Sr. Luiz Carlos Ruas, um homem que destoava da sociedade hipócrita em que viveu até se encontrar com dois transfóbicos assassinos





Matéria na Folha de São Paulo sobre a prisão do segundo suspeito do crime:

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/12/1845196-policia-prende-2-suspeito-de-espancar-e-matar-ambulante-no-metro-de-sp.shtml


Luiz Carlos Ruas


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO:


A vítima de assassinato no metrô de São Paulo pelas mãos de Alípio Rogério Belo dos Santos e de Ricardo do Nascimento Martins (ver foto ao final desse post), de acordo com as primeiras investigações policiais, chamava-se Luiz Carlos Ruas.

Ele era vendedor ambulante e defendeu duas travestis que os dois canalhas, segundo os investigadores, estavam agredindo. As câmeras do metrô mostram o momento do espancamento que culminou na morte do Sr. Luiz.

No Brasil, travestis e transexuais são espancadas e mortas com requintes de crueldade por transfóbicos dessa espécie quase todo dia. É justo que a morte de Luiz Carlos Ruas chame a atenção de toda a sociedade, especialmente por ter sido resultado de seu posicionamento contrário àquela violência. Contudo, uma pergunta insiste em se colocar diante de mim: Por que as mortes de travestis e transexuais, além de gays, lésbicas e bissexuais (328 até a data desse post, segundo o site "Quem a Homofobia Matou Hoje?") são repetidamente lançadas no mar do esquecimento por grande parte da mídia, do governo e da sociedade civil? Por que tantos crimes ficam sem solução, apesar dos índices alarmantes de violência mortal motivada por LGBTfobia?

Sr. Luiz Carlos Ruas, se o senhor pudesse me ouvir, eu diria que, felizmente, o senhor destoava da sociedade hipócrita e omissa na qual viveu até se encontrar com esses dois criminosos. O senhor demonstrou ter aquele tipo de caráter que falta a muitos dos nossos concidadãos, à maioria das nossas autoridades e muito mais ainda à maioria dos ditos "líderes espirituais" que arrebanham milhões de ovelhas e bilhões de reais todos os anos, enquanto insuflam ódio comparável ao de muitas dessas gangs urbanas compostas por idiotas metidos a exterminadores do que eles consideram a escória desse país formado por tantos ignorantes preconceituosos, quando são eles, na realidade, a verdadeira escória da humanidade. Infelizmente, o metrô falhou em garantir a devida segurança que poderia ter evitado o que lhe aconteceu. É indesculpável que tamanha agressão seja praticada nas dependências de uma empresa que conta com o que poderia ser considerado um pequeno exército de seguranças e não houvesse uma dupla sequer para conter aqueles dois ou chamar reforços.

Descanse em paz, Sr. Luiz, e que os seus algozes não tenham paz e nem descanso até que cumpram as devidas penas por tamanha crueldade.


Ricardo do Nascimento Martins - um dos suspeitos do assassinato do Sr. Luiz Ruas.


Alípio Rogério Belo dos Santos (à esquerda) e de Ricardo do Nascimento Martins (à direita), 
o mesmo da foto com a camisa com o rosto de Jesus (acima).


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ATUALIZAÇÃO EM 29/12/24

Alípio Rogério Belo dos Santos e Ricardo Martins do Nascimento - os dois suspeitos nas fotos acima - foram condenados pelo assassinato do ambulante Luiz Carlos Ruas, ocorrido em 25 de dezembro de 2016 na estação Dom Pedro II do Metrô de São Paulo. 

Em dezembro de 2018, após julgamento, ambos receberam penas de 15 anos e 3 meses de reclusão em regime fechado por homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. 

 As investigações revelaram que Ruas foi espancado até a morte ao tentar defender duas transexuais que estavam sendo agredidas pelos condenados. As câmeras de segurança da estação registraram o crime, auxiliando na identificação e prisão dos agressores. 

 Atualmente, ambos cumprem suas penas em estabelecimentos prisionais do estado de São Paulo.

Comentários

  1. História horrível, mas, infelizmente, tão cotidiana.

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    1. Obrigado pelo comentário e solidariedade, Cecília. Você é uma pessoa de uma sensibilidade e inteligência raras. Obrigado mesmo.

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