Homofobia em Camaçari: Marcelo Macedo - Amor que resiste à morte
Marcelo Macedo: sobrevivente
Marcelo Macedo - texto e foto de seu
perfil público no Facebook
Por Tiello Macedo às 09:51
Perfil de Tiello Macedo:
Esperamos que a polícia, o Ministério Público e as juízas e os juízes encarregados desses casos façam seu trabalho com transparência e corajosamente punindo os criminosos homofóbicos e transfóbicos de acordo com o rigor da lei.
Mas isso não é suficiente. É preciso transformar as estruturas e as instituições da sociedade. E grande parte disso passa pela educação em casa e nas escolas, pela indústria do entretenimento e da arte, por políticas públicas inclusivas e afirmativas, e pela isonomia entre indivíduos de quaisquer orientações sexuais e/ou identidades ou expressões de gênero.
Denuncie TODA e QUALQUER tentativa de privação desses direitos. Lei que visa a proteger direitos fundamentais, mas não sai do papel, não presta nem para decoração.
https://www.facebook.com/people/Tiello-Macedo/pfbid0MrmTtqjD3TWrNFesJeUGVQNXFG7aTqJdQ9ExwyGm7BnaY6LK2ufutuxjeEmSaEtjl/
Vivi um verdadeiro filme de terror nos últimos dias. Por isso, quero iniciar agradecendo todos os meus amigos por me carregarem no colo.
É difícil acreditar que as pessoas são agredidas tão cruelmente e de maneira tão covarde pelo simples fato de demonstrar afeto. É triste. Dói. Estou despedaçado. Eu amo a minha cidade, nasci e me criei aqui. Nem no meu pior pesadelo eu imaginei que um dia pudesse ser tão violentado. Ver a morte de perto é assustador. Nos paralisa.
Sou jovem, tenho uma família, uma vida inteira pela frente e por um milagre de Deus hoje estou vivo, mas quase tive meus sonhos interrompidos de maneira tão vil. O que me dá força para escrever pra vocês é a gratidão pelos meus amigos, sem eles e sem a todos que me mandaram mensagens de carinho e afeto, não sei se conseguiria. Mas, o que me encoraja também é o medo. Só quem já perdeu um familiar ou um amigo conhece essa dor, só quem já esteve de cara com a morte sabe o que estou falando e pode mensurar um pouco do que estou sentindo agora.
Dormi e acordei em uma cama de hospital, e só sabia chorar, achei que tivesse morto e desfrutava do paraíso. Não lembrava de muita coisa. Ao abrir os olhos e me dar conta do que estava acontecendo, entrei em estado de choque, mas por incrível que pareça, o hospital é o meu lar agora, é o lugar onde me sinto seguro, protegido, em paz.
Não sei como será quando sair daqui. Temo pelos meus familiares. Estamos assustados em saber que quem atentou contra a minha vida está solto por aí, sua cara não está estampada em todos os jornais estando tão vulnerável como eu me encontro agora, botando a cabeça no travesseiro deitado na cama da sua casa e dormindo todos os dias tranquilamente. Me chamar de “Viado” não é ofensa. Tomar 4 tiros sim. Uma dor irreparável, além de física, emocional e psicológica.
Não sei como será de agora em diante, não sei se serei mais o mesmo. Esse medo que estou sentindo, irei carregar até o fim dos meus dias. Só peço proteção para mim e toda a minha família. Orem por mim! 😭
Marcelo Macedo levou quatro tiros depois de beijar um rapaz dentro de um bar em Inocoop, Camaçari, sua cidade natal, na região metropolitana de Salvador, no último domingo (20/10). O relato acima foi publicado por ele mesmo no seu perfil do Instagram de do Facebook na última sexta-feira. Marcelo tem 33 anos e quase teve sua vida interrompida por causa de uma manifestação de afeto.
Segundo o jornal Correio da Bahia, três suspeitos foram identificados. Dois se apresentaram na delegacia na última quarta-feira (23), e o terceiro não foi localizado. De acordo com o Correio, os três foram reconhecidos pelas imagens das câmeras de segurança que funcionavam no bar onde houve o crime. A suspeita é de que um deles seja um policial. Os nomes não foram divulgados.
Correio da Bahia: https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/suspeitos-de-balear-homem-por-causa-de-beijo-gay-se-apresentam-a-policia/
O crime de homofobia é inafiançável e imprescritível, uma vez que foi equiparado ao crime de racismo pelo Supremo Tribunal Federal em 13 de junho desse ano. De acordo com o Jornal O Globo, as penalidades podem ser as seguintes:
Vivi um verdadeiro filme de terror nos últimos dias. Por isso, quero iniciar agradecendo todos os meus amigos por me carregarem no colo.
