Muçulmanos e católicos contra anticoncepcionais


✊ Quando religiões se unem contra direitos: 

O caso dos anticoncepcionais nas Filipinas


Em pleno século 21, o corpo das mulheres continua sendo um campo de disputa política e religiosa — e o mais recente episódio nas Filipinas é um exemplo claro disso.

Muçulmanos e católicos, frequentemente em campos opostos na arena política, uniram forças para barrar uma política pública que visa garantir métodos anticoncepcionais à população mais pobre do país. O alvo da indignação religiosa? O presidente Benigno Aquino, que ousou defender o que deveria ser um direito básico: o planejamento familiar livre e acessível.

Durante uma viagem oficial aos EUA, Aquino afirmou que cada família deve ter o direito de decidir quantos filhos quer ter — e que o governo deve fornecer meios para isso. Uma fala simples, sensata, e profundamente necessária em um país com altos índices de pobreza.

A resposta das lideranças religiosas foi rápida e agressiva.
A Conferência Episcopal das Filipinas se disse “consternada e frustrada”, e ainda que tenha negado ameaças diretas de excomunhão, chegou a citar essa possibilidade em entrevistas. O Conselho de Imames, por sua vez, se somou à oposição, defendendo que o governo deveria investir em outras prioridades — como se controle reprodutivo, autonomia e dignidade não fossem fundamentais para o combate à pobreza.

🤯 O que está em jogo?

Essa união entre setores conservadores das duas maiores religiões do país mostra o perigo de quando dogmas religiosos passam a ditar políticas públicas. Ao impedir o acesso a anticoncepcionais, o que se promove é:

  • O aumento da gravidez indesejada.

  • A perpetuação da miséria em famílias sem recursos para criar muitos filhos.

  • A negação do direito das mulheres de decidir sobre seus próprios corpos.

E, como sempre, quem mais sofre são as mulheres mais pobres, as jovens, as pessoas LGBTQ+ e os grupos marginalizados que não têm acesso à saúde reprodutiva de forma privada.

🌍 Um debate global, uma luta urgente

O caso filipino é só mais um capítulo de um debate que ecoa também no Brasil, na Polônia, nos EUA e em tantos outros lugares onde a laicidade do Estado é ignorada e os direitos sexuais e reprodutivos são tratados como pecados, e não como políticas de saúde pública.

Defender anticoncepcionais não é "contra a religião". É a favor da autonomia, da dignidade, da saúde e da vida.

O blog Fora do Armário reafirma seu compromisso com uma sociedade mais livre, onde a fé de ninguém impeça o direito de todos.


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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO

Católicos e muçulmanos já se mataram nas Cruzadas para recuperar a chamada Terra Santa para o Vaticano e/ou nas Jihads para tomar o Norte da África, o Oriente Médio e o Sul da Ásia. Nem a Europa escapou dos confrontos, pois os mouros dominaram Portugal, reduto católico, por mais 500 anos. Portanto, é óbvio que eles têm se odiado historicamente, mas se o caso é evitar a gravidez de gente miserável que não tem nem o que comer, aí eles se unem. Fazem a mesma coisa quando o assunto é a cidadania dos homossexuais ou a autonomia da mulher. Desta vez, eles deixaram as armas de lado e partiram para o combate contra o governo filipino que, por um repente de lucidez, decidiu orientar o povo no que diz respeito ao planejamento familiar.

O Brasil também já foi assim. Já teve até música para sensibilizar os ignorantes. Lembra daquela música que dizia "pare de tomar a pílula, pare de tomar a pílula, porque ela não deixa nosso filho nascer"? Pois é, aqui mesmo no Brasil, os bispos católicos e padres em suas paróquias já satanizaram a pílula anticoncepcional e promoveram campanhas de oposição ao governo e aos planos de controle da natalidade. Se eles tivessem prevalecido, poderíamos ter uma população do tamanho da Chinesa ou da Indiana, mas graças ao bom senso do governo e da maior parte da população, o Brasil tem uma demografia relativamente equilibrada (se comparada à China ou India), mas ainda muito desigual em termos sociais e econômicos. Infelizemente, ainda existe muita gente que não planeja o número de filhos que pode ter e sustentar dignamente.

Para as lideranças católicas e muçulmanas, quanto mais miséria, melhor. Tomara que o governo filipino tenha força suficiente para enfrentar o obscurantismo fundamentalista e ampliar as liberdades civis no país.

Veja no gráfico abaixo que a Europa e a América do Norte tem a menor taxa de natalidade (número de nascimentos) e são as regiões onde a riqueza está mais concentrada no mundo.




O continente mais pobre (a África) é o campeão de número de nascimentos. A miséria reina onde uma família não consegue dar conta do sustento de todos os filhos que produz. Filho não é coisa. Filho não é como animais de estimação. Eles são extremamente mais dependentes dos pais e outros adultos do que qualquer outro animal no planeta.

Não vote em fundamentalistas e associados! Vote contra todo tipo de preconceito e retrocesso.

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