Pulse: A tragédia continua. Agora são os negadores da tragédia.
Por Sergio Viula
Com informações da revista
The Advocate por Jacob Ogles
Com informações da revista
The Advocate por Jacob Ogles
http://www.advocate.com/crime/2016/12/12/latest-pulse-tragedy-claim-it-was-all-hoax
Teorias de conspiração agravam as dores das famílias e amigos dos mortos na boate Pulse
Não bastasse o sofrimento das famílias que perderam seus amados no atentado à boate Pulse em Orlando, assim como o trauma para os donos do estabelecimento e o choque para os Estados Unidos e para a maior parte do mundo, agora é a vez de pessoas obcecadas por teorias de conspiração ferirem mais uma vez as famílias afetadas pela tragédia: Gente desequilibrada insiste em dizer que o massacre nunca aconteceu.
Isso não é totalmente estranho aos brasileiros, pois há quem negue a existência de uma onda de crimes movidos por ódio contra pessoas LGBT no Brasil. Até o início de dezembro desse ano, mais de 300 vidas de pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgêneras foram destruídas com requintes de crueldade no país.
Essa semana, um "bolsominho" fez um vídeo só para dizer que a Parada LGBT de Copacabana 2016 havia sido um fracasso. A mentira é totalmente descarada, pois tanto a imprensa nacional e quanto a mídia internacional mostraram, em cores lindas, a multidão que tomou a Av. Atlântica para a celebração do Orgulho LGBT e para reivindicar a aprovação da lei João Nery, que reconhece direitos das pessoas transgêneros.
O que fez esse bolsonarete, então?
Ele foi até a Avenida Atlântica bem antes do horário do evento para dizer que ninguém tinha comparecido, apesar de saber que isso seria desmentido posteriormente por imagens inegáveis da multidão que compareceria - e de fato, compareceu - ao protesto festivo.
Gente desequilibrada como essas pessoas que negam os crimes por LGBTfobia no Brasil ou como esse seguidor de Bolsonaro que alegou que a Parada LGBT havia fracassado esse ano, mesmo diante das mais claras evidências de que estão mentindo para si mesmos e para os outros também sobre os crimes por LGBTfobia, têm negado essa outra cristalina obviedade: o massacre na boate Pulse.
A história de uma mãe é muito emblemática do que vem acontecendo. O relato foi publicado pela revista The Advocate:
"Na manhã seguinte ao ataque contra a Pulse em Orlando, Christine Leinonen ainda não sabia que seu filho estava entre os mortos. Ela caminhou pelas ruas com fotos, implorando que os jornais nacionais permitissem que ela aparecesse e contasse sua história. Quando ela finalmente soube que seu único filho, Christopher 'Drew' Leinonen, havia sido morto junto com seu namorado, Juan Guerrero, isso colocou sua vida permanentemente numa nova direção. Mas até hoje, muitas pessoas online ainda acreditam que ela esteja mentindo sobre a coisa toda."
A mãe diz o seguinte:
“O assassinato do meu filho e minhas subsequentes entrevistas foram rotuladas como uma farsa antes mesmo que eu descobrisse que meu filho tinha sido morto realmente, eu ainda estava procurando desesperadamente por ele."
Leinonen escreveu no Facebook semana passada: "Só um dos muitos vídeos fraudulentos sobre mim recebeu um milhão de visualizações. O interesse em tentar acreditar que o fuzilamento não ocorreu era maior do que o conhecimento da verdade.”
Cá entre nós, é provável que a motivação para desmentir a tragédia na Pulse seja bem diferente da motivação por trás das mentiras dos bolsonaretes e outros LGBTfóbicos que se esforçam herculeamente para silenciar a comunidade LGBT ou desmoralizá-la. Afinal, esse tipo de negação de tragédias em nome de desvairadas teorias de conspiração já aconteceu com outras tragédias nacionais nos Estados Unidos, como no caso do ataque terrorista às Torres Gêmeas, por exemplo, mas são dolorosas para quem foi afetado por elas e segue vivendo e servem aos que pretendem inviabilizar qualquer possibilidade de solidariedade para com a comunidade LGBT, seja onde for.
