É errado ser gay? Sim é errado ser gay! - Artigo de Pedro Sammarco
É errado ser gay? Sim é errado ser gay!
Artigo de Pedro Paulo Sammarco
Pelo menos isso nos foi ensinado pela cultura, não é mesmo? Acontece que essa “verdade” foi construída para atender a determinados fins que organizassem o funcionamento de nossa sociedade em determinada época e local, certo?
O tempo passou, muitos aspectos mudaram e continuam mudando bem rápido. O ser humano em geral não gosta de mudanças, fica preso a conceitos, pois deseja ter a sensação de segurança e solidez. Vivemos em tempos que é como se estivéssemos patinando sobre uma superfície fina de gelo. A segurança está justamente na alta velocidade. Evitamos afundar, pois as bases que nos sustentam são muito frágeis. Elas estão mudando o tempo todo, bem rapidamente.
É difícil assimilar todas as mudanças. A homofobia interna, a pior de todas, ainda persiste. Muitos homossexuais não acreditam que podem viver relações saudáveis, pois afinal aprenderam que é “errado ser gay”. Um lado trabalha contra e outro a favor. É um grande conflito que implica muita luta contra si mesmo e a sociedade. Por mais que estejamos no século XXI, ainda é complicado demonstrar afeto homoerótico em certos lugares. Porém, não são somente os lugares que contam, há também a família, os amigos, os colegas de trabalho, e todos os valores compartilhados pelas instituições que nos regem e nos controlam.
Em busca de alívio, muitos se fecham ao contato mais profundo e acabam vivendo suas experiências de forma intensa. Tentam fugir por meio de drogas, álcool, sexo anônimo, etc. Vivências extremas e intensas que possam aliviar a dor e tapar o buraco na alma. Mas o efeito disso tudo logo passa e sobra o quê? Mais vazio e necessidade de se preencher novamente. Um ciclo sem fim de autodestruição.
Se aprendemos que “é errado ser gay” ou haverá a correção por meio da “cura mágica” ou auto-aniquilamento por meio da autodestruição. Será? Pelo menos agimos como se fossem esses, os únicos caminhos a serem seguidos.
Outra fantasia que existe, é que encontraremos nossa tampa de panela de um minuto para o outro. Para citar apenas alguns aspectos, os relacionamentos exigem tempo, construção diária, afinidades, doação, reciprocidade, respeito, amor, conhecimento de si e do outro, companheirismo, amizade, convivência.
Esperamos que além de se conectar a alguém, esse encaixe se dará de forma perfeita, assim como duas peças de um quebra-cabeças se encontram. Além disso tudo, o outro ainda irá nos preencher em todas as nossas necessidades. Assim teremos uma vida zen com ele, até que a morte nos separe. Quanta fantasia baseada na lei do mínimo esforço!
Para se relacionar é preciso paciência, muito trabalho e autoconhecimento. Para começar um dos principais pontos que nos atrapalham é a homofobia internalizada. Ela dificulta todo o processo. Infelizmente lutar contra ela não é tão fácil assim. É um processo que pode durar anos. Caso isso não seja feito, confirmaremos para nós mesmos que realmente é “errado ser gay”! Afinal, constataremos que nossas vidas são sempre infelizes, marcadas por instantes isolados de fuga e êxtase passageiros. Vamos assumir nossas homofobias internas! Ela é difícil de identificar, pois se manifesta silenciosamente por meio da auto-sabotagem em relação aos nossos empreendimentos amorosos. Preferimos então ser preconceituosos, negar, projetar e ser sarcásticos com as demais bichinhas afeminadinhas, travecas, transexuais, sapatonas, bissexuais e enrustidos.
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