Primeiro político de Cingapura fora do armário na história daquele país
Com a lei contra ele, Político de Cingapura diz que é Gay
Por SATISH CHENEY - Associated Press
SINGAPORE July 2, 2013 (AP)
Tradução: Sergio Viula
Essa conservadora Cidade-Estado condenou homens por comportamento homossexual há apenas sete anos, e a lei da era colonial britânica que eles usaram encontra-se apenas nos livros. O governo de Cingapura não demonstra qualquer interesse em fazer uma mudança: O conselho do Primeiro Ministro tem sido deixar as coisas como estão.
O oposicionista Vincent Wijeysingha não está seguindo esse conselho. Na sua página do Facebook na semana passada, ele tornou-se o primeiro político de Cingapura a sair do armário, e está defendendo que a lei seja banida.
Ele disse ao Associated Press na segunda-feira que, apesar do governo resistir à descriminalização da homossexualidade, "a sociedade finalmente prevalecerá sobre o governo nessa questão."
"Estou inteiramente convencido de que a lei será finalmente modificada," disse Wijeysingha (wee-jay-sing-ga), tesoureiro do Parido Democrático de Cingapura (Singapore Democratic Party).
A lei de décadas atrás torna a "indecência grosseira" entre homens passível de punição de até dois anos na cadeia. Ela não tem sido ativamente reforçada nos últimos anos, mas 185 homens foram condenados sob essa lei entre 1997 e 2006, de acordo com informação do governo.
Reclamações contra a discriminação baseada em orientação sexual têm se tornado menos comum em Cingapura, uma potência econômica no Sudeste da Ásia com aproximadamente 5 milhões de habitantes. Mas até uma década atrás, políticas governamentais impediam que gays obtivessem "cargos sensíveis" no serviço público e censuravam severamente conteúdo relacionado à homossexualidade nos cinemas e programas de TV.
Os direitos homossexuais têm crescido ao redor do mundo. Mais de doze países e 13 estados americanos permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas, de acordo com as Nações Unidas, cerca de 75 países continuam a criminalizar o comportamento homossexual; em alguns deles punível com a morte.
A Suprema Corte de Cingapura rejeitou em abril uma ação da parte de um casal gay para reformular a lei estado-municipal, determinando que o Parlamento se responsabilizasse por fazer quaisquer mudanças.
O Primeiro Ministro Lee Hsien Loong disse anteriormente esse ano que esses não eram "temas que possamos acomodar de um jeito ou de outro, e é realmente melhor para nós deixá-los como estão, e apenas concordar ou discordar."
Ativistas dos direitos homossexuais disseram que isso é inaceitável para um crescente número de cidadãos de Cingapura. Eles destacaram que a manifestação em defesa dos homossexuais chamada Saturday's Pink Dot atraiu mais de 20.000 pessoas ao parque, o melhor comparecimento ao evento que vem sendo realizado desde 2009.
A manifestação desempenhou um papel importante no pronunciamento de Wijeysingha. Ele havia falado sobre temas gays em fóruns passados, e amigos e associados ficaram sabendo que ele era gay, mas ele confirmou isso publicamente na página do Facebook dizendo "sim, eu vou ao Pink Dot ... e sim, eu sou gay."
"É a primeira vez que ele disse isso tão explicitamente em público," disse Siew Kum Hong, um advogado e comentarista político. "Até um certo ponto, isso mostra que a sociedade de Cingapura está se abrindo mais, uma vez que ele obviamente não pensa que isso possa ser fatal para suas chances eleitorais."
Baey Yam Keng, um legislador do Partido Ação do Povo (People's Action Party), disse que apesar de ser incerto como a maioria do povo de Cingapura se sente a respeito da homossexualidade, "chegará o tempo em que o Parlamento terá que se abrir para outro debate" quando a descriminalização dela.
"Há muito estigma ainda associado à homossexualidade em Cingapura," disse Baey. "Apesar de mais gente ter aparecido no evento Pink Dot desse ano, incluindo pessoas heterossexuais, é difícil dizer se a homossexualidade é amplamente aceita em Cingapura, todavia. Mas eu acho que é importante que as autoridades e o governo estejam abertos e tenham compromisso contínuo a respeito desse assunto."
Baey condenou Wijeysingha por ter se assumido a respeito de sua sexualidade, dizendo que "deve ter custado muita coragem fazer o que ele fez."
Wijeysingha disse que a melhor resposta que ele recebeu foi dos jovens que lhe disseram que ele lhes deu coragem para sair do armário. Mas ele disse que trabalhará mais sobre os direitos homossexuais.
