A Mulher Solidária com Outras Mulheres — Todas as Mulheres, incluindo as mulheres trans

A Mulher Solidária com Outras Mulheres — Todas as Mulheres, incluindo as mulheres trans

Inspirado por “The Woman-Identified Woman” (1970)
Atualizado para refletir as lutas contemporâneas das mulheres trans e cis




O que é uma mulher?

Ainda hoje, há muitas respostas a essa pergunta. Muitas delas continuam sendo moldadas por uma lógica patriarcal que define as mulheres pelo olhar dos homens ou por padrões biomédicos restritos. Algumas correntes dentro do próprio feminismo insistem em definir mulher exclusivamente com base em genitália ou biologia reprodutiva, excluindo assim as mulheres trans de sua comunidade e de sua luta.

Mas, como já afirmaram feministas radicais no passado, a mulher não deve ser definida pela sua relação com os homens, nem pelos papéis que o patriarcado lhe impõe. A mulher deve ser definida por si mesma, por suas vivências, suas alianças e sua luta por libertação. Isso inclui todas as mulheres — cis ou trans — que vivem sob o peso da misoginia, da exclusão, da violência e da negação de sua identidade.

No século XX, muitas feministas heterossexuais rejeitavam as lésbicas como “ameaças” à causa. Hoje, vemos esse mesmo erro se repetir: mulheres trans sendo tratadas como “ameaças” ou “intrusas” por outras mulheres que deveriam ser suas aliadas.

Assim como as lésbicas desafiaram a estrutura patriarcal ao afirmarem sua identidade fora da normatividade heterossexual, as mulheres trans desafiam o mesmo sistema ao romperem com os papéis de gênero impostos desde o nascimento. Elas não apenas existem — resistem. E o fazem sob uma carga brutal de discriminação, violência, invisibilidade e rejeição, inclusive nos espaços que deveriam acolhê-las: os espaços feministas.

Uma mulher solidária com outras mulheres é aquela que não se limita à própria experiência para reconhecer o que é ser mulher. Ela sabe que a opressão assume formas diferentes, mas parte de uma mesma raiz: o controle dos corpos, das identidades, das vozes femininas — em todas as suas formas. Ela se recusa a ser cúmplice de sistemas que selecionam quem é digna de existir como mulher.

Se o feminismo pretende ser libertador, ele precisa ser radical na inclusão, e não na exclusão. Precisa rejeitar o essencialismo biológico que serve à misoginia e abrir espaço para a pluralidade das experiências femininas — vividas por mulheres cis, mulheres trans, mulheres lésbicas, bissexuais, intersexuais e todas aquelas que são marginalizadas por desafiarem a ordem estabelecida.

Hoje, como ontem, uma mulher verdadeiramente identificada com outras mulheres é aquela que escolhe a solidariedade em vez do medo, a escuta em vez do silenciamento, a acolhida em vez da exclusão.

A revolução feminista ainda está por vir. Mas ela só será possível se for feita por todas as mulheres — juntas.


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💜 O que o símbolo representa?

O conjunto do símbolo representa o transfeminismo como um movimento de resistência interseccional, que reconhece:

  • Que a violência de gênero afeta também pessoas trans e não binárias;
  • Que o patriarcado oprime de maneiras diferentes, e que não existe uma única experiência de ser mulher;
  • Que é necessário incluir mulheres trans, travestis, homens trans e pessoas não binárias na luta feminista;
  • Que o feminismo deve ser inclusivo, antirracista, anticapitalista e anti-hierárquico.

Frase que representa esse símbolo:

“Não há feminismo sem transfeminismo.” — Uma das principais bandeiras do transfeminismo contemporâneo.

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