A impunidade está deixando de ser a regra (neonazistas presos)

Neonazistas presos

Neonazistas na mira da justiça – e a luta contra a intolerância continua

📅 Sexta-feira, 19 de junho de 2009
✍️ Postagem do blog Fora do Armário

Ao contrário do que muita gente pensa — especialmente aqueles que ainda se alimentam de ódio e violência — a palavra do dia já não é impunidade. A justiça começou, enfim, a se mover contra grupos organizados de intolerância. E já era hora.

A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), em São Paulo, está investigando cerca de 35 pessoas suspeitas de integrar o grupo neonazista Neuland, liderado pelo economista Ricardo Barollo, de 33 anos, preso sob acusação de ter mandado matar um casal de integrantes dissidentes do próprio movimento no Paraná. O grupo, considerado o mais ideologicamente organizado, também tem atuação política e células em Campinas, Sorocaba, Limeira e na capital paulista.

A ação da polícia revelou não só a estrutura armada do grupo — incluindo a prisão de Alessandro Martines com 147 itens bélicos — como também o nível de radicalismo dos envolvidos. De classe média e média alta, dizem se considerar descendentes "puros" de europeus e querem, literalmente, um país sem negros, homossexuais e judeus.

Mas esse ódio não é só retórico. Em Campinas, integrantes do Neuland picharam salões voltados à população negra. Na capital, cinco pessoas foram presas fazendo panfletagem contra as cotas raciais, associadas ao grupo Resistência Ariana. E há investigações em andamento sobre o assassinato brutal dos estudantes Bernardo Dayrell Pedroso e Renata Waechter Ferreira, em Quatro Barras (PR), um crime que pode ter sido motivado por divergências internas quanto à escalada armamentista do grupo.

A polícia do Rio Grande do Sul também monitora cerca de 50 neonazistas e o Ministério Público já considera possível indiciar os envolvidos por formação de quadrilha — algo absolutamente necessário diante da gravidade das ações.

🗨️ Comentário deste blogueiro:

Já prenderam neonazistas que assassinaram neonazistas. Agora só falta prender aqueles que atacaram homossexuais em São Paulo e outras cidades brasileiras. Estamos aguardando…


Em memória de Marcelo Campos Barros

Enquanto isso, na vida real, os nossos seguem tombando.

No último domingo, Marcelo Campos Barros, cozinheiro de 35 anos, foi brutalmente espancado após a 13ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. Morreu na quarta-feira, vítima de traumatismo craniano. Amigos relatam que ele sequer participou da Parada: voltava de um churrasco quando foi agredido. Seu celular foi roubado e, ao ser atendido por um desconhecido, ouviu-se ao fundo: "Acabamos com o negrinho."

Dois protestos estão sendo realizados para lembrar Marcelo: um nesta sexta-feira (19), na Vila Madalena, e outro no sábado (20), na Av. Dr. Vieira de Carvalho, organizado pela Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo. O secretário de Justiça do Estado, Luiz Antonio Marrey, confirmou presença e prometeu reforço policial. “Foi uma boçalidade, uma intolerância que não pode acontecer em uma sociedade democrática”, disse ele.

Durante a Parada, ao menos 54 pessoas ficaram feridas — vítimas de agressões e até da explosão de uma bomba caseira. A polícia ainda investiga se o grupo responsável pelo ataque a Marcelo tem conexões com os neonazistas que vêm sendo investigados.


Enquanto grupos se organizam para pregar ódio, nós seguimos organizando amor, resistência e memória.


Marcelo vive em cada um de nós que se recusa a abaixar a cabeça.


Nazistas, racistas e homofóbicos: a casa de vocês está caindo.

✊ Fora do Armário — porque a vida é para ser vivida em voz alta.

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