
Quando a Verdade Bate à Porta (Mesmo Depois dos 40)
Algo que me chamou atenção: quase todas essas pessoas que se casaram com o outro sexo, mesmo sendo gays, decidiram sair do armário por volta dos 40 anos ou mais. Isso não é coincidência. É nesse ponto da vida que muita gente percebe que não dá mais para continuar mentindo para si e para os outros. A mentira, que antes parecia “normal”, vira um peso insuportável. E o que antes se achava possível esconder, agora grita por liberdade.
A essa altura, os sentimentos estão ali, inteiros, urgentes — e não pretendem ir embora. Sim, pode haver dor, surpresa ou decepção para a outra pessoa, que muitas vezes nem imaginava. Mas, vamos falar a verdade? Para o parceiro ou parceira hétero, a vida costuma estar até “ok”, enquanto a pessoa homossexual está vivendo uma existência sufocada. Essa dor silenciosa continua até que haja coragem de romper com a farsa. E, veja bem, com o tempo a dor do outro cicatriza. Mas a dor de quem vive escondido… essa só cresce, dia após dia.
É por isso que acredito que sair do armário é a melhor solução — para todos os envolvidos. Se houver filhos, eles vão se adaptar. E, se não se adaptarem de imediato, ainda assim não será pior do que tentar viver 24 horas por dia como alguém que você não é. Eu falo por experiência: tive o privilégio de ter dois filhos que nunca me rejeitaram. Pelo contrário, mostraram grandeza e empatia — algo que falta a muitos adultos que ainda carregam preconceitos sem o menor sentido.
Quer um exemplo claro de onde esse tipo de preconceito — seja ele homofóbico ou auto-homofóbico — pode levar? Olha o caso do senador americano Roy Ashburn. Combatia publicamente o casamento igualitário, mas era flagrado transando com garoto de programa. A hipocrisia cobra caro.
No fim das contas, viver sua verdade não é só libertador para você. É também mais honesto com os outros. Fingir ser hétero para atender expectativas sociais pode parecer “menos doloroso”, mas geralmente só adia uma ruptura que virá, mais forte, mais difícil, mais amarga. E todos saem perdendo. Quando se vive de verdade, ninguém precisa se machucar por engano.
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