Sobre a criminalização da homofobia



Este foi um texto que eu coloquei num fórum no orkut. Achei válido colocá-lo aqui para reflexão.


Sobre a criminalização da homofobia


Por Sergio Viula


Quando se fala em criminalização da homofobia, as pessoas pensam logo em coisas como o direito de abraçar ou beijar o namorado (ou a namorada, no caso das lésbicas) em público. Mas será que essa deveria ser nossa primeira imagem do que significa combater a homofobia? Não que isso não possa estar no pacote, mas será que deveria ser a nossa mais forte impressão pessoal a respeito do assunto?

Quando penso em quantos homossexuais sofrem agressões violentas, indo parar no hospital ou no necrotério por causa de grupos homofóbicos extremistas; ou quando penso nas pessoas que perdem seus empregos apenas por assumirem um relacionamento fixo com alguém do mesmo gênero (caso de duas professoras, no ano passado, apresentado no Fantástico); ou quando penso no sofrimento dos viúvos ou viúvas que viveram anos com seus parceiros e que são literalmente expulsos de casa, sem direito a nada, quando algum parente — que desprezou o falecido a vida inteira por ser gay — se mete a herdeiro único; ou quando penso nas crianças que são agredidas dentro de casa por serem homoafetivas, ou nos adolescentes e jovens que são expulsos por terem sido descobertos homossexuais ou por terem voluntariamente assumido sua homoafetividade... Quando penso em tudo isso, a última coisa que me vem à mente é que a lei anti-homofobia seja importante para que eu possa beijar meu namorado em público. O que me vem à mente é que essa e outras leis semelhantes são de urgência máxima para manter o direito e a dignidade dos cidadãos homossexuais contra aqueles que querem espezinhá-los pelo prazer de vê-los sofrer.

A pergunta que eu lanço é a seguinte: por que os homossexuais e suas ONGs estão tão passivos quanto a isso? Falar nisso na Parada Gay e recolher assinaturas somente não é suficiente. Já temos algumas leis estaduais e municipais no Rio de Janeiro que são grandes conquistas — talvez em outras cidades também. No Judiciário, muitas lutas por adoção têm sido vencidas por pais e mães gays. Temos a parceria civil. Mas ainda falta...

O que falta pra você, como cidadão gay? E se você não é homossexual, o que você acha que ainda falta ao Brasil em termos de cidadania plena, especialmente no caso dos homossexuais?

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