
GUIA PARA SER UM ALIADO DE PESSOAS LGBTQ+
(publicado por PFLAG - quem são eles? https://pflag.org/about-us/)
Rápida apresentação sobre a PFLAG antes da tradução do Guia Para Ser Um Aliado de Pessoas LGBTQ+:
PFLAG é uma sigla que originalmente significava:
Parents, Families, and Friends of Lesbians and Gays
(Pais, Famílias e Amigos de Lésbicas e Gays)
Com o tempo, porém, a organização expandiu seu escopo para incluir todas as identidades da comunidade LGBTQ+ (como pessoas trans, bissexuais, queer, não binárias, intersexo, entre outras). Por isso, mantiveram apenas a sigla “PFLAG” como nome oficial, sem mais usar o significado original por extenso, de forma a incluir e respeitar toda a diversidade.
Hoje, a PFLAG é a maior e mais antiga organização dos EUA dedicada a apoiar, educar e advogar por pessoas LGBTQ+ e seus entes queridos, com centenas de capítulos espalhados pelo país e impacto internacional.
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GUIA PARA SER UM ALIADO DE PESSOAS LGBTQ+
A exposição incrivelmente detalhada, honesta, direta,
brutalmente clara, chocantemente simples, maravilhosamente útil e espirituosa
sobre um tópico sobre o qual as pessoas frequentemente têm dúvidas, mas
realmente não deveriam, porque esta publicação convincente, aberta e direta ao
ponto (trocadilho absolutamente intencional) vai desmistificar o mundo secreto
das pessoas LGBTQ+ e será seu confiável
Guia para
Ser um Aliado
de Pessoas
LGBTQ+
Introdução
Que diferença quase duas décadas de revisões podem fazer.
Muita coisa mudou desde a primeira edição desta publicação —
então intitulada Guia para ser um aliado hétero — lançada em 2007. A
maneira como entendemos quem são os aliados e o que fazem para demonstrar apoio
à comunidade LGBTQ+ evoluiu. Nossas expectativas em relação aos aliados são
mais sutis e complexas. Esperamos que o aliado seja alguém que age, e
não apenas performa apoio.
Quer você esteja apenas começando e ainda tenha dúvidas,
quer já seja um aliado há anos, este guia foi feito para você. Porque
precisaremos da sua ajuda para construir um mundo justo, afetuoso e afirmador
para nossos amigos, familiares, vizinhos, colegas de classe, de trabalho e
muito mais da comunidade LGBTQ+. E embora o engajamento de aliados ainda não se
concentre em ativistas radicais ou “manutenção da paz”, a era da promessa do
“sem política” acabou. A comunidade LGBTQ+ está sob ataque, e vozes anti-igualdade
poderosas estão trabalhando duro para destruir os avanços que conquistamos. Os
aliados precisam aparecer — nas reuniões de conselhos escolares, nas
prefeituras, nas assembleias legislativas, em Washington DC, nas urnas e, às
vezes, nas ruas.
Tem dúvidas? Estamos aqui para isso. Esta quinta edição do
nosso guia para aliados (2025) reflete muito do progresso que a comunidade fez,
das lições que aprendemos e das conversas importantes que ainda precisamos ter.
E, como sempre, estamos muito felizes por você estar aqui.
SAIBA MAIS
Fundada em 1973, a PFLAG é a primeira e maior
organização dedicada a apoiar, educar e advogar por pessoas LGBTQ+ e seus entes
queridos. Saiba mais sobre a PFLAG National e nosso trabalho em pflag.org.
Straight for Equality é um programa nacional de
educação e mobilização criado em 2007 pela PFLAG National para convidar, educar
e engajar aliados fora do círculo familiar na luta pelos direitos humanos das
pessoas LGBTQ+. Saiba mais em straightforequality.org.
CAPÍTULO UM:
COMPREENDENDO O BÁSICO
Lésbica, gay, bissexual,
transgênero, queer, em questionamento,
e outras identidades
Para alguns novos e potenciais aliados, aprender sobre as
complexidades da orientação sexual, identidade de gênero, expressão de gênero e
todas as palavras que as pessoas usam para falar sobre como vivenciam a atração
e o gênero (ou não vivenciam) pode parecer como aprender um idioma
completamente novo. É por isso que a PFLAG National e seu programa Straight for
Equality estão aqui para ajudar.
LIGUE PARA UM AMIGO
Se você encontrar uma palavra que não conhece ou da qual não
tem certeza, ter uma ferramenta como o Glossário Nacional da PFLAG pode
ser muito útil para aumentar sua confiança como aliado. Embora achemos que pflag.org/glossary seja um
ótimo lugar para começar, encorajamos você a encontrar o recurso que funcione
melhor para você.
Seja uma ferramenta semelhante de outra organização LGBTQ+,
um livro como The Queen’s English: The LGBTQIA+ Dictionary of Lingo &
Colloquial Phrases de Chloe O. Davis, ou algo de sua escola ou local de
trabalho, a ferramenta que você lembrar e recorrer é a que recomendamos.
Orientação Sexual
Quando falamos da orientação sexual de uma pessoa, estamos
descrevendo a atração sexual que ela sente (ou não sente) por outras pessoas.
- “Hétero”
ou “heterossexual” descreve uma pessoa que sente atração sexual por outras
cujo gênero é diferente do seu.
- “Gay”
e/ou “lésbica” referem-se a pessoas que sentem atração sexual por outras
cujo gênero é igual ao seu, sendo “lésbica” normalmente usada para
mulheres atraídas por mulheres. Outro termo que você pode ouvir é
“homossexual”, embora esse seja considerado muito ultrapassado.
- “Bissexual”,
“pansexual” e outros termos sob o guarda-chuva bi+ referem-se a
pessoas cuja atração sexual pode ser sentida por aqueles cujo gênero é
diferente, semelhante ou o mesmo que o seu.
- “Assexual”,
“ace” e outros termos sob o guarda-chuva ace referem-se a pessoas
que sentem pouca ou nenhuma atração sexual por outras.
Todos têm uma orientação sexual.
Identidade de Gênero
Quando falamos de identidade de gênero, estamos falando da
sensação profunda e enraizada que uma pessoa tem de si mesma em relação ao
gênero e de como ela compreende sua própria identidade. A identidade de gênero nem
sempre corresponde ao sexo biológico*.
