparentemente não viam mal algum, fosse em comer uma bunda feminina ou uma
bunda masculina. Isso fica claro aqui:
“Porque até as suas
mulheres mudaram o uso natural, no contrário à
natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso
natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros,
homens com homens”.
Veja que as mulheres teriam
apenas trocado de orifício, enquanto alguns homens teriam adotado parceiros, em
vez de parceiras. A passagem, porém, está novamente no contexto da idolatria, do culto à criatura (os ídolos), e dos rituais
não-judaicos.
Novamente, a preocupação primária era o “desperdício” do sêmen. O sêmen era a vida. A mulher
só o recebia e gerava.
Esses "doutores" em vida após a morte não tinham a mínima noção de como se dava a fecundação. Eles não imaginavam quantos milhões de
espermatozoides morrem em cada ejaculação, mesmo quando há fecundação.
Também não podiam sequer imaginar a existência de óvulos. A mulher era apenas um receptáculo; um vácuo onde o homem colocava a vida pronta para crescer. Eles nem sequer suspeitavam que fosse preciso haver a
combinação de cromossomos de ambos os parceiros para que a célula-mater pudesse ser formada e se transformar num ser humano de fato. Isso, se tudo corresse bem, é claro.
Por pensarem que
o sêmen continha uma “pessoinha” esperando para crescer no “vaso” feminino, é
que os escritores do Velho Testamento, seguidos pelos do Novo Testamento,
acreditavam que fosse pecado ejacular em qualquer outro lugar que não fosse
numa vagina preparada para gerar mais um filhinho de Abraão.
Por isso, nunca chamou a atenção desses
ignorantes o sexo entre mulheres, porque nenhuma das duas tinha sêmen para
desperdiçar. Já os homens que o fizessem podiam ser apedrejados até a morte.
O contexto da passagem é o
seguinte:
“Por isso também Deus os
entregou às
concupiscências de
seus corações, à imundícia, para
desonrarem seus corpos entre si; Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e
honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito
eternamente. Amém. Por isso Deus os abandonou às paixões
infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à
natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso
natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros,
homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que
convinha ao seu erro.” (Romanos 1:24-27)
A essa altura da história, os
judeus já haviam
internalizado a ideia de que as relações sexuais entre homens tinham um
vínculo
essencial com a idolatria, mas, na verdade, não tinham. Isso foi uma construção que
ignorava diversas outras evidências que indicavam serem comuns na natureza as relações entre indivíduos de
uma mesma espécie e de um mesmo sexo – o que, por si
só, já desbanca a ideia de haver alguma relação sexual que fosse ‘contra a
natureza’, enquanto outra fosse ‘de acordo com a natureza’.
Resumo da ópera: sexo
entre homens, entre mulheres ou entre homens e mulheres são igualmente relações
naturais.
Mas muita água rolou
por baixo da ponte.
Quando os pais da Igreja (os
primeiros bispos, tais como Tertuliano, Agostino de Hipona, Tomás de
Aquino, e outros) começaram a escrever sobre sexualidade, eles partiram de
seu já
pervertido ponto de vista. Sim, porque eles corromperam a visão naturalista para
impor uma moralidade ascética, indo contra tudo o que é
essencialmente terreno e natural. A homossexualidade não escapou
de ataques ainda mais acirrados.
Pedro Damião, em seu
livro Liber Gomorrhianus, que em português significa Livro de Gomorra,
publicado em 1049/1050 D.C. na Itália, denunciava abertamente os vícios do
clero da igreja romana, recomendando punições severas a esses membros do
clero. Entre os tais vícios, estava o sexo entre homens. Havia muitos outros "pecados",
mas este (o da "sodomia") permaneceu no imaginário da igreja como o mais abominável. Ora
se a “sodomia” (sic) era a causa da “desgraça” do clero, então parecia lógico ao homem comum e aos governantes que ela fosse uma desgraça para o resto da sociedade também.
Consequentemente, o ódio cresceu tanto que culminou em
prisão,
tortura e fogueira para os homens que amavam outros homens nos tempos da
Inquisição.
