Filme polêmico “PECADO DA CARNE”



O filme "Pecado da Carne" (Einaym Pkuhot, título original em hebraico, que significa "Olhos Abertos" em inglês: Eyes Wide Open) é um drama israelense dirigido por Haim Tabakman, que estreou em 2010 no Brasil, em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília. A obra causou polêmica por abordar a homossexualidade em um ambiente religioso extremamente conservador.

✡️ Enredo

O filme se passa no tradicional e ultraortodoxo bairro Meah Shearim, em Jerusalém. O protagonista, Aaron Fleishman (interpretado por Zohar Strauss), é um judeu devoto, pai de quatro filhos, que herda o açougue kosher do pai. A rotina e o equilíbrio da sua vida religiosa e familiar são abalados com a chegada de Ezri (vivido pelo galã israelense Ran Danker), um jovem estudante que Aaron acolhe como ajudante.

O envolvimento emocional e físico entre os dois cresce aos poucos, carregado de tensão, silêncio e desejo contido. A relação coloca Aaron em confronto direto com os valores de sua comunidade, sua fé e sua própria identidade. Quando descoberto, o relacionamento causa escândalo e violência por parte da vizinhança religiosa, levando a um impasse trágico.

🎬 Destaques e Repercussão

  • O filme foi exibido na mostra "Un Certain Regard" do Festival de Cannes 2009, voltada a obras de estilo mais autoral e inovador.

  • O ator Zohar Strauss recebeu o prêmio de melhor ator no Jerusalem Film Festival, pelo seu desempenho contido e poderoso.

  • O roteiro de Merav Doster trata com sensibilidade e sem maniqueísmo os dilemas internos dos personagens.

  • A direção de Haim Tabakman é sóbria, cuidadosa e emocionalmente envolvente, com um ritmo lento, mas profundamente simbólico.

🎭 Temas centrais

  • Conflito entre fé e desejo

  • Identidade sexual em ambientes repressivos

  • O peso da tradição e do controle social

  • A busca por autenticidade e amor verdadeiro

🏳️‍🌈 Relevância para o público LGBTQIA+

"Pecado da Carne" é uma obra intensa e tocante para quem se interessa por histórias de autoaceitação, resistência e amor proibido, especialmente dentro de contextos religiosos opressivos. Sem cair em clichês ou melodramas, o filme mostra como a repressão pode ser devastadora, e como o amor — mesmo quando condenado — pode revelar o que há de mais vivo e humano em alguém.


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🌈 Resenha – "Pecado da Carne" (Einaym Pkuhot)

Quando o desejo desafia a fé: um amor proibido no coração de Jerusalém

Em tempos em que o amor ainda precisa ser justificado, o filme Pecado da Carne, do diretor israelense Haim Tabakman, surge como um sopro de coragem — ou, talvez, um sussurro aflito de quem vive entre dois mundos que parecem inconciliáveis: o da fé e o do desejo.

Ambientado no bairro ultraortodoxo de Meah Shearim, em Jerusalém, o longa retrata com uma beleza melancólica e silêncio eloquente a história de Aaron Fleishman (Zohar Strauss), um açougueiro kosher, pai de quatro filhos, que leva uma vida religiosa aparentemente tranquila — até a chegada de Ezri (Ran Danker), um jovem estudante que entra na sua vida como um raio de luz num quarto escuro.

Aos poucos, os dois homens constroem uma relação marcada pela contenção, pela tensão, pela delicadeza e pela inevitável força de um amor que não ousa dizer seu nome dentro daquela comunidade. Não há discursos inflamados nem cenas exageradas. O filme aposta no olhar, no toque que hesita, no peso do silêncio — e é justamente isso que o torna tão poderoso.

Aaron, até então considerado um exemplo de devoção, passa a ser perseguido por sua comunidade religiosa. O escândalo não se resume a fofocas: há ameaças, violência, exclusão. Quando confrontado, ele resume sua dor em uma frase simples e brutal: "Antes de Ezri, eu estava morto." Essa sentença ecoa como um grito sufocado de tantos que vivem aprisionados por dogmas, tradições e medo.

Pecado da Carne não tenta resolver o dilema. Não oferece saídas fáceis, nem finais felizes. Ao contrário, apresenta o drama de quem ousa amar onde o amor é proibido, e nos obriga a encarar: quantas vezes já dissemos "não" ao nosso verdadeiro eu apenas para caber no molde dos outros?

O filme conquistou prêmios, foi exibido na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes, e é uma obra obrigatória para quem se interessa por temas LGBTQIA+ dentro de contextos religiosos, culturais e sociais complexos.

É impossível sair ileso dessa história. Porque ela é a nossa história — a de tantos que já viveram (ou ainda vivem) o dilema entre pertencer e ser.


Para assistir de coração aberto — e olhos também.
📍 Estreou em 2010 no Brasil, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Brasília.
🎥 Direção: Haim Tabakman | Roteiro: Merav Doster | Elenco: Zohar Strauss, Ran Danker, Tzahi Grad


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