As pessoas tomam consciência de sua identidade de gênero em
diferentes momentos da vida.
- “Cisgênero”
ou “cis” descreve uma pessoa cuja identidade de gênero está alinhada com o
sexo atribuído ao nascimento.
- “Transgênero”
ou “trans” descreve uma pessoa cuja identidade de gênero não
corresponde ao sexo que lhe foi atribuído ao nascer.
- “Não
binária” ou “enby” descreve pessoas cuja identidade de gênero não se
encaixa no binário homem/mulher. Elas podem existir entre ou além dos
conceitos de “homem” e “mulher”.
Todos têm uma identidade de gênero.
*Sexo biológico ou atribuído refere-se ao sexo atribuído a
um bebê ao nascer com base em seus órgãos genitais visíveis. As atribuições
incluem masculino, feminino e intersexo.
Expressão de Gênero
Quando falamos de expressão de gênero, estamos
falando de todas as formas pelas quais comunicamos nosso gênero a outras
pessoas. Isso inclui (mas não se limita a) roupas, aparência e maneirismos.
Essa comunicação pode ser consciente ou inconsciente e nem sempre reflete a
identidade de gênero da pessoa. A expressão de gênero de alguém pode ou não
estar alinhada com as expectativas sociais associadas à sua identidade de
gênero.
- “Feminina”
descreve qualidades ou aparências estereotipadamente associadas a
mulheres.
- “Masculina”
descreve qualidades ou aparências tradicionalmente associadas a homens.
- “Andrógina”
descreve qualidades ou aparência que combinam elementos de feminilidade e
masculinidade.
- “Fluida”
descreve qualidades ou aparência que não aderem consistentemente a nenhuma
dessas categorias e podem mudar com o tempo.
Todos têm uma expressão de gênero.
“Tenho mais dificuldade com a terminologia e como ela muda.
Cresci aprendendo a não chamar as pessoas de queer, mas agora isso é
aceitável... às vezes. Também não gosto de errar os pronomes, então eu acabo
usando muito ‘y’all’.”
— Liam H
SAIBA MAIS
Quer aprender mais sobre as complexidades da identidade e
expressão de gênero? Procura conselhos específicos sobre como ser um aliado de
seus entes queridos trans e não binários? Acesse o guia “Como ser um aliado
de pessoas trans e não binárias” da PFLAG em pflag.org/publications.
(em inglês)
OBSTÁCULO:
A palavra “queer”
A linguagem usada para descrever orientação sexual,
identidade de gênero e expressão de gênero está em constante evolução e há
muitas formas de entender a terminologia associada.
Por exemplo, a palavra “queer” era tradicionalmente um termo
pejorativo para pessoas LGBTQ+. Hoje, é uma palavra que foi reapropriada
ou adotada por algumas pessoas LGBTQ+ para se descreverem e/ou descrever sua
comunidade. Isso porque ela é valorizada por seu espírito desafiador,
considerada mais inclusiva e/ou mais adequada para descrever identidades
fluidas.
No entanto, algumas pessoas ainda não gostam da
palavra “queer”. Devido a seus múltiplos significados, recomendamos que aliados
só usem essa palavra quando estiverem falando com ou sobre uma pessoa
que se identifica como queer e/ou em espaços onde o termo é comumente usado.
E se você não tiver certeza se é apropriado usá-la, recomendamos que pergunte.
E quanto ao acrônimo?
LGBTQ+? LGBTQIA+? 2SLGBTQIA+? SOGIE?
Assim como as palavras e a terminologia, o acrônimo usado
para descrever a comunidade de pessoas que não são hétero nem cisgênero mudou
com o tempo. Atualmente, na PFLAG, usamos LGBTQ+, que significa:
lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queer, em questionamento e outras
identidades que descrevem a diversidade das experiências humanas com atração e
gênero.
No entanto, isso não torna “LGBTQ+” o certo e os demais
acrônimos errados.
Não importa qual acrônimo você use, por favor, explique
ao usá-lo para que todos saibam o que cada letra significa. E se você não
souber qual usar, este é mais um momento em que é totalmente apropriado
começar uma conversa e perguntar.
SEU CONVITE
Frequentemente, quando falamos sobre terminologia e
linguagem, pode parecer algo esmagador. Pode parecer que existem Tantas.
Palavras. Para. Aprender.
Estamos aqui para lembrar que a linguagem é uma
ferramenta que usamos para entender a nós mesmos e as pessoas com quem nos
importamos. E embora todos devamos buscar aprender continuamente ao longo da
vida, memorizar tudo não é o objetivo. Ser gentil e respeitoso é.
Faça o melhor que puder para respeitar as palavras que
pessoas LGBTQ+ usam — ou não usam — para se descreverem e descreverem seus
relacionamentos.
Ser um aliado é sobre pessoas reais, na vida real, não
apenas sobre palavras.
“Uma das coisas mais difíceis que precisei desaprender foi
presumir o gênero ou a orientação sexual das pessoas com base na aparência ou
em estereótipos.
Percebi que havia internalizado normas sociais que me faziam,
inconscientemente, tirar conclusões sobre as pessoas. Desfazer esse hábito
exigiu esforço intencional. Foi desafiador, porque essas suposições estavam
profundamente enraizadas na forma como me ensinaram a navegar no mundo.
Tive que praticar ativamente o uso de linguagem inclusiva, perguntar sobre
pronomes e me tornar mais consciente da diversidade de identidades que as
pessoas têm. Não era sobre ser ‘politicamente correto’, mas sobre mostrar
respeito genuíno e cuidado pelos outros.”
— Charlie E
CAPÍTULO DOIS:
VAMOS DEFINIR A ATUAÇÃO COMO ALIADO
Quando chamamos alguém de aliado da comunidade LGBTQ+, o que
queremos dizer com isso?
Já mencionamos aliados várias vezes, e a palavra parece
simples de entender, certo? Mas, não tão rápido. É provável que, se você
perguntar a 10 pessoas o que “aliado” significa, você receba 10 respostas
diferentes. Acredite ou não, isso é algo bom.
Antes de falarmos sobre o que aliados fazem, vamos entender
o que queremos dizer quando usamos a palavra aliado.
