EUA: Prefeito gay entrega cargo para não abrir mão do amor – e isso é revolucionário

EUA: Prefeito gay entrega cargo para não abrir mão do amor – e isso é revolucionário



J.W. Lown

22 de maio de 2009


J.W. Lown, prefeito da cidade de San Angelo, no conservador estado do Texas, acaba de dar um passo que poucos políticos no mundo teriam coragem de dar: renunciou ao cargo — dias após ser reeleito com uma vitória esmagadora — para ficar com o namorado mexicano, que está em situação migratória irregular nos EUA.

Sim, você leu certo.

Em vez de esconder seu relacionamento, ou manter as aparências enquanto tramava alguma manobra jurídica nos bastidores, Lown simplesmente escolheu o amor. De forma pública, clara, honesta. Disse que não poderia jurar cumprir as leis do país enquanto seu parceiro estivesse sob ameaça de deportação. Então, em um gesto raríssimo de integridade pessoal, renunciou à prefeitura e deixou os Estados Unidos com seu namorado.

O casal agora está no México, tentando regularizar a situação migratória — e, quem sabe, recomeçar uma vida juntos longe do fogo cruzado da política norte-americana e das suas contradições.

É impossível não se emocionar.

Num tempo em que tantos ainda vivem no armário por medo, vergonha ou pura falta de opção, um político jovem, popular, branco e de direita — sim, Lown é republicano — escolheu assumir publicamente seu relacionamento gay e lidar com todas as consequências disso. Inclusive a perda do poder, do status e da estabilidade profissional.

Não é o tipo de coisa que vemos todos os dias. Principalmente vindo de um homem com tanto a perder.

Claro, como qualquer pessoa que olha com um pouco mais de atenção, a gente se pergunta: será que não havia outra forma? Será que o namorado não poderia ter conseguido um novo visto? Será que Lown não poderia, como muitos fazem, casar-se com ele e regularizar a situação? Pode ser. Mas talvez a resposta mais simples seja a mais verdadeira: ele se apaixonou. E, ao contrário de tanta gente poderosa que prefere esconder ou mentir, ele escolheu viver esse amor de cabeça erguida.

Para nós, que lutamos todos os dias por visibilidade, dignidade e liberdade de amar, esse gesto é simbólico. Um político que renuncia ao cargo por amor a outro homem — e que não se esconde para isso — está abrindo caminhos que outros podem seguir. Está dizendo: sim, é possível escolher o amor. Sim, é possível viver fora do armário.

Torço para que J.W. Lown e seu namorado encontrem felicidade, segurança e reconhecimento onde quer que estejam. E torço para que esse gesto inspire outros — dentro e fora da política — a viverem suas verdades sem medo.

Porque o amor, meus amigos, ainda é a mais poderosa forma de resistência.

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