E para dar uma ideia de quão longe esses teóricos da conspiração estão dispostos a ir, veja o que a revista The Advocate registra a respeito de uma das alegações mais populares entre os que acreditam em teorias de conspiração no que tange ao atentado na Pulse:
"Muitas teorias de conspiração sobre a Pulse giram em torno de Christopher Hansen, um homem que saiu da boate mais cedo e que pode ser visto nas filmagens dos jornais locais ajudando a carregar pessoas para fora. Hansen usava uma camisa com a bandeira americana e um chapéu. Alguns notaram que as roupas de Hansen não estavam manchadas por sangue, o que é consistente com o fato de que ele não havia sido atingido por tiros e somente ajudava a remover as pessoas que já haviam sido higienizadas pelos paramédicos. Vídeos no YouTube debatem se Hansen poderia ser realmente o ator local Bjorn Jiskoot, um homem que no Facebook revela ter sido assediado por causa da semelhança. Parece importante para algumas pessoas alegar que Jiskoot nem é gay, então Hansen só pode ter fingido sê-lo. Por que mais, afinal, estaria um ator heterossexual numa boate gay usando uma identidade falsa? Cada dificuldade na teoria só serve como evidência de acobertamento em algum ponto." - diz o jornalista Jacob Ogles, autor da matéria para The Advocate.
Em outras palavras as semelhanças entre o ator e a pessoa que frequentava a Pulse e que saiu antes do atentado, retornando apenas para ajudar a resgatar os corpos, não passa de uma coincidência. Mas essa semelhança física foi eleita por alguns como suposta prova de que tudo foi uma fraude. É fácil demonstrar que Christopher Hansen e Bjorn Jiskoot não são a mesma pessoa, mas mesmo quee fossem, como é que isso transformaria toda a tragédia e seus mortos em mera encenação fraudulenta? Jornalistas do mundo inteiro reunidos em torno do cenário do atentado, entrevistas em tempo real e também em momentos subsequentes com as famílias, atestados de óbito, acionamento de seguros de vida, funerais, a boate destruída e reconstruída para se tornar um memorial sobre as vítimas, tudo isso feito sem qualquer acobertamento, tudo isso reconhecido oficialmente por autoridades governamentais, jornalistas, bombeiros, paramédicos, policiais, cidadãos voluntários nos resgates e empresas do porte da Disney que apoiaram as famílias financeiramente, entre outros tantos desdobramentos incontornáveis. É muita psicopatia tentar negar tudo isso sem qualquer prova material!
O massacre na boate Pulse aconteceu em 12 de junho de 2016. Quarenta e nove pessoas que frequentavam ou trabalhavam na boate foram assassinadas por um terrorista, que também morreu, totalizando 50 vidas humanas perdidas. Mas as vítimas não são apenas números. Ela têm rosto. Veja quem eram elas:
https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2016/12/bolsonarete-vai-copacabana-antes-da.html
A tragédia é tão real e a LGBTfobia que a motivou, idem, que pelo menos um pai não quis reclamar o corpo do filho, porque ela era gay e morreu num atentado praticado por um sociopata movido por homofobia e fanatismo religioso. Homofobia doméstica é outra realidade que muitos gostariam de negar, mas encontra nesse caso uma de suas piores demonstrações:
https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2016/07/esse-pai-homofobico-nao-vai-reclamar-o.html
Recomendo esse vídeo produzido pelo Dr. Bill Warner, do Centro de Estudos do Islão Político, comenta sobre a chacina na boate gay Pulse, em Orlando, Flórida. O que levou um muçulmano e se tornar jihadista, matar 49 pessoas LGBT ou amigos e ferir outras 50?
https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2016/06/o-ataque-boate-gay-pulse-em-orlando-e.html
Diante dessa e de outras realidades, finalizo esse artigo com uma convocação: Levante sua voz, coloque-se ao lado das pessoas LGBT e seus direitos, pois a perseguição LGBTfóbica não se restringe a tentativa de negar sua luta, mas também de privá-las de qualquer direito, inclusive o de terem suas dores e alegrias respeitadas.
