Premiê oficializa casamento gay

Louise Nordstrom - Associated Press

🌈 Islândia faz história: primeira-ministra casa-se com sua companheira e o mundo (quase) não reage


Por Fora do Armário

Julho de 2010


Notícia quente da fria Islândia: a primeira-ministra do país, Jóhanna Sigurðardóttir, de 67 anos, entrou para a história mundial ao tornar-se a primeira chefe de governo a se casar com uma pessoa do mesmo sexo.

Mas, curiosamente, o acontecimento quase não causou alarde nos países nórdicos. Afinal, por lá, a igualdade parece mais natural do que chocante. Sigurðardóttir formalizou sua união com a escritora Jónína Leósdóttir após anos de relacionamento, justamente no dia em que entrou em vigor a nova lei islandesa legalizando o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

O recado? Simples: na Islândia, amor é amor — até no Palácio do Governo.


Escandinávia na frente, como sempre

Enquanto países como Uganda ainda discutem leis que propõem a pena de morte para pessoas LGBTQIA+ (isso mesmo: pena de morte), os países nórdicos seguem liderando os rankings de respeito aos direitos humanos. Desde 1989, a Dinamarca já registrava parcerias civis homoafetivas. A Suécia ordenou seu primeiro bispo gay assumido. A Noruega, a Finlândia e até a Islândia — essa joia vulcânica — mostram que igualdade é, sim, possível.

Na Escandinávia, até parlamentares drag queens fazem parte da política sem escândalo. Um exemplo é Fredrick Federley, legislador sueco que, de vez em quando, aparece nas sessões do Parlamento como sua persona drag, Ursula. E ninguém parece se importar — exceto quando tentam saber se foi Ursula ou Fredrick quem pagou determinada viagem oficial.


E no resto do mundo?

O contraste é gritante.

Na África, 37 países criminalizam a homossexualidade. Políticos como Robert Mugabe (Zimbábue) chegam a afirmar que gays seriam “piores que cachorros e porcos”.

Em países como a Itália, onde a influência da Igreja Católica ainda é fortíssima, muitos acreditam que jamais veremos um primeiro-ministro gay. Mas cá entre nós: nunca é tempo demais. A própria Itália já aceitou divórcios, anticoncepcionais e outros “pecados modernos” — por que não direitos civis plenos para todos?

Nos Estados Unidos, nenhum político abertamente gay chegou perto da presidência — e ativistas como Peter Tatchell, do grupo britânico Outrage, lembram que a realidade europeia é bem mais aberta. Enquanto lá um casamento presidencial gay ainda soa impensável, aqui o evento já aconteceu — e foi recebido com a mais serena normalidade pelos islandeses.

Já os vizinhos bálticos — Estônia, Letônia, Lituânia — continuam conservadores. As Paradas LGBTQIA+ nesses países muitas vezes reúnem mais manifestantes contrários do que participantes.


💬 Comentário deste blogueiro

Esse momento é, sem dúvida, um marco na luta pelos direitos LGBTQIA+ no mundo — e merece ser celebrado com toda a força.


Mas vale refletir:

  1. A Itália não é imune à mudança. O conservadorismo católico pode resistir, mas não é eterno. O tempo mostra que as conquistas vêm — mesmo que aos trancos e barrancos.

  2. Uganda querer dar lição de moral na Islândia é, no mínimo, cômico. Um país com índices altíssimos de miséria, violência e desigualdade dizendo que o outro “não tem moral”? É rir para não chorar.

  3. “Casamento é sagrado”, dizem alguns. Mas então por que aceitam divórcios e segundos casamentos? Se é sagrado, que seja inviolável, certo? O problema não é “proteger” a instituição — é usar esse discurso seletivo para manter privilégios e excluir minorias.


No fim das contas, o que está em jogo é simples: todos merecem o direito de amar e serem reconhecidos pelo Estado e pela sociedade.


A Islândia deu um passo importantíssimo nessa direção. Que venham muitos mais. 🌈



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