México: LGBT buscando asilo não estão seguros

LGBTfobia na jornada de quem busca asilo nos EUA
Foto: The Advocate


The Advocate 
https://www.advocate.com/commentary/2019/1/04/lgbtq-asylum-seekers-cannot-wait-safely-mexico


A mais recente regra referente à política de imigração sob a administração Trump coloca pessoas desesperadas em situação de perigo ainda maior, afirma a colunista Katie Sgarro em artigo para o site The Advocate em 04/01/19.

Segundo o artigo, em dezembro/2018, a administração Trump anunciou sua mais devastadora decisão para o sistema de asilo nos Estados Unidos. Trata-se de uma regra chamada "Protocolos de Proteção à Migração" ("Migration Protection Protocols"), que determina que pessoas em busca de asilo na fronteira sudoeste dos EUA (um total de 48 pontos de entrada) esperem no México enquanto as cortes americanas de imigração decidem sobre suas solicitações de asilo.

Segundo The Advocate, essa política de "pegue e devolva" é especialmente perigosa para imigrantes LGBTQ e representa um afastamento da legislação de imigração já com décadas de existência, revelando um país em turbulência.

Trump tem violado o devido processo legal envolvendo pessoas que estão fugindo de seus países de origem para protegerem suas próprias vidas.

Com essa nova regra que expõe a pessoa em busca de asilo a novos perigos, a administração Trump está impedindo que pessoas fugindo de perseguição reclamem asilo nos Estados Unidos com êxito.

No México, as pessoas sofrem discriminação e violência tanto da parte da polícia quanto da parte de cidadãos comuns, e com essa nova regra, as pessoas serão forçadas a permanecer no México por meses ou talvez anos enquanto suas demandas são processadas nos EUA — um tempo de espera ao qual muitas pessoas LGBTQ provavelmente não sobreviverão, alerta The Advocate.



Orgulho LGBT no México. Cartaz: "Ama e deixa amar".
Foto por Crónica de Jalapa - via 90.9


Em 11 de junho de 2018, o jornal The New York Times publicou um artigo extenso sobre os abusos que pessoas LGBTQ, principalmente mulheres trans e travestis, enfrentam na jornada entre suas antigas moradias e qualquer pedaço de terra nos Estados Unidos.

The New York Times: https://www.nytimes.com/2018/07/11/us/lgbt-migrants-abuse.html  

O artigo do The New York Times cita a fala de Victor Clark-Alfaro, um especialista em imigração na Universidade do Estado de San Diego baseado em Tijuana, México. O jornal informa que nos últimos anos ele notou um aumento no número de pessoas assumidamente L.G.B.T. entre os que fazem a jornada rumo à fronteira na esperança de obter asilo. "Ele disse que elas são frequentemente vítimas de poderosas quadrilhas na América Central e no México — mas também de vizinhos intolerantes, oficiais de polícia e estranhos" — relata o jornal.



Jade Quintanilla, uma mulher trans de El Salvador, diz que foi roubada, explorada e abusada em sua viagem por asilo nos EUA.
(Foto por Kayla Reefer para o The New York Times)


"Aqueles que não podem esconder sua sexualidade ou gênero, existe uma enorme agressão contra eles. E destes, mulheres trans são as mais pesadamente alvejadas", disse o Sr. Clark-Alfaro ao The New York Times. Segundo ele, na América Central e no México, "quase todo mundo é católico, e então o machismo e as sensibilidades religiosas provocam ataques contra pessoas que quebram as normas de gênero.

Ainda em seu artigo para The Advocate, Katie Sgarro ressalta que pessoas LGBTQ buscando asilo a partir do México enfrentam obstáculos singulares e risco crescente de violência devido à sua identidade LGBTQ, conforme documentado claramente pelo Alto Comissariado das Nações Unidades para Imigração: pessoas LGBT buscando asilo a partir do México e refugiados que ainda permaneçam lá continuam a ser submetidos a ameaças de morte, violência física e assédio verbal diariamente.