Teorias de conspiração agravam as dores das famílias e amigos dos mortos na boate Pulse
Não bastasse o sofrimento das famílias que perderam seus amados no atentado à boate Pulse em Orlando, assim como o trauma para os donos do estabelecimento e o choque para os Estados Unidos e para a maior parte do mundo, agora é a vez de pessoas obcecadas por teorias de conspiração ferirem mais uma vez as famílias afetadas pela tragédia: Gente desequilibrada insiste em dizer que o massacre nunca aconteceu.
Isso não é totalmente estranho aos brasileiros, pois há quem negue a existência de uma onda de crimes movidos por ódio contra pessoas LGBT no Brasil. Até o início de dezembro desse ano, mais de 300 vidas de pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transgêneras foram destruídas com requintes de crueldade no país.
Essa semana, um "bolsominho" fez um vídeo só para dizer que a Parada LGBT de Copacabana 2016 havia sido um fracasso. A mentira é totalmente descarada, pois tanto a imprensa nacional e quanto a mídia internacional mostraram, em cores lindas, a multidão que tomou a Av. Atlântica para a celebração do Orgulho LGBT e para reivindicar a aprovação da lei João Nery, que reconhece direitos das pessoas transgêneros.
O que fez esse bolsonarete, então?
Ele foi até a Avenida Atlântica bem antes do horário do evento para dizer que ninguém tinha comparecido, apesar de saber que isso seria desmentido posteriormente por imagens inegáveis da multidão que compareceria - e de fato, compareceu - ao protesto festivo.
Gente desequilibrada como essas pessoas que negam os crimes por LGBTfobia no Brasil ou como esse seguidor de Bolsonaro que alegou que a Parada LGBT havia fracassado esse ano, mesmo diante das mais claras evidências de que estão mentindo para si mesmos e para os outros também sobre os crimes por LGBTfobia, têm negado essa outra cristalina obviedade: o massacre na boate Pulse.
A história de uma mãe é muito emblemática do que vem acontecendo. O relato foi publicado pela revista The Advocate:
"Na manhã seguinte ao ataque contra a Pulse em Orlando, Christine Leinonen ainda não sabia que seu filho estava entre os mortos. Ela caminhou pelas ruas com fotos, implorando que os jornais nacionais permitissem que ela aparecesse e contasse sua história. Quando ela finalmente soube que seu único filho, Christopher 'Drew' Leinonen, havia sido morto junto com seu namorado, Juan Guerrero, isso colocou sua vida permanentemente numa nova direção. Mas até hoje, muitas pessoas online ainda acreditam que ela esteja mentindo sobre a coisa toda."
A mãe diz o seguinte:
“O assassinato do meu filho e minhas subsequentes entrevistas foram rotuladas como uma farsa antes mesmo que eu descobrisse que meu filho tinha sido morto realmente, eu ainda estava procurando desesperadamente por ele."
Leinonen escreveu no Facebook semana passada: "Só um dos muitos vídeos fraudulentos sobre mim recebeu um milhão de visualizações. O interesse em tentar acreditar que o fuzilamento não ocorreu era maior do que o conhecimento da verdade.”
Cá entre nós, é provável que a motivação para desmentir a tragédia na Pulse seja bem diferente da motivação por trás das mentiras dos bolsonaretes e outros LGBTfóbicos que se esforçam herculeamente para silenciar a comunidade LGBT ou desmoralizá-la. Afinal, esse tipo de negação de tragédias em nome de desvairadas teorias de conspiração já aconteceu com outras tragédias nacionais nos Estados Unidos, como no caso do ataque terrorista às Torres Gêmeas, por exemplo, mas são dolorosas para quem foi afetado por elas e segue vivendo e servem aos que pretendem inviabilizar qualquer possibilidade de solidariedade para com a comunidade LGBT, seja onde for.
