
O Que é a Teoria da Internet Morta?
A teoria da “Internet Morta” foi formulada por um usuário anônimo chamado Illuminati Pirate em 2016, dentro de um fórum underground. Ela propõe que a partir de meados da década de 2010 (por volta de 2016), a maior parte da internet que consumimos deixou de ser produzida ou movimentada por seres humanos e passou a ser gerada por robôs, bots e inteligência artificial. Ou seja, não é que a internet acabou, mas sim que sua essência humana foi gradualmente substituída por mecanismos automatizados que simulam interações humanas.
Lorelay relembra como a internet dos anos 2000 e início da década de 2010 funcionava de maneira mais orgânica e descentralizada: blogs pessoais, fóruns, Tumblr, sites independentes de nicho. As pessoas escreviam, comentavam e interagiam diretamente. Porém, esse ecossistema foi engolido por poucas redes sociais monopolistas (Facebook, Instagram, Twitter/X), que concentram e entregam conteúdos de forma artificial via algoritmos. Esses mesmos algoritmos agora decidem o que você vê, tornando a navegação passiva, repetitiva e previsível.
Como os Bots Tomaram Conta?
O vídeo explora como a presença dos bots se multiplicou em redes sociais e outros espaços da internet. Inicialmente, eram bots "inofensivos", como aqueles que organizam informações para ferramentas de busca ou atendem clientes. Porém, com o avanço da inteligência artificial, surgiram robôs mais sofisticados, capazes de criar perfis falsos, interagir com outros perfis, curtir, comentar, compartilhar conteúdos, inflar engajamentos e até criar posts completos.
A partir de 2016, durante as eleições americanas, ficou evidente que robôs eram usados para manipular a opinião pública, inflar hashtags, fomentar discursos de ódio e espalhar fake news. Isso aconteceu no Brasil também. Lorelay menciona o fenômeno dos "bots do Bolsonaro" e como comentários automáticos infestavam as redes.
Segundo a apresentadora, essa massiva presença robótica desumanizou as interações. Hoje, as redes são cheias de perfis falsos que parecem reais, mas foram criados para manipular engajamento ou vender produtos e serviços duvidosos (principalmente criptomoedas e investimentos fraudulentos).
Dados recentes de empresas como Imperva e CloudFlare mostram que, em 2024, 50% do tráfego da internet já é gerado por bots, e 37% desses são bots maliciosos. O TikTok removeu milhões de contas falsas, o Instagram é estimado ter mais de 90 milhões de perfis falsos. Mesmo assim, isso não impede a proliferação.
O Impacto Psicológico e Cultural
Lorelay destaca o aspecto mais perturbador: não sabemos mais com quem ou com o quê estamos interagindo online. Isso afeta nossa percepção da realidade. Os algoritmos moldam o que você vê para reforçar engajamento e não a pluralidade de ideias. As pessoas começam a interagir mais com robôs do que com humanos, acreditando em conteúdos fabricados e opiniões automatizadas. Isso gera um ciclo de alienação: o usuário consome o que o algoritmo empurra, o algoritmo reforça aquilo que prende o usuário, e o restante da internet morre.
Ela também cita casos práticos: perfis falsos usando inteligência artificial para criar comentários genéricos em vídeos do YouTube, especialmente em nichos de finanças e criptomoedas, para atrair vítimas para golpes. Isso não apenas distorce os algoritmos de engajamento, mas também prejudica criadores de conteúdo reais.
A Produção de Conteúdo Também Está Corrompida
Outro ponto importante é a substituição dos humanos por IA na própria criação de conteúdo. Em 2024, 38% dos textos publicados em plataformas como Medium e Quora já eram gerados por inteligência artificial. A música também foi afetada: há casos de bandas fictícias que usam robôs para inflar seus números de streams, manipular rankings e desviar royalties que poderiam ir para artistas reais. O exemplo mais emblemático foi a banda fictícia "The Velvet Sandal", que conseguiu furar o sistema do Spotify, entrando em playlists oficiais.
Lorelay cita ainda que robôs já criam músicas para plataformas como Spotify, com objetivo único de gerar monetização a partir de plays falsos. Os próprios robôs escutam essas músicas, criam números, monetizam para os criadores e fortalecem o ciclo.
Pinterest e o Mundo das Imagens Falsas
Ela cita o caso do Pinterest como um exemplo claro de como a internet visual foi tomada por IA. Buscas por "decoração", "crochê", ou "amigurumi" resultam cada vez mais em imagens falsas, impossíveis de replicar no mundo real. Ela conta casos em que páginas vendiam receitas de crochê baseadas em imagens que nunca existiram fora da IA. Isso ilustra como a internet se encheu de promessas irreais, alimentadas por imagens e textos fabricados.
O Fim da Internet Independente
Outro efeito direto disso tudo é o sufocamento dos pequenos sites independentes. Com as IAs varrendo conteúdos para se alimentarem, esses sites recebem picos de acesso que seus servidores baratos não suportam, obrigando seus donos a fecharem as portas. O espaço livre e independente da internet está morrendo, não porque as pessoas perderam interesse, mas porque as IAs consomem sem dar nada em troca.
Além disso, as Big Techs, como Meta e X (Twitter), já planejam usar IA para substituir até relações humanas. Lorelay cita reportagens sobre a Meta desenvolvendo IA para interagir como "amigos virtuais", terapeutas digitais e agentes de IA, eliminando a necessidade de interação humana.
A Falta de Solução e a Normalização da Morte da Internet
Lorelay termina o vídeo refletindo sobre como tudo isso não é mais teoria da conspiração. São dados concretos, publicados por veículos sérios, que mostram como a internet deixou de ser aquele espaço humano de troca e se tornou um ambiente manipulado, robotizado e dirigido por corporações. Ela lamenta o fato de que as pessoas parecem não perceber ou não se importar com esse processo.
Ela reconhece que ainda há pessoas criando conteúdo verdadeiro (incluindo ela mesma), mas se pergunta até quando isso será possível. O ambiente se torna cada vez mais hostil, as interações mais falsas, o alcance mais restrito, a monetização mais difícil para humanos e cada vez mais favorável a robôs e algoritmos.
Reflexão Final
Por fim, Lorelay aponta que estamos diante de uma internet cada vez mais insustentável, onde as inteligências artificiais alimentam outras inteligências artificiais, criando um ciclo sem humanidade, onde a produção genuína tende a desaparecer. Ela questiona como a sociedade vai reagir, como o jornalismo sobreviverá, como continuaremos a confiar no que vemos. O vídeo termina sem respostas, mas com um convite à reflexão sobre o futuro da experiência online e o papel das inteligências artificiais nesse cenário.
Assista ao vídeo da querida Lorelay Fox (abaixo):
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