Não vamos começar com uma lista de cinco ou vinte e cinco ou
até mesmo cento e cinquenta coisas que você deve fazer para ser considerado um
aliado. Embora listas possam ser inspiradoras, elas também podem ser
excludentes. E a mentalidade do “tudo ou nada” faz com que, quando iniciantes
bem-intencionados veem algo que não conseguem fazer (como doar tempo, talento
ou dinheiro para organizações lideradas por pessoas LGBTQ+ por não terem espaço
no orçamento), concluam que então não farão nada.
E... você não acha que as pessoas valem mais do que serem
reduzidas a uma lista de verificação ou a um conjunto de exigências rígidas?
Nós achamos que sim.
“Ser um aliado da comunidade LGBTQ+, para mim, significa não
me calar diante da adversidade.
Significa oferecer um espaço seguro para quem precisar.
Significa que nossa pequena biblioteca gratuita, que fica na nossa casa, tem
livros LGBTQ+ o ano inteiro.
Significa ouvir a comunidade e aprender com ela a melhor forma de oferecer
apoio.
Ser um aliado significa mostrar às pessoas ao meu redor que me importo, que
elas são reconhecidas e valorizadas, e que elas importam.”
— Xiomara P
Em vez de criar uma lista de exigências para que alguém
seja considerado aliado, pensamos nas qualidades e características que todos os
aliados possuem. Aqui está o que sabemos:
● Aliados querem aprender mais.
Eles fazem o possível para garantir que compreendem as
questões e desafios enfrentados por pessoas LGBTQ+. Têm curiosidade intelectual
e sabem que o aprendizado é para a vida toda. Usam esse espírito para se
manterem atualizados conforme as conversas evoluem.
● Aliados trabalham em suas barreiras para se tornarem
visíveis, vocais e ativos em sua atuação.
Seja o medo de dizer algo errado ou a incerteza de como
lidar com conflitos, aliados enfrentam esse desafio.
● Aliados são ativamente solidários.
E sabem que “apoio” pode assumir muitas formas. Pode
significar algo público, como cobrir-se de glitter arco-íris e ir à Parada do
Orgulho com um cartaz escrito “ALIADO COM ORGULHO”.
Mas também pode significar expressar apoio de maneiras mais privadas e
pessoais, por meio da linguagem que usam, das conversas que escolhem ter e dos
sinais que transmitem.
● Aliados são diversos.
Sabem que não há uma única maneira “correta” de ser aliado,
e que cada um traz experiências, perspectivas e vivências únicas para esse
trabalho… e isso não é apenas ok — é poderoso.
O processo de ir de “isso não é problema meu” até “vamos
mudar a cultura!” raramente acontece da noite para o dia. Envolve aprender
mais, construir a confiança necessária para iniciar essas conversas, saber como
lidar com reações negativas e ser capaz de ajudar outras pessoas enquanto elas
também se tornam aliadas mais fortes.
O ESPECTRO DO ALIADO DO STRAIGHT FOR EQUALITY
Depois de compreendermos as qualidades e características dos
aliados, resolvemos ilustrar isso. Então, aqui está:
- O “Não
sou exatamente um aliado… mas estou ouvindo”
- O “Acho
que estou começando a entender”
- O “Tenho
uma noção básica”
- O “Estou
começando a falar sobre questões LGBTQ+”
- O “Quero
ser visível”
- O “Vou
me aprofundar”
- O “Vou
educar outras pessoas”
- O “Vou
me envolver localmente”
- O “Vou
ter conversas difíceis”
- O “Vamos
mudar a cultura”
Por que esse espectro é útil?
Primeiro, ele reconhece que atuar como aliado é baseado
em ação. Desde as pessoas dispostas a escutar, até aquelas que usam a
terminologia LGBTQ+ com confiança, ou que se envolvem ativamente em ações
organizadas — aliados são aqueles que estão dispostos e aptos a fazer o
trabalho.
Segundo, ele nos lembra que, não importa em que ponto do
espectro alguém esteja, essa pessoa está em uma jornada. Há sempre algo a
aprender e algo a fazer.
Por fim, ele elimina aquela sensação desconfortável que
surge quando nos forçam a priorizar quem as pessoas “deveriam ser” em vez de
reconhecer os traços, histórias e experiências que as tornam quem são.
Então por que a palavra “aliado” é tão importante? Por
que esse rótulo?
Mesmo pessoas superinteligentes já discutiram isso. O
filósofo Søren Kierkegaard (status de aliado desconhecido) escreveu certa vez:
“Assim que você me rotula, você me nega”, sugerindo que rotular um indivíduo
compromete sua individualidade.
Mas, para nós, ser aliado não é um rótulo — é uma forma
de empoderamento. É um arco-íris inteiro de escolhas e oportunidades. É um
estado de ser. Demonstra quem a pessoa é e onde estão seus valores.
Diz que ela quer ser reconhecida por quem e o que apoia, e não por quem
ou o que é contra. Comunica que as questões LGBTQ+ importam para ela de forma
poderosa.
É uma posição vocal e positiva que esclarece um ponto crucial: mesmo que eu
não seja LGBTQ+, sentir-se seguro e respeitado é algo que importa para mim.
Mas espere. Aliados héteros, aliados cisgênero, aliados
sem rótulo… por quê?
Muita gente debate isso, e geralmente a conversa soa mais ou
menos assim:
Se a ideia é que quem você ama e como você se vê não
deveria importar, então por que ressaltar isso quando falamos de aliados?
Resposta curta: Porque importa, sim.
Considere isto:
De novembro de 2023 a outubro de 2024, organizações de defesa de pessoas trans
documentaram a morte violenta de mais de 309 pessoas trans e não binárias
no mundo.
Nos EUA, o número de pessoas que apoiam o casamento igualitário e
consideram relações entre adultos do mesmo sexo “moralmente aceitáveis” diminuiu
nos últimos anos.
Em 2024, assembleias legislativas estaduais consideraram mais de 550
projetos de lei anti-LGBTQ+, e pelo menos 46 foram sancionados.
Para mudar isso, precisamos de vozes diversas lutando por
justiça.
E isso inclui pessoas que não fazem parte da
comunidade LGBTQ+.
Aliados têm um poder único de mostrar que ser visto, respeitado e tratado com
equidade — nas comunidades e perante a lei — são direitos que importam para todos,
independentemente de sua orientação sexual, identidade de gênero ou expressão
de gênero.