"Meu sistema de valores é de direitos iguais para todos," disse ele. Direitos Humanos são indivisíveis."
No ano 2000, estive em Cingapura. Passei um mês naquele lindo país. Quem tiver lido "Em Busca de Mim Mesmo" sabe do que estou falando. Quem não tiver lido poderá encontrar essa e outras experiências ao longo do relato.
Por SATISH CHENEY - Associated Press
SINGAPORE July 2, 2013 (AP)
Tradução: Sergio Viula
(4 de julho de 2013)
Essa conservadora Cidade-Estado condenou homens por comportamento homossexual há apenas sete anos, e a lei da era colonial britânica que eles usaram encontra-se apenas nos livros. O governo de Cingapura não demonstra qualquer interesse em fazer uma mudança: O conselho do Primeiro Ministro tem sido deixar as coisas como estão.
O oposicionista Vincent Wijeysingha não está seguindo esse conselho. Na sua página do Facebook na semana passada, ele tornou-se o primeiro político de Cingapura a sair do armário, e está defendendo que a lei seja banida.
Ele disse ao Associated Press na segunda-feira que, apesar do governo resistir à descriminalização da homossexualidade, "a sociedade finalmente prevalecerá sobre o governo nessa questão."
"Estou inteiramente convencido de que a lei será finalmente modificada," disse Wijeysingha (wee-jay-sing-ga), tesoureiro do Parido Democrático de Cingapura (Singapore Democratic Party).
A lei de décadas atrás torna a "indecência grosseira" entre homens passível de punição de até dois anos na cadeia. Ela não tem sido ativamente reforçada nos últimos anos, mas 185 homens foram condenados sob essa lei entre 1997 e 2006, de acordo com informação do governo.
Reclamações contra a discriminação baseada em orientação sexual têm se tornado menos comum em Cingapura, uma potência econômica no Sudeste da Ásia com aproximadamente 5 milhões de habitantes. Mas até uma década atrás, políticas governamentais impediam que gays obtivessem "cargos sensíveis" no serviço público e censuravam severamente conteúdo relacionado à homossexualidade nos cinemas e programas de TV.
Os direitos homossexuais têm crescido ao redor do mundo. Mais de doze países e 13 estados americanos permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas, de acordo com as Nações Unidas, cerca de 75 países continuam a criminalizar o comportamento homossexual; em alguns deles punível com a morte.
Vincent Wijeysingha
A Suprema Corte de Cingapura rejeitou em abril uma ação da parte de um casal gay para reformular a lei estado-municipal, determinando que o Parlamento se responsabilizasse por fazer quaisquer mudanças.
O Primeiro Ministro Lee Hsien Loong disse anteriormente esse ano que esses não eram "temas que possamos acomodar de um jeito ou de outro, e é realmente melhor para nós deixá-los como estão, e apenas concordar ou discordar."
Ativistas dos direitos homossexuais disseram que isso é inaceitável para um crescente número de cidadãos de Cingapura. Eles destacaram que a manifestação em defesa dos homossexuais chamada Saturday's Pink Dot atraiu mais de 20.000 pessoas ao parque, o melhor comparecimento ao evento que vem sendo realizado desde 2009.
A manifestação desempenhou um papel importante no pronunciamento de Wijeysingha. Ele havia falado sobre temas gays em fóruns passados, e amigos e associados ficaram sabendo que ele era gay, mas ele confirmou isso publicamente na página do Facebook dizendo "sim, eu vou ao Pink Dot ... e sim, eu sou gay."
"É a primeira vez que ele disse isso tão explicitamente em público," disse Siew Kum Hong, um advogado e comentarista político. "Até um certo ponto, isso mostra que a sociedade de Cingapura está se abrindo mais, uma vez que ele obviamente não pensa que isso possa ser fatal para suas chances eleitorais."
Baey Yam Keng, um legislador do Partido Ação do Povo (People's Action Party), disse que apesar de ser incerto como a maioria do povo de Cingapura se sente a respeito da homossexualidade, "chegará o tempo em que o Parlamento terá que se abrir para outro debate" quando a descriminalização dela.
"Há muito estigma ainda associado à homossexualidade em Cingapura," disse Baey. "Apesar de mais gente ter aparecido no evento Pink Dot desse ano, incluindo pessoas heterossexuais, é difícil dizer se a homossexualidade é amplamente aceita em Cingapura, todavia. Mas eu acho que é importante que as autoridades e o governo estejam abertos e tenham compromisso contínuo a respeito desse assunto."
