“Vale Tudo” assume casal lésbico em remake e acerta em cheio na representatividade

A nova versão de Vale Tudo, clássico da teledramaturgia brasileira, estreou corajosamente ao assumir de forma explícita o relacionamento entre duas mulheres: Laís e Cecília, vividas agora por Lorena Lima e Maeve Jinkings. Diferente da versão original de 1988, marcada pela censura e pela invisibilização das vivências LGBTQIA+, o remake traz o casal já casado há dez anos — um avanço notável na forma como o amor entre pessoas do mesmo gênero é retratado nas novelas.
Em cena exibida no terceiro capítulo, Cecília e Laís conversam com Renato Filipelli (interpretado por João Vicente de Castro) sobre a resistência do irmão de Cecília, Marco Aurélio (Alexandre Nero), em aceitar o relacionamento das duas. O diálogo é poderoso e carrega o peso da realidade de muitos casais LGBTQIA+ que ainda enfrentam rejeição dentro da própria família. “Até hoje eu não consegui fazer ele entender o meu casamento com a Laís”, diz Cecília, ao que Laís responde com ironia: “Realmente é mais fácil fazer uma cadeira mudar de ideia.”
O público que assistiu à cena não deixou passar batido. Nas redes sociais, especialmente no X (antigo Twitter), internautas celebraram a escolha da nova adaptação como um gesto de reparação histórica. Na versão original, após a morte trágica de Cecília, Laís ainda enfrentava uma batalha judicial pelos bens da companheira contra o cunhado, que nunca reconheceu a união das duas. Desta vez, segundo os autores, a história seguirá outro caminho — sem tragédia, mas com visibilidade e respeito.
A decisão de resgatar essas personagens e dar a elas o espaço e o afeto que merecem é mais que uma mudança de roteiro: é uma resposta aos tempos que vivemos. Representatividade importa — e quando ela vem com afeto, complexidade e dignidade, o impacto é ainda maior.
Que venham mais histórias assim. E que elas deixem de ser exceção.
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