E uma última pergunta antes de seguirmos:
Pessoas lésbicas, gays, bissexuais+, transgêneras, queer ou
em questionamento podem ser aliadas?
Resposta curta? Sim.
Resposta um pouco mais longa?
Sim, e nós diríamos que não apenas podem — elas devem ser,
tanto dentro da própria comunidade como também apoiando outros grupos
marginalizados.
Estamos do lado certo da história e precisamos trabalhar juntos.
Tudo bem. Mas, para onde vamos a partir daqui?
Se você já começou a pensar sobre onde se vê no espectro do
aliado, quais barreiras têm impedido sua atuação mais ativa ou como pode ajudar
outras pessoas a começarem, então estamos no caminho certo.
OBSTÁCULO:
Você já se perguntou se seu apoio como aliado importa para
pessoas LGBTQ+?
Podemos dizer que sim, importa, mas alguns relatos de
pessoas LGBTQ+ realmente ajudam a ilustrar o impacto tremendo das suas
contribuições — mesmo quando você não percebe.
Penny K
Minha irmã mais velha passou uma hora comigo no telefone me
fazendo perguntas sobre minha identidade de gênero, só para me conhecer melhor.
Isso parece simples, mas foi como se alguém me libertasse de uma jaula. Não
podia acreditar que estava sendo tratada com tanta dignidade e carinho.
Ela realmente se empenhou em me ver, me ouvir e aprender comigo. Nunca vou
esquecer o quanto me senti amada naquele dia.
Steve L
Amigos e colegas que não me “expuseram” durante meu tempo
nas Forças Armadas salvaram minha carreira.
Keisha H*
Quando finalmente atualizei meus documentos de identidade,
foi porque alguém veio até mim e disse:
“Para se proteger, aqui estão algumas opções. O que você gostaria de fazer?”
Essa pessoa não forçou, não presumiu — apenas traçou um caminho dentro de um
sistema feito para me oprimir.
Com a ajuda dela, eu não estava apenas enfrentando a burocracia — eu estava reivindicando
meu espaço.
Por causa dessa pessoa, eu não ganhei apenas um novo documento — ganhei
reconhecimento e segurança.
Dallas B
Como uma pessoa queer, o que mais importa não são as pessoas
que sabem os termos certos, mas aquelas que aparecem.
Na faculdade, minha mãe era minha maior apoiadora.
Ela ia aos shows de drag que eu organizava, me mandava chocolates de uma loja
queer que eu amava.
Ela aparecia por mim — sempre.
Sonia P
Ter aliados no meu local de trabalho, incluindo meu chefe e
supervisores, tornou minha transição social e legal muito mais tranquila.
Tive a sorte de contar com um ambiente seguro onde pude ser eu mesma.
Não teria conseguido sem esse apoio.
*O relato de Keisha menciona atualizações de documentos de
identidade. Esse processo pode ser excessivamente burocrático, caro e
arriscado.
Na data desta publicação, 20 estados dos EUA dificultam a mudança do
marcador de gênero em documentos, o marcador “X” deixou de ser aceito em
passaportes, e pessoas trans e não binárias têm relatado várias formas de
discriminação durante viagens.
LIGUE PARA UM AMIGO
Ao começar, encontrar recursos feitos com aliados em
mente pode ser extremamente importante. Os recursos do nosso programa estão
em straightforequality.org.
Lá você encontrará nossas publicações, iniciadores de conversa e recomendações
de livros e filmes.
Se estiver procurando mais recursos, eventos e formas de se
envolver, conheça alguns de nossos parceiros confiáveis:
- Athlete
Ally – athleteally.org
- The
Ally Coalition – theallycoalition.org
- The Safe Zone Project – thesafezoneproject.com
- Solidarity Week – glsen.org/programs/solidarity-week
- Spirit
Day – glaad.org/spiritday
SEU CONVITE
Ao longo desta publicação, falamos explicitamente sobre as
muitas maneiras de se apresentar como aliado de pessoas LGBTQ+. No
entanto, o conceito de “aliado” não se limita à luta por igualdade
LGBTQ+.
Embora muitas das habilidades que você aprenda aqui sejam
úteis para ser aliado de pessoas que pertencem a grupos minorizados, há sempre
mais para aprender.
É por isso que incentivamos você a dedicar um tempo para
aprender mais sobre o que significa:
- Homens
atuarem como aliados das mulheres,
- Pessoas
brancas atuarem como aliadas das comunidades negras, indígenas e de
pessoas de cor (BIPOC),
- Pessoas
sem deficiências atuarem como aliadas das pessoas com deficiência.
Busque recursos, ferramentas, histórias e conselhos vindos de
quem vive essas realidades, e deixe isso informar a forma como você se
apresenta.
O melhor lugar para aprender a apoiar qualquer comunidade é dentro
da própria comunidade.
CAPÍTULO TRÊS:
APARECENDO COM AUTENTICIDADE
Agora que você conhece o Espectro do Aliado Straight for
Equality, provavelmente está se perguntando: onde me encaixo nisso?
Como posso me apresentar como aliado da comunidade LGBTQ+ de forma
autêntica?
Na PFLAG National e no programa Straight for Equality,
esperamos que todo aliado chegue ao ponto de querer se envolver localmente e
ajudar a mudar leis e culturas que tratam injustamente as pessoas LGBTQ+.
Mas também reconhecemos que, por uma grande variedade de
razões, nem todos estão prontos ou são adequados para esse estilo de
ativismo.
Para quem está apenas começando…
Vamos falar sobre o que significa ser um Novo Aliado.
Se você é um Novo Aliado, provavelmente quer aprender mais sobre as
questões que afetam a comunidade LGBTQ+, mas pode se sentir desconfortável
ao falar sobre isso ou em pedir mais informações.
Você talvez queira agir, mas não saiba por onde
começar.
Você viu postagens nas redes sociais sobre “ser respeitoso e acolhedor”, mas
talvez não entenda como isso funciona.
Gostaria de superar esses desafios... mas ainda não sabe bem como fazer isso.
“A melhor forma de eu me apresentar como aliada é aprender o
máximo possível sobre a comunidade LGBTQ+.
Faço isso lendo artigos e livros. Quando apropriado, pergunto diretamente à
pessoa ou às pessoas.
Aceitarmos uns aos outros com amor é a melhor maneira de nos apoiarmos.”
— Katie B
O que um Novo Aliado mais precisa é: mais informação.
