LGBT+ na Arábia Saudita: Entre poesia antiga e repressão moderna

 LGBT+ na Arábia Saudita: Entre poesia antiga e repressão moderna




Por Sergio Viula


Você sabia que o amor entre pessoas do mesmo sexo já foi celebrado na cultura árabe? No século VIII, poetas como Abu Nuwas exaltavam com beleza e ousadia o amor entre homens — uma prova de que a diversidade sexual sempre existiu, mesmo em sociedades profundamente religiosas.

Mas tudo mudou com a ascensão do wahabismo, uma vertente ultraconservadora do islã que surgiu no século XVIII e passou a influenciar fortemente a política e a cultura da região. O wahabismo defende uma interpretação extremamente rígida da religião, rejeitando costumes e práticas que não estejam alinhados à sua visão literalista.

Com a fundação da Arábia Saudita em 1932, esse movimento religioso se tornou a base ideológica do Estado — e com ele veio uma repressão severa a qualquer forma de dissidência, inclusive identidades e afetos LGBTQ+.


Criminalização e punições severas



Hoje, ser LGBTQ+ na Arábia Saudita é crime — e as consequências podem ser extremas:

Prisão, tortura e até pena de morte.

Castigos físicos públicos ainda são utilizados como forma de repressão.


Casos confirmados e registros legais

Embora o governo saudita seja extremamente opaco, a pena de morte por “sodomia” está prevista na legislação baseada na Sharia, especialmente para homens casados.

Organizações internacionais, como a ILGA World, e relatórios de governos estrangeiros, como o do U.S. Department of Justice, confirmam que:

Relações sexuais consentidas entre pessoas do mesmo sexo podem ser punidas com a morte.

O método de execução geralmente é a decapitação pública.

Embora haja registros oficiais de execuções em que a “sodomia” aparece como parte das acusações, não há casos públicos confirmados em que a pena capital tenha sido aplicada exclusivamente por relações consensuais entre adultos.

⚠️ Importante: muitas das execuções divulgadas incluíam acusações adicionais, como violência sexual, o que impede confirmar que a morte foi exclusivamente por orientação sexual ou ato consensual.


Pessoas trans: sem direitos e sem proteção

  • Pessoas trans não são reconhecidas legalmente no país.
  • Não podem retificar nome ou gênero em documentos oficiais.
  • Sofrem prisões arbitrárias, espancamentos, terapia de conversão forçada e humilhações públicas.
  • Há relatos de mulheres trans colocadas em prisões masculinas, onde enfrentam abusos físicos e sexuais.


O caso Tala Safwan



A influenciadora Tala Safwan, que tem 4,9 milhões de seguidores no TikTok, foi presa em Riade durante uma transmissão ao vivo por causa de uma simples insinuação lésbica em tom de brincadeira. O caso gerou indignação internacional e expôs a vigilância constante sobre pessoas LGBTQ+ no país.


Vozes no exílio

Muitas pessoas LGBTQ+ sauditas buscam asilo em países como Reino Unido e Canadá, onde podem viver com mais liberdade. De fora, elas pressionam por mudanças e denunciam as violações de direitos humanos praticadas pelo governo saudita.


O amor sempre existiu — e nenhuma repressão apaga a história.

A luta das pessoas LGBTQ+ sauditas mostra que resistência também floresce nos desertos mais áridos.

Para quem entende bem inglês falado, existe um podcast feito por árabes queer e de outros países com maioria muçulmana. Saiba mais aqui: THE QUEER ARABS -  https://thequeerarabs.com/

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