Homofobia, AIDS, Camisinha


HIV, AIDS e juventude LGBT: dados que não podem ser ignorados


Na Bahia, os números falam por si: até 2007, já haviam sido notificados 8.263 casos de infecção pelo HIV, com 2.514 mortes causadas pela Aids, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SESAB). Somente naquele ano, 519 novos casos foram registrados no estado, além de 51 óbitos.

A população LGBTQIA+ é a mais afetada pela epidemia. Homens homossexuais representam 26% dos casos, bissexuais, 16% — juntos, 42% das notificações. Enquanto isso, os heterossexuais representam 19%. Esses números escancaram uma realidade muitas vezes negligenciada pelas políticas públicas de saúde: o impacto desproporcional da Aids sobre a comunidade LGBT.

De acordo com estudos do Ministério da Saúde, gays têm 11% mais chance de se infectar com o HIV e 18% mais risco de morrer de Aids. Esses dados não são uma simples coincidência. A homofobia estrutural é um fator determinante nessa vulnerabilidade. A intolerância expulsa jovens de casa, rompe vínculos familiares e empurra adolescentes LGBTQIA+ para situações de risco, como a prostituição e a falta de acesso à prevenção e à informação.

O preconceito também se reflete nos dados sobre violência. No Brasil, um homossexual é assassinado a cada dois dias, vítima da homofobia. Enquanto isso, uma pesquisa realizada pelo sociólogo Alberto Carlos Almeida, em A Cabeça do Brasileiro (2007), revelou que 78% dos brasileiros são contra a homossexualidade masculina — número que salta para 91% no Nordeste.

Nos anos 90, a Aids ainda era cercada pelo estigma da "peste gay", e muitos homossexuais adotaram rapidamente o sexo seguro como forma de proteção e sobrevivência. Hoje, no entanto, o cenário entre os jovens mudou: o medo da epidemia diminuiu, e, com isso, o uso do preservativo também caiu. Isso torna ainda mais urgente o papel do Estado em promover campanhas educativas, contínuas e específicas, que falem diretamente com os adolescentes LGBTQIA+, garantindo acesso à informação, ao preservativo e ao direito de viver sua sexualidade com liberdade e segurança.

Neste mesmo espírito, a campanha do Ministério da Saúde daquele ano trouxe o lema:
“Sua atitude tem muita força na luta contra a Aids.”

Sim, tem. Mas para isso, é preciso garantir que todas as atitudes — inclusive as do poder público — estejam do lado da vida, da saúde, do acolhimento e dos direitos da população LGBTQIA+.

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