Às vezes, isso vem na forma de recursos e orientações
individuais. Outras vezes, vem do pedido de um pouco de paciência e empatia
enquanto você tenta acertar. Frequentemente, significa ouvir histórias de
pessoas LGBTQ+ — sobre descobrirem quem são, sobre como foi sair do
armário, ou sobre experiências de discriminação.
Como Novo Aliado, você provavelmente vai ouvir muito mais
do que falar — e isso é surpreendentemente eficaz para adquirir uma base
sólida.
LIGUE PARA UM AMIGO
Histórias pessoais. Relatos em primeira pessoa. Memórias.
Biografias.
Há uma razão pela qual são tão eficazes para tocar o coração das pessoas e
mudar suas opiniões.
Essas histórias nos ajudam a encontrar pontos em comum, criar empatia e
construir conexões duradouras.
Se você é um Novo Aliado buscando relatos de pessoas
LGBTQ+ para entender melhor suas vivências, há arquivos de histórias
que podem ajudar (todos os links abaixo estão em inglês):
Você também pode recorrer às redes sociais, onde muitas
pessoas LGBTQ+ compartilham suas histórias abertamente.
Busque experiências que mostrem a diversidade imensa da comunidade LGBTQ+
— uma pessoa trans negra tem uma experiência muito diferente de uma
pessoa gay cis branca.
Pessoas LGBTQ+ são tão diversas quanto qualquer outro grupo
humano.
SEU CONVITE
Se você fosse convidado agora a imaginar uma pessoa LGBTQ+, em
quem você pensaria?
Você está se baseando em estereótipos sobre como ela se parece, que
idade tem, onde mora ou quanto ganha?
Você ouviu esses estereótipos em sua comunidade? Viu na TV?
Leu nas notícias?
Se sim, você não está sozinho. Mas como Novo Aliado, você
já sabe que tem trabalho a fazer para superar esses estereótipos.
Uma das formas de fazer isso é por meio de dados
confiáveis.
Instituições renomadas como o Pew Research Center, a Gallup
Inc., e centros de estudo como o Williams Institute e o Center
for American Progress podem ajudar você a desconstruir estereótipos e a
conhecer a realidade das experiências vividas por pessoas LGBTQ+.
“Meu filho se assumiu como trans aos 14 anos.
Para lidar com meu próprio desconforto ao aprender a usar o nome escolhido por
ele e os novos pronomes, eu fazia piadinhas sobre isso.
Ele revirava os olhos, como adolescentes fazem, mas acabou me dizendo que
aquilo o deixava desconfortável.
No início, fiquei na defensiva e queria poder continuar com as piadas. Eu não
via problema, achava que estava só rindo da minha própria dificuldade.
Mas, com o tempo, percebi que continuar brincando à custa dele era desrespeitoso.”
— Devan S
OBSTÁCULO
Quando um Novo Aliado está começando, é provável que cometa
erros.
Quando são não intencionais e feitos sem malícia, esses erros são normais e
significam apenas que somos humanos e estamos aprendendo.
Mas, mesmo que não tenham sido intencionais, erros como:
- usar
uma palavra ultrapassada,
- contar
uma piada sem pensar,
- fazer
uma pergunta considerada inapropriada,
- ou
usar o pronome errado,
podem ter um impacto negativo inesperado.
Na maioria das situações, amigos LGBTQ+ vão entender quando
você errar.
Especialmente se você está começando agora como Novo Aliado.
Eles podem te corrigir com gentileza, incentivar a fazer melhor da próxima vez
e seguir em frente.
Mas às vezes isso não acontece.
Às vezes, as pessoas LGBTQ+ em nossas vidas reagem com
frustração, exaustão ou raiva.
Nesses momentos, tenha algumas coisas em mente:
- É
provável que a reação não seja só sobre você.
Você pode estar recebendo o peso acumulado de quem já ouviu aquela piada ou foi malgenerizado muitas vezes — ou talvez a pessoa esteja simplesmente tendo um dia ruim. - Você
pode reconhecer que ficou magoado com a reação, mas não deve tornar a
situação sobre você e como se sentiu.
Você cometeu um erro e precisa se responsabilizar por ele (mais sobre isso na página 32). - Não
deixe uma experiência ruim impedir você de continuar aparecendo pela
comunidade LGBTQ+.
Ser aliado não é sobre como você se sente.
É sobre o que você faz.
Para quem já está envolvido e engajado:
Vamos falar sobre o que significa ser um Aliado Cotidiano.
Como Aliado Cotidiano, você está confortável em mostrar
apoio às pessoas LGBTQ+ em sua vida e se sente confiante para iniciar
conversas, especialmente com pessoas próximas — colegas, familiares, amigos e
conhecidos.
Você pode ainda estar aprendendo a falar com mais clareza e
profundidade sobre tópicos LGBTQ+ com outras pessoas (ou até consigo mesmo),
mas já está se comprometendo com ações mais consistentes.
Você pode ainda não se ver como um defensor ou ativista, mas
está fazendo o que pode — quando pode — para criar mudanças
significativas.
Está começando a falar mesmo quando é desconfortável e a adotar uma
mentalidade de responsabilidade: você é responsável por manter sua atuação
como aliado ética e respeitosa.
“Tive que aprender como ser uma aliada de verdade. Isso
significou colocar minhas crenças em prática, me posicionar quando ouvia
comentários preconceituosos, e me sentir desconfortável de vez em quando.
Ser aliada é algo que você faz com ações, não apenas com palavras. E
vale totalmente a pena.”
— Grace C
O que um Aliado Cotidiano mais precisa é: um plano.
Com algum conhecimento básico e mais segurança, o próximo
passo é transformar intenção em ação. Isso pode incluir:
- Expressar
apoio de forma mais visível,
- Participar
de eventos locais,
- Estudar
sobre interseccionalidade,
- Encorajar
outras pessoas a se educarem,
- Ajudar
a tornar espaços mais inclusivos.
Aliados Cotidianos não apenas esperam que espaços
sejam acolhedores — eles ajudam a criá-los.
LIGUE PARA UM AMIGO
Quer exemplos de formas simples e concretas de atuação como
aliado? Aqui vão algumas ideias que ouvimos de pessoas LGBTQ+:
- Corrigir
alguém que faz um comentário preconceituoso.
- Usar
pronomes corretamente — mesmo quando a pessoa não está presente.
