Presidente da Sérvia Promete Proteger a Parada Gay

Sérvia: Estado laico ou refém dos extremistas?

Boris Tadic, presidente da Sérvia

A Sérvia acaba de protagonizar mais um dos muitos absurdos típicos do fanatismo religioso, do ultra-nacionalismo doentio e da intolerância violenta que ainda assombra a Europa — sim, aquela Europa, que muitos adoram idealizar como berço da civilização e dos direitos humanos.

Sérvia no destaque em rosa

A Parada do Orgulho LGBT, marcada para acontecer em Belgrado, capital da Sérvia, neste domingo (20 de setembro de 2009), foi adiada por motivos que escancaram a fragilidade do Estado diante dos grupos extremistas: ameaças diretas e violentas de hooligans, nacionalistas e fanáticos religiosos que prometeram atacar os participantes.

O mais triste? Essa seria a primeira parada da capital desde 2001, quando uma marcha semelhante terminou em confronto violento. Ou seja, o medo venceu novamente.

Apesar de o presidente sérvio Boris Tadic ter prometido proteger a Parada e garantir os direitos de todos os cidadãos, independente de sua "afiliação política, sexual ou religiosa", o Estado demonstrou que nem sempre consegue (ou quer?) cumprir sua palavra quando o assunto é garantir direitos da população LGBT.

Mais de 5.000 policiais seriam destacados para proteger o centro de Belgrado e escoltar os manifestantes. No entanto, diante das ameaças, as autoridades resolveram jogar a toalha.

Esse episódio vergonhoso mobilizou autoridades europeias e entidades de direitos humanos, que se posicionaram contra o recuo e destacaram que ceder ao terror é um precedente perigoso para qualquer democracia.

O recado que fica é claro: ainda há um longo caminho a percorrer — não só na Sérvia, mas em muitos cantos do mundo — para que direitos humanos não sejam apenas um discurso bonito, mas uma realidade concreta, segura e vivível.

E se não podemos marchar nas ruas de Belgrado hoje, que marchemos com mais força, mais visibilidade e mais coragem em todos os lugares do mundo onde ainda for preciso dizer: existimos, resistimos e não vamos mais recuar.

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