UNHCR (ONU): https://www.unhcr.org/en-us/5a2ee5a14.pdf  

A administração Trump, junto com todo o restante dos Estados Unidos, permanece legal e moralmente obrigados a permitir que pessoas LGBTQ buscando asilo permaneçam nos Estados Unidos durante o longo processo que caracteriza a imigração.

Qualquer coisa menos que isso é ilegal e uma sentença de morte para LGBTQ da América Central, destaca a jornalista.


Boslonaro e a imigração no Brasil


A mídia publicou amplamente uma decisão inédita e perigosa tomada pela administração Bolsonaro no Brasil.

"Na última terça-feira, o Brasil oficializou a sua saída do Pacto Global para a Migração, adotado por mais de 160 países membros da ONU. A decisão de abandonar o acordo, cujo objetivo é tornar os fluxos migratórios mundiais mais seguros e ordenados, pode ter efeitos nocivos sobre brasileiros no exterior, além de impactar negativamente a reputação internacional brasileira." — informa o jornal El País.

El País: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/01/12/opinion/1547304022_687377.html  

O jornal destaca a estapafúrdia justificativa do novo presidente: "A justificativa do presidente Jair Bolsonaro, de que o pacto fere a soberania do Brasil ao autorizar uma imigração indiscriminada, não encontra respaldado em evidências. Isso porque, além de reafirmar o direito soberano dos Estados de decidir quem terá acesso aos seus respectivos territórios, o documento não é vinculante, ou seja, não impõe obrigações legais aos seus signatários."

E continua: "Do ponto de vista prático, não há absolutamente nada que justifique tamanha guinada da diplomacia brasileira, tradicionalmente marcada pelo acolhimento humanitário. O Brasil está longe de ser destino prioritário para imigrantes. Pelo contrário, para cada migrante internacional no Brasil há pelo menos dois brasileiros no exterior, muitos dos quais em situação de vulnerabilidade. Uma maior troca de informação com países de destino, que está entre as propostas do pacto, seria fundamental para garantir um tratamento digno a esses brasileiros."



Ernesto Araújo, ministro de Relações Exteriores, após encontro com Mike Pompeo, 
secretário de Estado dos EUA, em 2 de janeiro. (SERGIO LIMA - AFP)


El País também destaca a estupidez do novo chefe da diplomacia brasileira, Ernesto Araújo: "Para o recém-empossado Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, a ONU tem sido um canal de difusão do ‘globalismo’, que classifica como uma ameaça ideológica ao patriotismo e aos valores cristãos. O resultado é uma negação completa das pautas historicamente defendidas pelo Brasil em fóruns multilaterais. A migração é reduzida à ‘abertura de fronteiras’, a igualdade de gênero ao ‘abortismo’, as mudanças climáticas a um ‘alarmismo marxista’ e a cooperação Sul-Sul a um ‘terceiro-mundismo automático’."

El País faz paralelos muito acertados entre a política do governo atual no Brasil e as políticas reprováveis de outros presidentes extremistas: "A visão de mundo promovida pelo Itamaraty de Ernesto Araújo nos aproxima de nações atualmente comandadas por líderes populistas ou de extrema direita. Os Estados Unidos de Donald Trump, a Itália de Matteo Salvini e a Hungria de Viktor Orbán. Por outro lado, nos distancia de democracias liberais, como a Alemanha de Angela Merkel e da França de Emmanuel Macron."




A decisão tomada pelo governo Bolsonaro põe em risco gente fugindo de guerras, fomes e LGBTfobia letal, como é o caso de muitos países da África, da Ásia e do Oriente Médio. É preciso derrubar essas violações aos Direitos Humanos praticadas por quem se encontra temporariamente investido de autoridade nos cargos políticos que administram todos e quaisquer níveis do poder institucional.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Humorista 'Picolina' é encontrada morta dentro de casa em Fortaleza

Zeus e Ganimedes: A paixão entre um deus e um príncipe de Tróia

A homossexualidade no Egito antigo