- Incentivar
a inclusão de pronomes em assinaturas de e-mail e crachás.
- Sugerir
que materiais escolares ou empresariais incluam representações LGBTQ+.
- Apoiar
negócios LGBTQ+ e promover seus produtos ou serviços.
- Celebrar
marcos como o Dia da Visibilidade Trans, o Mês do Orgulho ou o Spirit Day.
- Usar
sua presença nas redes sociais para compartilhar conteúdo afirmativo.
- Fazer
doações para organizações lideradas por pessoas LGBTQ+.
- Participar
de reuniões comunitárias ou escolares em que temas LGBTQ+ estejam sendo
discutidos.
- Perguntar
com gentileza: “Como posso apoiar você melhor?”
SEU CONVITE
Você pode não se sentir confortável ainda para se declarar
um defensor ou ativista LGBTQ+ — mas, se está tendo conversas com colegas,
sugerindo melhorias em seu local de trabalho, usando linguagem afirmativa e se
comprometendo com aprendizado contínuo, você já está mudando sua comunidade.
E ao fazer isso, está ajudando a mudar o mundo.
OBSTÁCULO
Muitas pessoas acham que atuar como aliado parece ótimo em
teoria, mas bem mais difícil na prática.
Você pode:
- Temor
entrar em conflito com colegas, amigos ou familiares,
- Sentir
que não sabe o suficiente,
- Estar
preocupado com a possibilidade de cometer erros,
- Achar
que não é sua responsabilidade interferir,
- Ou
simplesmente se sentir desconfortável.
Sabemos que o desconforto é real. Mas também sabemos que crescimento
acontece fora da zona de conforto.
E é aí que ocorre a transformação — pessoal e coletiva.
Quando você estiver pronto para começar a se posicionar,
corrigir e questionar o preconceito, você estará se tornando o
que chamamos de…
O ALIADO ATIVO
O Aliado Ativo é alguém que:
- Se
sente preparado para falar,
- Reconhece
que pode causar impacto positivo,
- Entende
que ficar em silêncio também é uma escolha — e geralmente prejudica
mais do que ajuda.
O Aliado Ativo quer influenciar pessoas e sistemas, e
está começando a agir estrategicamente.
Ele reconhece as barreiras — internas e externas — mas não permite que elas o
impeçam de fazer a coisa certa.
E mais: o Aliado Ativo entende que tem responsabilidade
pessoal por seu comportamento e sabe que erros vão acontecer. Por
isso, se compromete a reparar os danos quando isso acontecer.
O que um Aliado Ativo mais precisa é: um plano
estratégico.
Atuar como Aliado Ativo requer preparo:
- É
entender o que dizer,
- Como
dizer,
- E para
quem dizer.
É sobre decidir onde você tem mais impacto, como:
- Na
escola do seu filho,
- Em
sua igreja ou templo,
- No
ambiente de trabalho,
- Em
reuniões comunitárias,
- Ou
mesmo em almoços de família.
E, ao mesmo tempo, é reconhecer que você também tem mais
a aprender, especialmente sobre interseccionalidade — ou seja, como a
identidade LGBTQ+ se entrelaça com raça, etnia, classe, deficiência, idade e
outros marcadores sociais.
LIGUE PARA UM AMIGO
Não sabe por onde começar sua atuação como Aliado Ativo?
Aqui estão algumas dicas práticas:
- Reúna
colegas para discutir práticas inclusivas no local de trabalho.
- Ajude
a implementar treinamentos sobre diversidade, equidade e inclusão.
- Questione
decisões políticas ou empresariais que excluam pessoas LGBTQ+.
- Incentive
escolas a adotar políticas afirmativas e combater o bullying LGBTQfóbico.
- Apoie
líderes LGBTQ+ em sua comunidade — amplifique suas vozes.
E lembre-se: você não precisa fazer tudo sozinho.
Fazer parte de um grupo (como um capítulo local da PFLAG) pode oferecer apoio,
orientação e oportunidades de colaboração.
SEU CONVITE
O que te impede de avançar no espectro do aliado?
Você já identificou quais obstáculos pessoais estão te segurando?
Seja medo, perfeccionismo, sobrecarga, vergonha ou falta de
tempo, reconhecer essas barreiras é o primeiro passo.
O segundo é decidir que vai superá-las.
Você pode começar com uma ação concreta hoje:
- Compartilhe
um recurso afirmativo com alguém.
- Corrija
um comentário insensível.
- Mande
uma mensagem de apoio a uma pessoa LGBTQ+ que você conhece.
É assim que os Aliados Ativos fazem a diferença.
Um passo de cada vez.
OBSTÁCULO
Então… e se eu errar?
Você vai errar.
Todo mundo erra.
Mesmo com a melhor das intenções, ninguém está imune a usar
termos desatualizados, cometer gafes, interromper falas de pessoas LGBTQ+ ou
agir de forma contraproducente sem perceber.
A diferença está em como você responde ao erro.
COMO CONSERTAR UM ERRO
Aqui está uma abordagem básica — especialmente útil quando
você for corrigido:
- Ouça.
Não interrompa, não se defenda. Apenas ouça. - Reconheça.
Diga algo como: “Você tem razão, eu errei nisso.” - Desculpe-se.
Uma desculpa breve, sem justificativas: “Sinto muito mesmo. Foi desrespeitoso.” - Corrija.
Se usou um termo errado ou o pronome errado, corrija de forma tranquila e continue. - Aprenda.
Pesquise, pergunte (se apropriado), e esteja pronto para fazer melhor da próxima vez. - Siga
em frente.
Não prolongue. O erro foi reconhecido, e agora é hora de agir com mais respeito.
“Não precisamos de aliados perfeitos. Precisamos de aliados
que continuem tentando.”
— Jordan A
CAPÍTULO QUATRO:
CONVERSAS CORAJOSAS
Como Começar
Até agora, falamos sobre como se tornar um aliado mais forte
e engajado.
Agora vamos focar em como se comunicar como um aliado eficaz.
Muitas pessoas se perguntam:
“Se eu quero agir como aliado, o que eu digo?”
Falar com outras pessoas sobre identidade de gênero,
orientação sexual e inclusão LGBTQ+ pode ser desafiador — especialmente se não
temos todas as respostas ou se sabemos que a outra pessoa não
compartilha nossas ideias.