Ora, a mesma Igreja que, em seus
primórdios,
havia até
concedido bênçãos a
casais do mesmo sexo, seguindo o padrão vigente até o terceiro século
do nascimento de Jesus, agora ampliava o preconceito que o judaísmo havia
institucionalizado contra os "sodomitas", reforçado por Paulo, e meticulosamente
trabalhado pelos primeiros pais da Igreja e teólogos posteriores. Os povos,
culturas e sociedades dominados pelo pensamento eclesiásticos, seu domínio, ou
que se tornavam seus campos missionários não permaneceram
refratários – eles
começaram a
absorver todo esse ódio.
Governos, leis, política,
sistemas educacionais (que no Ocidente tiveram tudo a ver com a Igreja em seu
nascedouro) foram sendo perpassados por ideias cruelmente preconceituosas
contra pessoas gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis,
intersexuais – como as denominamos hoje. Atualmente, a sigla mais comum é LGBT, mas não é
completa. A sexodiversidade e a experiência humana de gênero é muito mais
complexa do que quatro letrinhas. O que interessa é que essa turma toda sempre
esteve aí, antes
mesmo que os primeiros caracteres hebraicos surgissem no mundo.
Com a Reforma, algumas coisas
mudaram, mas outras foram mantidas. O ódio às pessoas que amam pessoas
do mesmo sexo foi uma dessas coisas que ficaram. Só agora,
no que chamamos de pós-modernidade, é que as Igrejas Reformadas começaram a
pensar e praticar a inclusão LGBT em alguma medida.
Insatisfeitos com tão pouca
abertura, cristãos gays, lésbicas, bissexuais, travestis e
transexuais decidiram exercer seu direito à livre reunião e à
liberdade de culto, formando suas próprias comunidades, seguindo mais um
princípio da própria
Reforma Protestante – o de que todo cristão é um sacerdote, ou seja, o princípio do sacerdócio
universal dos crentes, e o de que todo cristão pode interpretar as escrituras
cristãs sem o auxílio do magistério da igreja. Duvido que qualquer um deles, seja católico, ortodoxo, reformado, pentecostal, neo-pentecostal, ou qualquer outro,
mesmo os mais doutos, consiga realmente interpretar perfeitamente o que quer
que seja na Bíblia, mas deixa como está por enquanto.
Esse fenômeno chamado “igrejas
inclusivas” tem atraído a atenção das demais igrejas, inclusive da católica que,
graças ao
Papa Francisco, começa a discutir uma possível abertura aos casais
homoafetivos e às famílias homoparentais. A discussão segue
acirrada, mas é um passo
notável
partindo de um papa, especialmente considerando-se a história de ódio e
perseguição que acompanha
a chamada santa madre igreja.
Por isso, não se pode
dizer que o preconceito do crente mediano tenha uma causa só. Diversos fatores estão interligados, ainda que nenhum deles
se sustente diante do mais suave escrutínio racional. São todos
meros e terríveis
preconceitos.
O cristão inteligente perceberá que não poderá servir
melhor a Cristo do que fazendo o mesmo que ele: acolher as pessoas que amam
pessoas do mesmo sexo, sem dizer uma palavra sequer de reprovação contra elas e
seus amores. Mais
do que isso: garantindo que o amor delas tenha espaço para se
realizar e se manter como no caso do centurião que, graças a Jesus, teve seu
servo amado poupado da morte, para viver ainda muito tempo de amor. Se Jesus tinha o
poder de curar, é outra história. O que importa é o que representa a inclusão
dessa passagem no cânon do Novo Testamento.
Muito interessante e muito esclarecedor. Resta saber se quem realmente precisa ler essa matéria, como está escrita aqui, será capaz de entendê-la. É muita informação e muita cultura junta. Isso dificulta a compreensão dos mais preconceituosos, que geralmente são os mais ignorantes, no sentido cultural da palavra. Pra mim a maior causa do preconceito, seja ele qual for, é a incapacidade de compreender as coisas a fundo. Esse texto deveria ser lido por todo fundamentalista homofóbico que usa a Bíblia e conhecimentos históricos descontextualizados para fundamentar o seu preconceito. O link a seguir mostra o preconceito infundado de pessoas como Bolsonaro. https://www.facebook.com/video.php?v=139277452909175&set=vb.130614307108823&type=2&theater
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