Bolsonaro não vale nada, mas Dilma não precisava ouvir suas crapulices
Bolsonaro não vale nada, mas Dilma não precisava ouvir suas crapulices
Jair Bolsonaro é o lixo do lixo político. Pior: é o residuo podre (detrito) da História Suja escrita pela Ditadura Militar. Mas ele não é uma figura excêntrica e isolada, posto que representa o pensamento de parte ponderável das próprias Forças Armadas. Elas estão conformadas e profissionalizadas, mas há essa parte não convencida e recalcitrante.
Do mesmo modo, o deputado indecente representa o pensamento de setores inteiros da classe média. Inculta, pragmática, egoísta e analfabeta política. É um seguimento que dá conta do pensamento fascista enrustido e atualizado.
O fenômeno da despolitização e/ou alienação crescentes das classes médias, em todo o Mundo, não pode ser totalmente descrito neste espaço. Mas tem a ver, em linhas gerais, com as substanciais mudanças no modo de produção (com características pós-capitalistas ) que dilui as classe sociais e dá a sensação de certo esvaecimento ideológico.
Entretanto, o que há é o esvaecimento de ideologias que predominaram até a derrocada da União Soviética. Ideologias onde a luta classes (burguesia x proletariado) era, mais do que nunca, o “motor da História”.
Hoje, com a diluição dessas duas classes protagonistas, ocorreu o concomitante esgarçamento de suas ideologias. Mas as ideologias, não feneceram, apenas estão em fase de transfiguração. E a tarefa urgente das esquerdas é exatamente o de conceituar melhor esse processo.
Seja como for, é visível o conflito entre uma sociedade que se moderniza vertiginosamente – e exige sadia liberação sexual – e o recrudescimento de sentimentos fascistóides e preconceituosos. Sentimentos estes inflados, em boa parte, por seitas pentecostais que parecem tentar reimplantar o obscurantismo medieval na modernidade.
Bolsonaro (e aqui votamos ao tema inicial deste texto) representa, na forma mais grotesca, esse obscurantismo em confronto com os gestos generosos de proteção às minorias ou setores indefesos e ofendidos.
Por outro lado, é preciso reconhecer que os dois governos petistas representam um avanço em ralação a tucanagem. Bastam dois exemplos: uma política externa soberana e articulada e uma política econômica mais distribuitivista e menos submissa à ortodoxia neoliberal e ao Capital Financeiro. É muito pouco, porém. Sobretudo se nos lembrarmos do projeto petista inicial.
E não é difícil perceber que o PT e seu governo, submetem-se com certa doçura às chantagens conservadoras de sua extensa aliança garantidora da “governabilidade”. Fator que serve de pretexto para o seu próprio esmorecimento ideológico.
E a pergunta final: vale a pena manter-se em aliança com partidos como o PP de Bolsonaro? Um partido que além dele reúne as viúvas corruptas da Ditadura Militar, como o Maluf, entre outras.
Dentro de três anos o PT estará lutando novamente para manter-se no poder. Se mantiver essa postura tão negligente no aspecto ideológico e tão complacente com o fisiologismo vai ficando cada vez mais semelhante à concorrência, os demais grandes partidos. E então, tudo dependerá do desempenho da economia…
Eu não sei que motivo alguém teria para votar no Bolsonaro além da esperança de que a ditadura militar volte um dia, ou que a direita ultraconservadora tome o governo. Um amigo meu, já falecido, tinha um padrasto que era coronel do Exército, que costumava dizer que se Lula ganhasse a eleição (estávamos em 1998), ele não ficaria no governo porque logo iam dar golpe de Estado. O tempo deu a sua resposta. Nada como uma aliançazinha para acalmar os ânimos. É assim que o PT funciona.
ResponderExcluirO Maluf, apesar de ser tão execrável quanto o Bolsonaro, ainda tem aquela coisa do "rouba mas faz". Ninguém mais tem coragem de elegê-lo prefeito ou governador aqui em São Paulo, mas pra deputado ele tá garantido até morrer. E ele sabe fazer uma coisa que o Bolsonaro nunca aprendeu: ficar calado em vez de posar de cão raivoso.
Bom final de semana.
Excelente comentário, Kummitus! Obrigado por contribuir para essa discussão e reflexão.
ResponderExcluirAbração, querido.
Sergio Viula