É por isso que desenvolvemos uma abordagem de três passos
chamada Conversas Corajosas.
Etapa 1: COMECE COM ALGO PESSOAL
Você provavelmente já ouviu falar que "o pessoal é
político".
Mas, para aliados, o pessoal é também poderoso.
Se alguém não entende ou não aceita questões LGBTQ+, começar
com uma abordagem direta pode provocar resistência.
Por isso, comece com algo mais pessoal — fale sobre você mesmo, sua
experiência ou por que essas questões importam para você.
Exemplos:
- “Na
minha família, eu tenho uma prima lésbica e ela passou por muita coisa até
ser respeitada. Isso me fez querer entender melhor e apoiar mais.”
- “Depois
que meu colega trans compartilhou o que ele vive no trabalho, percebi que
o apoio dos colegas faz muita diferença.”
- “Eu
percebi que, por ser hétero, nunca precisei me preocupar se ia ser
discriminado por quem eu amo. E isso não é justo.”
Falar sobre sua motivação mostra que você não está
querendo vencer uma discussão, mas compartilhar algo importante para
você.
Etapa 2: FAÇA UMA PERGUNTA
Uma conversa é uma via de mão dupla.
Ao fazer uma pergunta respeitosa e aberta, você convida a outra pessoa a
refletir, em vez de confrontá-la.
Exemplos:
- “Você
já parou para pensar como deve ser para uma pessoa LGBTQ+ se sentir
invisível na escola ou no trabalho?”
- “Você
já conversou com alguém LGBTQ+ sobre como ela gostaria de ser tratada?”
- “Se
fosse o seu filho, como você gostaria que ele fosse tratado?”
Essas perguntas evitam confronto direto e criam
espaço para o diálogo.
Às vezes, uma boa pergunta vale mais do que dez argumentos.
Etapa 3: OFEREÇA INFORMAÇÃO
(SOMENTE SE FOR O MOMENTO CERTO)
Você não precisa ser um especialista para compartilhar um
dado simples ou um fato confiável.
Mas atenção: só ofereça essa informação se a pessoa estiver aberta a ouvir.
Exemplos:
- “Na
verdade, as pessoas trans enfrentam taxas altíssimas de violência e
desemprego. Isso me chocou quando descobri.”
- “O
casamento igualitário é lei nos EUA desde 2015, mas ainda existem centenas
de projetos de lei anti-LGBTQ+ em discussão nos estados.”
- “Mais
da metade dos jovens LGBTQ+ dizem que não se sentem seguros sendo quem são
na escola.”
Fontes confiáveis incluem:
- Pew
Research Center
- GLAAD
- The
Trevor Project
- Williams
Institute
- PFLAG
National
Lembre-se: o objetivo não é vencer, mas plantar uma
semente.
OBSTÁCULO
E se a conversa não der certo?
Às vezes, mesmo com as melhores intenções e estratégias, a
conversa não vai para onde esperávamos.
A pessoa pode:
- Ficar
na defensiva,
- Mudar
de assunto,
- Fazer
piadas ou minimizar o assunto,
- Encerrar
a conversa abruptamente.
Quando isso acontecer:
- Respire
fundo.
- Avalie
se vale a pena insistir naquele momento.
- Se
precisar, encerre com dignidade e diga algo como:
“Entendo que isso pode ser difícil de conversar. Mas
agradeço por me ouvir. Podemos falar mais sobre isso outro dia.”
DICAS DE CONVERSAS CORAJOSAS
- Seja
gentil, não condescendente.
As pessoas mudam quando se sentem respeitadas, não humilhadas. - Foque
no comportamento, não na pessoa.
Dizer “isso que você disse me incomodou” é melhor do que “você é preconceituoso”. - Use
linguagem afirmativa.
Evite termos como “problema LGBTQ+” ou “luta deles”. Em vez disso, diga “questões de equidade” ou “direitos humanos”. - Reconheça
quando não souber algo.
Dizer “não sei, mas posso pesquisar” é melhor do que inventar ou discutir sem base. - Celebre
pequenos avanços.
Se a pessoa demonstra abertura, por menor que seja, reconheça isso.
“Eu costumava evitar essas conversas porque tinha medo de
‘estragar tudo’.
Mas com o tempo percebi que o silêncio também é uma forma de conivência.
Agora, quando ouço algo problemático, falo com calma e respeito, mas
falo.”
— Rafael D
CAPÍTULO CINCO:
DANDO O PRÓXIMO PASSO
Tornando-se um Agente de Mudança
Até agora, você aprendeu:
- O
que significa ser um aliado,
- Como
se apresentar com autenticidade,
- Como
ter conversas difíceis com respeito,
- E
como lidar com erros ao longo do caminho.
Agora é hora de pensar em como transformar sua intenção
em impacto.
Tornar-se um Agente de Mudança significa:
- Ir
além do apoio simbólico, como curtir uma postagem ou usar um filtro de
arco-íris em junho.
- Incluir
ativamente pessoas LGBTQ+ nas decisões, nos espaços e nas ações que você
lidera ou apoia.
- Agir
com consistência, não apenas quando é conveniente ou seguro.
- Manter
o compromisso, mesmo quando a mídia se volta para outros assuntos.
Você não precisa ser um líder ativista ou alguém que
discursa em público.
Ser um agente de mudança começa com pequenas ações consistentes que, juntas,
têm um impacto enorme.
ÁREAS DE AÇÃO PARA ALIADOS
● NO LOCAL DE TRABALHO
Você pode:
- Promover
treinamentos sobre diversidade e inclusão,
- Sugerir
benefícios que incluam pessoas LGBTQ+,
- Apoiar
políticas claras contra discriminação,
- Tornar
visível seu apoio com pronomes, adesivos, pins ou crachás inclusivos.
● NA ESCOLA
Você pode:
- Apoiar
a criação de grupos estudantis LGBTQ+ (como GSA – Gender and Sexualities
Alliance),
- Propor
eventos durante o Mês do Orgulho,
- Promover
currículo inclusivo,
- Combater
o bullying e a exclusão.
● NA COMUNIDADE
Você pode:
- Participar
de eventos LGBTQ+,
- Ajudar
a organizar espaços seguros em igrejas, clubes, bibliotecas, centros
comunitários,
- Falar
com representantes locais sobre políticas afirmativas,
- Apoiar
artistas, negócios e organizações LGBTQ+.
