Gays protestam contra o Papa na Espanha com 'beijaço' público

Beijo contra a intolerância: ativistas LGBTQ+ protestam durante visita do Papa Bento XVI a Barcelona

Casal gay se beija durante a passagem do papamóvel de Bento XVI em Barcelona (Josep Lago/AFP)



No domingo da visita do Papa Bento XVI a Barcelona, a Praça da Catedral se tornou palco de um ato de protesto marcante. Pelo menos 100 ativistas gays e lésbicas se reuniram para um grande beijo coletivo em resposta à posição da Igreja contra os direitos LGBTQ+.

A manifestação foi organizada por meio das redes sociais e aconteceu no momento em que o papamóvel passava pelo local, seguindo em direção à icônica Sagrada Família. Enquanto os fiéis cantavam e saudavam o pontífice, os ativistas expressavam sua indignação diante da histórica oposição da hierarquia eclesiástica a direitos fundamentais, como o casamento igualitário e o acesso a métodos contraceptivos.

Jordi Petit, um dos líderes históricos do movimento LGBTQ+ na Catalunha, destacou a necessidade de um Estado laico, onde "a política siga seu caminho e a religião seja uma escolha pessoal". Ele criticou duramente a postura do Vaticano, que insiste em interferir em questões civis e de saúde pública, ao mesmo tempo que reafirmou seu respeito pelos cristãos de base que lutam por uma sociedade mais justa.

Durante o protesto, palavras de ordem foram entoadas pelos manifestantes, enquanto, do outro lado, grupos de jovens católicos respondiam em defesa do Papa. O clima de tensão refletiu o embate entre um Vaticano que resiste às mudanças sociais e uma sociedade que avança na ampliação dos direitos humanos.

A visita de Bento XVI à Espanha ocorreu em um momento de crescente atrito entre o governo espanhol e o Vaticano, especialmente após a legalização do casamento igualitário em 2005 e a ampliação dos direitos reprodutivos das mulheres. Em sua homilia, o Papa criticou tais avanços, reafirmando sua defesa do que chamou de "ordem natural da família", excluindo da sua visão de mundo as diversas formas de amor e convivência que existem na sociedade.

O protesto na Praça da Catedral foi um lembrete de que a resistência contra a intolerância segue viva. Em um mundo onde direitos conquistados são constantemente ameaçados, expressões de afeto se tornam também expressões de luta. E essa luta continua.

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