Drag Queens dos Anos 90: As Verdadeiras Influenciadoras da Cultura Pop
Drag Queens dos Anos 90: As Verdadeiras Influenciadoras da Cultura Pop
Por Sergio Viula
Na virada para os anos 90, quando muitos olhavam para o futuro da cultura pop sem imaginar a força de expressão que emergia nos clubes, nas subterrâneas pistas de dança e nas runways alternativas, as drag queens assumiram o papel de verdadeiras arquitetas da transformação — invisíveis nos holofotes tradicionais, mas fundamentais para tudo o que viria depois.
Artistas como RuPaul (que em 1993 alcançou sucesso com “Supermodel (You Better Work)”), Lady Bunny (Ícone da cena de Nova York, fundadora da Sunday Sundays party no clube Roxy) e Lypsinka (performer cult reconhecida por suas montagens teatrais de lip-sync e aparições no circuito underground de Los Angeles) foram pioneiras. Elas desbravaram territórios de estilo, metamorfose e visibilidade quando se vestirem de salto alto, peruca e maquiagem era um ato de coragem — e muitas vezes de risco.
São essas figuras que estão no cerne da noção de “influenciadora” muito antes das redes sociais: elas criaram tendências, sensações de estilo, estratégias de apresentação que hoje reverberam nos shows de Lady Gaga, nos desfiles da Gucci ou da Louis Vuitton, nas performances de Harry Styles ou de Lil Nas X.
Pioneiras no Brasil: o brilho que começou antes da fama
No Brasil, a arte drag também florescia com força nos anos 90, muito antes de reality shows e reconhecimento midiático. Artistas corajosas abriram caminho em palcos de boates, festivais e espaços culturais que eram, ao mesmo tempo, refúgio e resistência.
Volúpia – Integrante do coletivo Divas de Luxo, no Rio de Janeiro, Volúpia foi uma das figuras mais marcantes da cena drag underground carioca no final dos anos 80 e início dos 90. Com figurinos exuberantes e performances impactantes, ajudou a consolidar o que hoje reconhecemos como o DNA da drag brasileira: teatralidade, humor e provocação.
Pepper Lee – Famosa por seus shows de lip-sync e figurinos criativos, Pepper Lee animava clubes gays do Rio nos anos 90 e tornou-se referência pela ousadia e presença de palco. Em tempos de repressão e preconceito, subia ao palco como quem reivindicava o direito de existir e brilhar.
Essas artistas — e tantas outras que se apresentavam em casas noturnas como o Le Boy, The Week e Boate 1140 — ajudaram a moldar o espaço que hoje permite que drags brasileiras como Pabllo Vittar, Gloria Groove e Ikaro Kadoshi sejam celebradas no mainstream.
Às drags o que é das drags
Há muito pouca diferença entre o que Lady Gaga faz e o que é drag. Sair completamente mascarado — isso é puro ballroom. E elas já faziam isso lá atrás, quando o mundo ainda se perguntava se esse tipo de arte poderia ser aceito no mainstream.
Ser drag sempre foi mais do que se montar: é performar liberdade em um mundo que insiste em impor limites.
Sair de casa de salto alto e de peruca numa época em que isso era muito menos aceitável e muito mais perigoso exigia nervos de aço. Por isso, quando vemos uma drag nas telas, nas campanhas de moda ou nos palcos do mundo, é essencial lembrar: elas já estavam aí batalhando por seu espaço muito antes de tudo isso ser glamouroso. Ela brilharam em meio ao caos e a escuridão, sinalizando o caminho para todas, todos e todes que vieram depois.
Respeito às pioneiras. Gratidão às que pavimentaram o caminho. Viva a arte drag!











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