● NA SUA FAMÍLIA E AMIZADES
Você pode:
- Corrigir
com carinho comentários ou piadas preconceituosas,
- Compartilhar
recursos informativos,
- Demonstrar
apoio explícito e verbal a pessoas LGBTQ+ próximas,
- Ouvir
ativamente, sem julgamento.
LIGUE PARA UM AMIGO
A PFLAG possui mais de 400 capítulos nos Estados Unidos,
além de grupos internacionais parceiros.
Fazer parte de um capítulo local pode ajudar você a:
- Se
conectar com outras pessoas comprometidas com a inclusão,
- Acessar
materiais de apoio e treinamentos,
- Apoiar
famílias e pessoas LGBTQ+ diretamente,
- Atuar
politicamente em sua região.
Encontre um capítulo ou descubra como começar um em pflag.org. (em inglês)
OBSTÁCULO
E se eu não tiver tempo, dinheiro ou energia para “fazer
tudo”?
Ótima pergunta. E a resposta é simples:
Você não precisa fazer tudo.
Mas precisa fazer algo.
A atuação como aliado não é uma maratona de perfeição.
É um compromisso contínuo com o respeito, a dignidade e a justiça.
Escolha uma ou duas áreas onde você tem acesso ou
influência, e comece por elas.
Com o tempo, você pode expandir suas ações — ou ajudar a capacitar outros
aliados.
SEU CONVITE
Agora que você percorreu o guia, aqui estão três
perguntas essenciais para se fazer:
- O
que aprendi que mudou minha forma de pensar?
- O
que posso fazer a partir de hoje para mostrar meu apoio às pessoas LGBTQ+?
- Como
posso ajudar outras pessoas a começarem sua própria jornada como aliadas?
Seja qual for sua resposta, saiba:
O mundo precisa de você.
E a comunidade LGBTQ+ também.
“Ser aliado é como ser farol: você não navega no barco dos
outros, mas oferece luz e orientação.
E às vezes, só o fato de estar ali já salva vidas.”
— Malik R
APÊNDICE A:
GLOSSÁRIO RESUMIDO
Para o glossário completo, acesse:
pflag.org/glossary
Aqui estão alguns termos essenciais para aliados:
Aliado:
Pessoa que apoia e defende os direitos das pessoas LGBTQ+,
mesmo não sendo parte da comunidade.
Assexual / Ace:
Pessoa que sente pouca ou nenhuma atração sexual por outras
pessoas.
Bissexual / Bi+:
Pessoa que sente atração por mais de um gênero.
Cisgênero / Cis:
Pessoa cuja identidade de gênero corresponde ao sexo que lhe
foi atribuído ao nascer.
Expressão de Gênero:
Maneira como uma pessoa apresenta seu gênero — por meio de
aparência, linguagem, comportamento, etc.
Gay:
Homem que sente atração por outros homens. Às vezes usado
como termo geral para pessoas LGB.
Identidade de Gênero:
A percepção interna que uma pessoa tem de si mesma como
sendo homem, mulher, ambos, nenhum, ou algo diferente.
Intersexo:
Pessoa nascida com variações biológicas que não se enquadram
nas definições típicas de masculino ou feminino.
Lésbica:
Mulher que sente atração por outras mulheres.
Não Binário / Enby:
Pessoa cuja identidade de gênero não se encaixa no modelo
binário de homem ou mulher.
Orientação Sexual:
Descreve por quem uma pessoa sente atração física, romântica
e/ou emocional.
Pansexual:
Pessoa cuja atração não é limitada por gênero ou identidade
de gênero.
Pessoa Trans / Transgênero:
Pessoa cuja identidade de gênero difere do sexo que lhe foi
atribuído ao nascer.
Queer:
Termo reapropriado por algumas pessoas LGBTQ+ como uma forma
abrangente de descrever suas identidades.
APÊNDICE B:
PRONOMES E VOCÊ
Usar os pronomes corretos de uma pessoa é uma forma simples
e poderosa de respeito.
Exemplos:
- Ela/Dela
- Ele/Dele
- Elu/Delu
(forma neutra em português, ainda em adaptação e debate)
- They/Them
(em inglês, singular neutro amplamente aceito)
Dica: adicione seus pronomes na assinatura de e-mail, crachá
ou perfis profissionais.
Exemplo: Sérgio Viula (ele/dele)
APÊNDICE C:
SINAIS VISÍVEIS DE APOIO
Pequenos gestos tornam você reconhecível como aliado. Aqui
estão algumas ideias:
- Usar
pins, camisetas ou adesivos com mensagens afirmativas.
- Participar
da Parada do Orgulho ou eventos locais.
- Incluir
materiais LGBTQ+ em salas de aula ou espaços públicos.
- Compartilhar
conteúdo LGBTQ+ nas redes sociais.
- Decorar
com bandeiras afirmativas (arco-íris, trans, bissexual, não binária etc.)
APÊNDICE D:
RECURSOS RECOMENDADOS
ORGANIZAÇÕES:
- PFLAG
National – pflag.org
- GLAAD
– glaad.org
- The
Trevor Project – thetrevorproject.org
- National Center for Transgender
Equality – transequality.org
- Human
Rights Campaign – hrc.org
LEITURA:
- The
Savvy Ally – Jeannie Gainsburg
- The Queer Bible – Edited by Jack Guinness
- The ABCs of LGBT+ – Ashley Mardell
- Trans
Like Me – CN Lester
- Sister
Outsider – Audre Lorde
MENSAGEM FINAL
Ser aliado é um processo.
Você não precisa ter todas as respostas.
Você não precisa ser perfeito.
Você não precisa mudar o mundo sozinho.
Mas o que você não pode fazer é ficar em silêncio
diante da injustiça.
Sua presença importa.
Sua voz importa.
Sua ação importa.
Obrigado por estar aqui.
E por estar do lado certo da história.
SOBRE A PFLAG
Fundada em 1973, a PFLAG é a maior organização nos
Estados Unidos dedicada a apoiar, educar e advogar por pessoas LGBTQ+ e seus
entes queridos. Com mais de 400 capítulos e milhares de membros, a PFLAG
trabalha para criar um mundo onde todas as pessoas sejam aceitas, respeitadas e
amadas por quem são.
Visite: pflag.org
(em inglês)
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