Baey condenou Wijeysingha por ter se assumido a respeito de sua sexualidade, dizendo que "deve ter custado muita coragem fazer o que ele fez."
Wijeysingha disse que a melhor resposta que ele recebeu foi dos jovens que lhe disseram que ele lhes deu coragem para sair do armário. Mas ele disse que trabalhará mais sobre os direitos homossexuais.
"Meu sistema de valores é de direitos iguais para todos," disse ele. Direitos Humanos são indivisíveis."
Vincent Wijeysingha
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COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO
No ano 2000, estive em Cingapura. Passei um mês naquele lindo país. Quem tiver lido "Em Busca de Mim Mesmo" sabe do que estou falando. Quem não tiver lido poderá encontrar essa e outras experiências ao longo do relato.
https://www.amazon.com.br/Busca-Mim-Mesmo-Sergio-Viula-ebook/dp/B00ATT2VRM
☝☝☝
Mas o que interessa nesse momento é o seguinte: Cingapura é um país desenvolvido, próspero, com um povo ordeiro e simpático, onde tudo funciona perfeitamente. Porém, é um país composto por uma diversidade étnica e religiosa muito grande. Entre as principais religiões, encontram-se o budismo, o cristianismo e o islamismo, mas há outras. A mudança dessa lei é urgente, mas muito provavelmente enfrentará opositores nessas fileiras.
Apesar disso, Cingapura tem uma considerável comunidade LGBT que passa despercebida pela maioria, mas vai encontrando meios de se conhecer, interagir e se amar. A Internet tem contribuído muito para essas trocas. Entretanto, enquanto houver uma lei que permita que algum governante extremista encarcere homossexuais por causa de sua sexualidade, ninguém estará seguro. Nem mesmo quem não é LGBT. A Idade Média já demonstrou como o "denuncismo" pode ser útil aos inescrupulosos, vingativos, ambiciosos quando se trata de alcançarem o que desejam. Bastava dizer que uma mulher era bruxa ou que um homem era sodomita para que estes encontrassem um fatídico destino nos porões da Inquisição. A negação não era uma resposta aceitável. Se negassem, seriam torturados até "confessarem" seus "crimes". Nada impede que o mesmo aconteça com leis ridículas e perigosas como essas leis "anti-sodomia" que ainda prevalecem em alguns países.
Cingapura, por ser tão avançada, culta, educada, já deveria ter se livrado disso dessa legislação discriminatória e destrutiva.
De qualquer modo, eu vivi uma grande aventura nas terras do Merlion e sobrevivi para voltar ao Brasil com o que seria o início de minha saída definitiva do armário.
Mas o que interessa nesse momento é o seguinte: Cingapura é um país desenvolvido, próspero, com um povo ordeiro e simpático, onde tudo funciona perfeitamente. Porém, é um país composto por uma diversidade étnica e religiosa muito grande. Entre as principais religiões, encontram-se o budismo, o cristianismo e o islamismo, mas há outras. A mudança dessa lei é urgente, mas muito provavelmente enfrentará opositores nessas fileiras.
Apesar disso, Cingapura tem uma considerável comunidade LGBT que passa despercebida pela maioria, mas vai encontrando meios de se conhecer, interagir e se amar. A Internet tem contribuído muito para essas trocas. Entretanto, enquanto houver uma lei que permita que algum governante extremista encarcere homossexuais por causa de sua sexualidade, ninguém estará seguro. Nem mesmo quem não é LGBT. A Idade Média já demonstrou como o "denuncismo" pode ser útil aos inescrupulosos, vingativos, ambiciosos quando se trata de alcançarem o que desejam. Bastava dizer que uma mulher era bruxa ou que um homem era sodomita para que estes encontrassem um fatídico destino nos porões da Inquisição. A negação não era uma resposta aceitável. Se negassem, seriam torturados até "confessarem" seus "crimes". Nada impede que o mesmo aconteça com leis ridículas e perigosas como essas leis "anti-sodomia" que ainda prevalecem em alguns países.
Cingapura, por ser tão avançada, culta, educada, já deveria ter se livrado disso dessa legislação discriminatória e destrutiva.
De qualquer modo, eu vivi uma grande aventura nas terras do Merlion e sobrevivi para voltar ao Brasil com o que seria o início de minha saída definitiva do armário.
The Merlion:
O símbolo nacional de Cingapura: uma combinação de sereia (mermaid) e leão (lion), donde Merlion.
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