Caso dos alunos atacados no Colégio Estadual Visconde de Cairu chega à polícia

https://globoplay.globo.com/v/7127033/

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Atualização:
o agressor maior de idade já foi preso

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Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2018/11/15/policia-prende-homem-suspeito-de-agressao-e-homofobia-contra-jovens-dentro-de-colegio-no-rio.ghtml


O Bom Dia Brasil apresentou matéria sobre o ataque homofóbico a dois estudantes no Colégio Estadual Visconde de Cairu, no bairro do Méier, Rio de Janeiro. O caso ocorreu em 29/10/18. Os meninos falaram à reportagem. Veja abaixo:

- Esse menino chegou atrás da gente, tirando a camisa, falando que ele não era viado, falando que ia matar a gente o tempo todo, falando 'eu vou matar vocês, eu não sou viado, eu vou matar vocês, com cara de ódio'... - disse um dos jovens agredidos.

De acordo com a matéria do Bom Dia Brasil, os dois jovens ameaçados foram até a direção do colégio e avisaram o que tinha acontecido. A direção checou as câmeras de segurança do prédio, mas não viram mais o rapaz que os ameaçou.

Logo depois disso, vem o ataque.

- A gente tava passando pelo corredor, indo jantar, indo pro refeitório, quando esses três amigos dele aparecem na nossa frente e abrem espaço. Ele sai de trás do refeitório com um pedaço de madeira na mão. E falando 'eu não sou viado, eu disse que ia matar vocês, eu vou matar vocês'. E assim ele me deu uma paulada na minha cabeça - continuou o jovem.

O outro rapaz agredido também deu seu depoimento ao Bom Dia Brasil.

- O meu amigo caiu no chão e eu fiquei em estado de choque. Eu não sabia o que fazer. E logo depois dele ter arriado o meu amigo, meu amigo caiu no chão, ele veio para cima de mim. Foi 'aonde' ele tentou acertar uma madeirada na minha cabeça também. E foi 'aonde' eu desviei.



Segundo o Bom Dia Brasil, o agressor abandonou o pedaço de madeira para trás e fugiu com os outros três cúmplices.

Um dos alunos, o jovem Hugo Barros, precisou levar oito pontos na cabeça. Ele mesmo publicou essa foto no Facebook:


Hugo Barros

Hugo Barros, depois de ser agredido no Colégio Estadual Visconde de Cairu, no Méier, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Ele levou oito pontos na cabeça. O outro aluno agredido foi João Kannenberg.

Hugo fez a seguinte postagem no Facebook no dia 30, terça-feira, um dia depois da tentativa de homicídio ter sido praticada (29/10/18), coincidentemente ou não, um dia depois do final do segundo turno das eleições para presidente e para governador.


O Bom Dia Brasil informou que o caso está sendo investigado pela 23ª DP.



De acordo com a jornalista Nathalia Castro, a polícia já tem o nome e endereço do agressor. Ele era aluno do primeiro ano do ensino médio e estuda no turno da tarde. Ele é MAIOR DE IDADE.


A jornalista Nathalia Castro foi ao colégio e à delegacia para 
levantar informações para o Bom Dia Brasil em matéria exibida neste dia 31/10/18.


Os alunos que foram atacados disseram que não querem voltar para a escola.

- A nossa maior revolta é saber que a gente não está seguro na nossa rede de ensino. Nós somos iguais a qualquer pessoa, entendeu? Isso não tinha que acontecer com a gente. - disse um dos alunos agredidos.

- O negócio é a marca que fica na nossa vida, porque isso é um trauma que a gente vai levar pelo resto da nossa vida. - disse o outro aluno agredido.

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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

Há várias questões para serem vistas aqui.

1ª) A direção do Colégio Estadual Visconde de Cairu foi acionada imediatamente pelos dois alunos logo depois da ameaça. Eles fizeram muito bem em reportar a ameaça logo que ela foi feita. Porém, a direção parece ter se contentado em olhar câmeras de segurança, quando devia ter prontamente colocado inspetores na área por onde esses dois alunos passam ou onde fariam sua refeição. Era fundamental acionar o 'botão de alerta'. Não fizeram isso e pode ter sido por aquela ideia de que é só uma rixa entre alunos, nada demais. Ora, se bullying é coisa seríssima, imaginem ameaça de morte. A direção falhou gravemente e deve ser responsabilizada pela Secretária de Educação do Estado;

2ª) Depois de agredidos e hospitalizados, esses alunos precisavam e continuam precisando de acompanhamento psicológico. Se a agressão foi praticada dentro das instalações escolares, o Estado tem prover o atendimento psicológico necessário e arcar com as despesas de cuidados médicos desses meninos;

3ª) Os alunos fizeram bem em registrar o caso na polícia logo em seguida. Agora, a polícia tem que dar resposta efetiva e concreta no tempo mais curto possível, prendendo esse bandido e seus comparsas.

4ª) Além da Secretaria de Educação, o Estado do Rio de Janeiro mantém o programa Rio sem Homofobia, que deveria fazer intervenções no caso, seja acompanhando as investigações e cobrando dos investigadores um resultado concreto e rápido, seja realizando atividades em parceria com a Secretaria de Educação do Estado dentro dessa escola, principalmente, mas de outras também, para promover o conhecimento sobre a diversidade sexual e de gênero e o reconhecimento mútuo e respeitoso entre os atores da comunidade escolar no que diz respeito às suas características identitárias;

5ª) Por que será que para afirmar sua própria sexualidade, o agressor usou a negativa 'eu não sou viado', seguida de 'eu vou matar vocês'? Será que para não ser viado, ele precisa exterminar os viados que convivem com ele nos espaços públicos? Por que será? Que heterossexualidade frágil e adoecida será essa?

6ª) A comunidade escolar - professores, funcionários da área administrativa e pedagógica, alunos e responsáveis deveriam se mobilizar para apoiar essas duas vítimas de agressão homofóbica e promover ações que visem a prevenir esse tipo de agressão a incluir plenamente a diversidade sexual e as discussões sobre gênero na rotina escolar. Atividades em aula, debates, seminários, palestras com especialistas e com pessoas que tenham conhecimento de causa dentro da comunidade LGBT e aliados fora dela deveriam ser urgentemente realizados.

DIGA NÃO À HOMOFOBIA NAS ESCOLAS.
MAS DIGA SIM À DIVERSIDADE SEXUAL E À LIVRE EXPRESSÃO DE GÊNERO.

Uma coisa não se resolve sem a outra.



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