Pastor dos EUA leva rifle AR-15 ao púlpito e transforma sermão em culto armado

Por Sergio Viula
Um vídeo que vem circulando nas redes mostra o pastor Philp Thornton, da Legacy Faith Church, em Harrisburg, Pensilvânia (EUA), conduzindo um sermão com um rifle semiautomático AR-15 nas mãos — o mesmo tipo de arma usada em inúmeros massacres escolares e ataques em massa nos Estados Unidos.
Durante a pregação, Thornton fala sobre “fé, liberdade e autodefesa”, associando o armamento à “proteção divina” e à “responsabilidade do homem cristão de defender sua família”. O pastor chega a erguer a arma diante da congregação, dizendo que “Deus não chamou o Seu povo para ser fraco”. O gesto foi aplaudido por fiéis, muitos dos quais também exibiam símbolos cristãos e bandeiras norte-americanas.
O episódio reacende o debate sobre o nacionalismo cristão armado — uma ideologia que mistura fé evangélica, patriotismo extremo e o culto às armas. Essa corrente vem crescendo especialmente entre grupos ligados à direita cristã nos Estados Unidos, que enxergam o porte de armas não apenas como direito constitucional, mas também como um “mandato divino”.
Especialistas alertam que esse tipo de discurso representa uma ameaça tanto à segurança pública quanto à própria integridade da fé cristã, ao distorcer princípios religiosos em nome da violência. Em um país que enfrenta tiroteios quase diários, o uso de um fuzil de guerra em um púlpito simboliza a perigosa fusão entre fundamentalismo religioso e cultura das armas.
O vídeo do sermão de Philp Thornton — disponível no YouTube — rapidamente se espalhou, gerando indignação e preocupação. Muitos internautas apontaram o contraste entre a mensagem de Jesus, baseada na não violência, e o ato de empunhar uma arma de guerra em nome de Deus.
Esse tipo de cena reforça a necessidade de discutir com urgência o papel das igrejas e líderes religiosos na propagação de ideologias extremistas. Quando a fé se torna veículo de intolerância e violência, ela deixa de ser libertadora para se tornar instrumento de opressão.
Reflexão final – por Sergio Viula
Ver um pastor pregar com uma AR-15 nas mãos é testemunhar o exato oposto do que qualquer mensagem de paz deveria inspirar. É o retrato de uma espiritualidade sequestrada pela paranoia e pela idolatria da força. Essa fusão entre fé e violência não é um acidente: é o resultado de anos de manipulação religiosa, usada para alimentar o medo e justificar o ódio.
Enquanto líderes religiosos transformam armas em símbolos sagrados, o mundo precisa urgentemente de vozes que reafirmem a humanidade, a empatia e a convivência pacífica — valores que transcendem religiões. A fé, se quiser continuar sendo relevante, deve ser ponte e não gatilho.
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