É difícil acreditar que as pessoas são agredidas tão cruelmente e de maneira tão covarde pelo simples fato de demonstrar afeto. É triste. Dói. Estou despedaçado. Eu amo a minha cidade, nasci e me criei aqui. Nem no meu pior pesadelo eu imaginei que um dia pudesse ser tão violentado. Ver a morte de perto é assustador. Nos paralisa.
Sou jovem, tenho uma família, uma vida inteira pela frente e por um milagre de Deus hoje estou vivo, mas quase tive meus sonhos interrompidos de maneira tão vil. O que me dá força para escrever pra vocês é a gratidão pelos meus amigos, sem eles e sem a todos que me mandaram mensagens de carinho e afeto, não sei se conseguiria. Mas, o que me encoraja também é o medo. Só quem já perdeu um familiar ou um amigo conhece essa dor, só quem já esteve de cara com a morte sabe o que estou falando e pode mensurar um pouco do que estou sentindo agora.
Dormi e acordei em uma cama de hospital, e só sabia chorar, achei que tivesse morto e desfrutava do paraíso. Não lembrava de muita coisa. Ao abrir os olhos e me dar conta do que estava acontecendo, entrei em estado de choque, mas por incrível que pareça, o hospital é o meu lar agora, é o lugar onde me sinto seguro, protegido, em paz.
Não sei como será quando sair daqui. Temo pelos meus familiares. Estamos assustados em saber que quem atentou contra a minha vida está solto por aí, sua cara não está estampada em todos os jornais estando tão vulnerável como eu me encontro agora, botando a cabeça no travesseiro deitado na cama da sua casa e dormindo todos os dias tranquilamente. Me chamar de “Viado” não é ofensa. Tomar 4 tiros sim. Uma dor irreparável, além de física, emocional e psicológica.
Não sei como será de agora em diante, não sei se serei mais o mesmo. Esse medo que estou sentindo, irei carregar até o fim dos meus dias. Só peço proteção para mim e toda a minha família. Orem por mim! 😭
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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO
Marcel Macedo em foto anterior ao ataque sofrido
Marcelo Macedo levou quatro tiros depois de beijar um rapaz dentro de um bar em Inocoop, Camaçari, sua cidade natal, na região metropolitana de Salvador, no último domingo (20/10). O relato acima foi publicado por ele mesmo no seu perfil do Instagram de do Facebook na última sexta-feira. Marcelo tem 33 anos e quase teve sua vida interrompida por causa de uma manifestação de afeto.
Segundo o jornal Correio da Bahia, três suspeitos foram identificados. Dois se apresentaram na delegacia na última quarta-feira (23), e o terceiro não foi localizado. De acordo com o Correio, os três foram reconhecidos pelas imagens das câmeras de segurança que funcionavam no bar onde houve o crime. A suspeita é de que um deles seja um policial. Os nomes não foram divulgados.
Correio da Bahia: https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/suspeitos-de-balear-homem-por-causa-de-beijo-gay-se-apresentam-a-policia/

Marcelo Macedo sendo socorrido no hospital
O crime de homofobia é inafiançável e imprescritível, uma vez que foi equiparado ao crime de racismo pelo Supremo Tribunal Federal em 13 de junho desse ano. De acordo com o Jornal O Globo, as penalidades podem ser as seguintes:
Fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2019/06/13/stf-permite-criminalizacao-da-homofobia-e-da-transfobia.ghtml
Conforme a decisão da Corte:
"praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito" em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime; a pena será de um a três anos, além de multa; se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa;
a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema.
Conforme a decisão da Corte:
"praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito" em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime; a pena será de um a três anos, além de multa; se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa;
a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema.
Esperamos que a polícia, o Ministério Público e as juízas e os juízes encarregados desses casos façam seu trabalho com transparência e corajosamente punindo os criminosos homofóbicos e transfóbicos de acordo com o rigor da lei.
Mas isso não é suficiente. É preciso transformar as estruturas e as instituições da sociedade. E grande parte disso passa pela educação em casa e nas escolas, pela indústria do entretenimento e da arte, por políticas públicas inclusivas e afirmativas, e pela isonomia entre indivíduos de quaisquer orientações sexuais e/ou identidades ou expressões de gênero.
Denuncie TODA e QUALQUER tentativa de privação desses direitos. Lei que visa a proteger direitos fundamentais, mas não sai do papel, não presta nem para decoração.
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