E para dar uma ideia de quão longe esses teóricos da conspiração estão dispostos a ir, veja o que a revista The Advocate registra a respeito de uma das alegações mais populares entre os que acreditam em teorias de conspiração no que tange ao atentado na Pulse:
"Muitas teorias de conspiração sobre a Pulse giram em torno de Christopher Hansen, um homem que saiu da boate mais cedo e que pode ser visto nas filmagens dos jornais locais ajudando a carregar pessoas para fora. Hansen usava uma camisa com a bandeira americana e um chapéu. Alguns notaram que as roupas de Hansen não estavam manchadas por sangue, o que é consistente com o fato de que ele não havia sido atingido por tiros e somente ajudava a remover as pessoas que já haviam sido higienizadas pelos paramédicos. Vídeos no YouTube debatem se Hansen poderia ser realmente o ator local Bjorn Jiskoot, um homem que no Facebook revela ter sido assediado por causa da semelhança. Parece importante para algumas pessoas alegar que Jiskoot nem é gay, então Hansen só pode ter fingido sê-lo. Por que mais, afinal, estaria um ator heterossexual numa boate gay usando uma identidade falsa? Cada dificuldade na teoria só serve como evidência de acobertamento em algum ponto." - diz o jornalista Jacob Ogles, autor da matéria para The Advocate.
Em outras palavras as semelhanças entre o ator e a pessoa que frequentava a Pulse e que saiu antes do atentado, retornando apenas para ajudar a resgatar os corpos, não passa de uma coincidência. Mas essa semelhança física foi eleita por alguns como suposta prova de que tudo foi uma fraude. É fácil demonstrar que Christopher Hansen e Bjorn Jiskoot não são a mesma pessoa, mas mesmo quee fossem, como é que isso transformaria toda a tragédia e seus mortos em mera encenação fraudulenta? Jornalistas do mundo inteiro reunidos em torno do cenário do atentado, entrevistas em tempo real e também em momentos subsequentes com as famílias, atestados de óbito, acionamento de seguros de vida, funerais, a boate destruída e reconstruída para se tornar um memorial sobre as vítimas, tudo isso feito sem qualquer acobertamento, tudo isso reconhecido oficialmente por autoridades governamentais, jornalistas, bombeiros, paramédicos, policiais, cidadãos voluntários nos resgates e empresas do porte da Disney que apoiaram as famílias financeiramente, entre outros tantos desdobramentos incontornáveis. É muita psicopatia tentar negar tudo isso sem qualquer prova material!
O massacre na boate Pulse aconteceu em 12 de junho de 2016. Quarenta e nove pessoas que frequentavam ou trabalhavam na boate foram assassinadas por um terrorista, que também morreu, totalizando 50 vidas humanas perdidas. Mas as vítimas não são apenas números. Ela têm rosto. Veja quem eram elas:
https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2016/12/bolsonarete-vai-copacabana-antes-da.html
A tragédia é tão real e a LGBTfobia que a motivou, idem, que pelo menos um pai não quis reclamar o corpo do filho, porque ela era gay e morreu num atentado praticado por um sociopata movido por homofobia e fanatismo religioso. Homofobia doméstica é outra realidade que muitos gostariam de negar, mas encontra nesse caso uma de suas piores demonstrações:
https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2016/07/esse-pai-homofobico-nao-vai-reclamar-o.html
Recomendo esse vídeo produzido pelo Dr. Bill Warner, do Centro de Estudos do Islão Político, comenta sobre a chacina na boate gay Pulse, em Orlando, Flórida. O que levou um muçulmano e se tornar jihadista, matar 49 pessoas LGBT ou amigos e ferir outras 50?
https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2016/06/o-ataque-boate-gay-pulse-em-orlando-e.html
Diante dessa e de outras realidades, finalizo esse artigo com uma convocação: Levante sua voz, coloque-se ao lado das pessoas LGBT e seus direitos, pois a perseguição LGBTfóbica não se restringe a tentativa de negar sua luta, mas também de privá-las de qualquer direito, inclusive o de terem suas dores e alegrias respeitadas.
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