

Animais gays são comuns, mostram pesquisas
DINITIA SMITH - New York Times
O Estado de São Paulo
8/2/2004
Provas de comportamento homossexual em todo o reino animal alimentam debate na sociedade

NOVA YORK - Roy e Silo, dois pingüins do Zôo do Central Park, são completamente devotados um ao outro. Inseparáveis, juntos há quase seis anos, vocalizam um para outro, entrelaçam seus pescoços, fazem sexo. São pingüins gays. Certa época ficaram tão desesperados para chocar um ovo, que rolaram um pedra para o ninho. O tratador Rob Gramzay acabou por dar a eles um ovo, que eles chocaram cuidadosamente por 34 dias até que Tango, uma fêmea, nascesse. Tango foi carinhosamente alimentada e aquecida por Roy e Silo por dois meses e meio até se tornar independente. "Eles fizeram tudo direitinho", conta Gramzay.
Roy e Silo não são exceções. O zôo tem outro casal gay, Milou e Squawk, e teve duas fêmeas, Georgey e Mickey, que também tentaram chocar um ovo. Os cientistas têm evidências de comportamento homossexual em todo o reino animal e esses dados agora estão alimentando o debate sobre a questão na sociedade americana às voltas com questões que vão desde o casamento gay até as leis contra a sodomia. Se o homossexualismo ocorre entre animais, significa que é natural para seres humanos também? Se o homossexualismo não é uma escolha, mas resulta de forças naturais que não podem ser controladas, pode ser imoral?
A discussão aberta sobre a homossexualidade dos animais é recente. "Havia uma certa timidez cultural em admiti-la", diz Frans de Waal, um dos mais importantes primatologistas do mundo, que detonou um debate em 1997 ao lançar seu livro sobre bonobos, primatas que são parentes muito próximos do homem, com enorme energia sexual. Em cativeiro ou na floresta, quase todos são bissexuais e metade de suas relações sexuais são com bonobos do mesmo sexo. As fêmeas têm relações com outras fêmeas de hora em hora. Antes do livro, pesquisadores raramente mencionavam o assunto. "Eles mostravam fotos das fêmeas tendo relações e na legenda escreviam que eram muito afetuosas."
Em 1999, Bruce Bagemihl publicou outro livro, relatando que comportamentos homossexuais tinham sido observados em 450 espécies. O trabalho foi citado no caso Lawrence versus Texas, que contestou a lei anti-sodomia. Bagemihl diz que, embora esse comportamento seja observado em cativeiro, é muito mais comum no hábitat natural dessas espécies. Entre 10% e 15% das fêmeas de gaivotas são homossexuais. Ocasionalmente, elas têm relações com machos, mas voltam para a companheira para pôr e chocar seus ovos.
Jovens golfinhos são famosos pelas atividades homossexuais em cativeiro ou no mar. Machos e fêmeas de macacos rhesus também. Esses comportamentos em animais vêm sendo registrados desde 1700, mas poucos livros foram escritos sobre o tema. Tudo porque os pesquisadores temem o preconceito e as suspeitas sobre sua sexualidade.
Os cientistas, porém, dizem que o fato de animais exibirem comportamento homossexual não significa que seja geneticamente determinado. "A gente pensa que os animais são pura biologia e genética, mas não são", diz Bagemihl. Mas não dá para extrapolar para seres humanos. O que esses estudos mostram, porém, é que sexualidade é um termo bem mais abrangente do que se gostaria de pensar.
"A gente tem essa idéia de que o mundo animal é certinho, um mundo católico conservador em que os animais só fazem sexo com vistas à reprodução", compara Marlene Zuk, professora de biologia da Universidade da Califórnia.
As fêmeas de bonobo, por exemplo, têm relações mesmo fora de seu período fértil. "Sexo é muito mais do que fazer bebês. E não há motivo para surpresa. Nós também somos animais", diz.
Fonte: http://www.sistemas.aids.gov.br/imprensa/Noticias.asp?NOTCod=53790
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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO
Só mesmo o preconceito, idiota como é, para não enxergar a naturalidade da homossexualidade tanto quanto da bissexualidade ou da heterossexualidade. Só mesmo uma mente adoecida por dogmas e crenças no absurdo para tentar justificar fatos como o da homossexualidade entre os animais com qualquer coisa que não a própria natureza, bela e indiferente às idéias humanas como só ela é!
Então, como não podia deixar de faltar um toque drag. Aí vai um porquinho bem simpático, montado para arrasar com as monas e os bofes de plantão! kkk

Ele não é tudo o que há de mais moderno?
Oinc, Oinc, Oinc...
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ResponderExcluirCara, há muitas premissas e não poucas idéias pra se retirar do texto. Opto pela tentativa de reflexão sobre um fato: a natureza é bem sábia, pois nos cerca com total esperança na incerteza. E qual? A que nós ainda estamos aprendendo a lidar com ela, mas jamais a subjugaremos!
Enclausurar uma idéia, privando-a do debate, por exemplo, é ausência de diálogo, logo, absolutismo pedante. Assim ocorre com a Moral para os cristãos (seja de que religião for dentro deste segmento), esta mesma que impede o próprio avanço dos debates e da discussão de temas relevantes para milhares de seres humanos. Freud, por exemplo, no tocante à sexualidade (considerando nos seus estudos o tema “homossexualidade” entre humanos e animais), passou boa parte de sua vida acadêmica criticando tal postura – a da moral ocidental cristã. É por isso que digo, ainda que parecendo fugir ao tema, que o cristianismo faria um bem enorme caso não existisse. E digo isto pensando não apenas nos seus conceitos dogmáticos, mas sobretudo na História de manipulações, medos, traumas, torturas, mortes, carnificinas, despotismos e toda sorte de interferência para obtenção de poder visível aqui na Terra.
Fingir que o óbvio não existe é idiotizar as mentes à prisão!
Beijo, querido. Obrigado pela relevância de tua presença lá no blog!
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Adorei teu comentário, menino! Vc é demais! :)
ResponderExcluirTeu blog "Farelos e Sílabas" é fantástico! Tem muito coração batendo ali.
Obrigado pelo carinho de sempre.
Sergio Viula
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ResponderExcluirReafirmo as palavras acima, explicando-as que o tema inserido no meu comentário teve como base as refutações enormes de parte dos leitores dos jornais citados que misturam Ciência e fé, colocando-as em pé de guerra, o que por si só já é algo absurdo.
Aqui no blog, conquanto ninguém tenha se posicionado contra a matéria por razões ligadas à fé ou moral, achei conveniente tocar no aspecto da moral religiosa, uma vez que ela mesma é quem insufla os opositores ao livre debate sobre algo que a Ciência apenas comprova ser naturalmente existente na natureza.
É só isso. Tá explicado. Grato pelas tuas palavras, amigão!
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Arrasou, amigo!
ResponderExcluirObrigado por desenvolver o tema. :)
Beijo!!!!
Sergio Viula