Veja os desdobramentos da agressão homofóbica ao jovem cabelereiro de Juiz de Fora
Juiz de Fora - MG
21 de Janeiro de 2012 - 07:00
Vítima de homofobia diz que recebia ameaças
Associação Nacional de Gays vai exigir rigidez na investigação do caso ocorrido esta semana em JF
Por Marcos Araújo
O cabeleireiro de 19 anos, violentado sexualmente e agredido a pauladas, na noite de terça-feira, foi ouvido ontem pela Polícia Civil. Em seu depoimento, a vítima contou que vinha recebendo ameaças e já havia registrado um boletim de ocorrência de perturbação da tranquilidade. Com a ida dele à delegacia, foi instaurado inquérito para apuração do crime de estupro, com motivação homofóbica. A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) e o Movimento Gay de Minas (MGM) vão solicitar à Polícia Civil rigidez na investigação do caso. O objetivo é evitar que o ocorrido seja mais um na lista de crimes impunes. De acordo com a delegada Mariana Veiga, responsável pela investigação, durante o depoimento, o rapaz alegou que era vítima de ameaças, com cunho homofóbico, e, inclusive, teria recebido mensagens ameaçadoras via telefone celular. O jovem teria apontado o nome da pessoa que a intimidava e de outras ligadas a ele.
"Colhemos todos os nomes, e todos serão intimados para prestar esclarecimentos", ressaltou Mariana, acrescentando que os depoimentos devem ser realizados na próxima semana. A delegada ainda aguarda o resultado do exame, que tem prazo de dez dias para ficar pronto. "Tão logo a delegacia tomou conhecimento dos fatos, foi providenciada a realização de exame de corpo de delito, verificada as condições de saúde da vítima e já foi expedida ordem de serviço para apuração da autoria do crime".
Ainda durante o depoimento, conforme a delegada, o cabeleireiro confirmou ter sido agredido com chutes, pauladas e molestado sexualmente por três homens, em uma obra na Zona Norte. Uma mulher, que teria servido de isca para atrair a vítima, teria fotografado toda a ação dos abusadores. "Segundo o violentado, todo o bando que executou a agressão estava de cara limpa, mas nenhum é conhecido da vítima. Vamos apurar se existe ligação entre essas pessoas e os autores das ameaças", afirmou Mariana.
Para o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Toni Reis, a ocorrência do crime deste teor é uma lástima para o Brasil. "O caso foi denunciado para as organizações que temos em todas as capitais e centros de referência de direitos humanos e centros de referência LGBT. A ideia é utilizar as leis existentes, uma vez que a homofobia não é criminalizada. Assim, usamos a legislação para injúria, difamação e agressão, para processar o criminoso a fim de que não fique impune", destacou Reis, lembrando que a ABGLT recebeu, em 2011, 809 denúncias e que, no mesmo período, o Disque 100, que tem uma modalidade GLBT, registrou 950 ligações. "O número é apenas a ponta do iceberg. A violência homofóbica é muito grande, e as pessoas, em muitos casos, não têm acesso à internet, telefone, e-mails e redes sociais para denunciar. Há aqueles que não se sentem encorajados a fazer a denúncia, porque não são assumidos e acabam no anonimato, subnotificando os registros."
De acordo com o presidente do Movimento Gay de Minas, Marco Trajano, estão sendo prestados apoio jurídico e psicológico à vítima e ao ser parceiro. "Vamos juntos com a comissão de diversidade sexual da OAB e com o centro de referência GLBT da Prefeitura solicitar, ao chefe da Polícia Civil mineira, por meio do Centro de Referência GLBT de Minas Gerais, rigor na apuração deste caso." Em conversa com a Tribuna, o cabeleireiro disse que quer justiça e ir embora de Juiz de Fora. "Espero que consigam identificar os agressores. A dor que aguentei foi por mais de uma hora e meia. Fiquei ferido na perna, no ânus e estou com dificuldades para andar."
MARCO TRAJANO
CENTRO DE REFERENCIA LGBT/PJF
MOVIMENTO GAY DE MINAS
CENTRO DE REFERENCIA LGBT/PJF
MOVIMENTO GAY DE MINAS
Que absurdo! Isso não faz o mínimo sentido. Depois esse 'povo' diz que "viado" é sujo.
ResponderExcluirA coisa mais suja nesse país é o preconceito sustentado pela pastorada e padrecada que estimulam esse tipo de coisa nos templos, TVs, rádios, internet, etc. Além da conivência silenciosa das autoridades.
ResponderExcluirAbraço, querido.
Sergio Viula