5ª CERIMÔNIA DE CASAMENTO HOMOAFETIVO NO RJ: O AMOR NO BRASIL É LEGAL. NO RIO DE JANEIRO, É BABADO!!!
O AMOR NO BRASIL É LEGAL;
NO RIO DE JANEIRO, É BABADO!!!
NO RIO DE JANEIRO, É BABADO!!!
por Sergio Viula

Apesar da obra no Cais do Porto, tudo ganha vida com as cores do arco-íris

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Os irmãos Sergio e Kátia Viula |




Elias (esquerda) e André.





Sergio Viula fotografando André e Elias - foto Kátia Viula

André e Elias - foto Katia Viula






Jane di Castro arrasando com Emoções de Roberto Carlos




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Cristina e Juliana em pé. |




Sergio e Graça (guerreira do Rio sem Homofobia)


NÚMEROS DO AMOR:
160 casais participaram da cerimônia
2/3 dos casais são de mulheres
1/3 dos casais são de homens
40% vêm da Zona Norte do município do Rio de Janeiro
30% vêm da Zona Oeste da cidade
16 municípios estiveram representados
64% dos casais fizeram habilitação direta de casamento civil
32% realizaram a conversão da união estável em casamento
civil
4% optaram pela realização de união estável
SERVIÇO:
Data: 23/11/14
Horário: 14:30
Armazém Utopia
Rua Rodrigues Alves, Armazém 6.
Cais do Porto
Liderados por Jane de Castro ladeada por seu marido Olavo,
159 outros casais se encaminharam até o palco da maior cerimônia de casamento
comunitário LGBT do mundo. Cantando Emoções de Roberto Carlos, Jane tocou o
coração de todos os presentes. Na abertura oficial da cerimônia, ela cantou o
hino nacional e emocionou ainda mais a todos.
Em seguida, Claudio Nascimento abriu a série de discursos que
antecederam a cerimônia matrimonial, agradecendo a todos e mencionando todos os
órgãos governamentais envolvidos, bem como o apoio da sociedade civil. Em
seguida, falou sobre o mito grego do Andrógino, que diz que Zeus decidiu
dividir o andrógino ao meio para que ele deixasse de ser tão autossuficiente e passasse
a buscar alguém que o completasse, fosse a parte masculina com o feminino, a
parte feminina com o masculino, ou os iguais (masculino-masculino e feminino-feminino).
Claudio Nascimento lembrou que foi graças a uma ação do
então Governador Sergio Cabral que o Supremo Tribunal Federal julgou a
legitimidade e isonomia das uniões civis homoafetivas. Com gratidão, o
responsável pelo Programa Rio sem Homofobia lembrou que a primeira cerimônia,
realizada em 22 de julho de 2011, logo após a decisão do SFT pelo reconhecimento
das uniões civis homoafetivas, incluiu a formalização de sua própria união com
João Silva, a primeiro casal gay a se unir legalmente no Rio de Janeiro.
“O dia é de celebração, mas também de afirmação política de
direitos” – afirmou Nascimento, parabenizando a todos os presentes, tantos os
casais como seus familiares e amigos.
Almir França, presidente do Grupo Arco-Íris, representou a
sociedade civil, especialmente a Comunidade LGBT do Rio de Janeiro.
“LGBT não é mais uma discussão acadêmica. A comunidade LGBT
é parte da sociedade brasileira, e é isso que o estado do Rio de Janeiro está
fazendo – incluindo a comunidade LGBT.” – destacou França.
Priscila Milhomem, representando a ARPEN (Associação dos
Registradores de Pessoas Naturais), e que tem participado ativamente das
celebrações desde a primeira cerimônia de união civil em 2011, destacou os avanços.
“Esta quinta cerimônia é diferente das demais e é um marco
para os casais, porque é a primeira vez que houve habilitação direta nos
cartórios. Essa ação de reconhecimento de direito nos cartórios reforça a
cidadania dos casais que estão aqui.” – celebrou Milhomem.
Para Luciana Mota, representando a Defensoria Pública do
Estado do Rio de Janeiro, houve um salto progressista na última década:
“Há nove anos, quando eu estava na faculdade, comentei com
meus professores sobre meu desejo de escrever sobre adoção por casais gays. Fui
criticada, mas fiz. E depois tracei como objetivo trabalhar pela cidadania da
população LGBT. Nunca imaginei que, nove anos depois, eu estaria aqui trabalhando
com um núcleo específico na Defensoria Pública, voltado para a população LGBT.
E hoje tivemos até dificuldade em arrumar um local para acomodar os casais e os
convidados.”
A dificuldade foi pelo grande número de presentes. A
primeira cerimônia (2011) contava com 43 casais. A de hoje, que é a quinta, reuniu
160 nubentes – quase quadruplicou. O
número de presentes deve ter girado em torno de mil pessoas ao todo, incluindo
a imprensa.
A Vereadora da capital, Laura Carneiro, sempre atuante em
prol da inclusão das minorias, principalmente LGBT, tendo sido a realizadora da
primeira sessão solene para celebrar o Dia do Orgulho LGBT na Câmara de
Vereadores, disse o seguinte:
“Esse é um casamento especialíssimo. Brota amor em cada
rostinho que a gente vê aqui. Parabéns aos noivos que lutaram por esse amor. E
parabéns aos familiares que conseguiram entender esse amor.”
Já a deputada federal Jandira Feghali, eleita esse ano para
mais um mandato no Congresso, destacou o seguinte:
“A luta da comunidade LGBT tem tido cada vez mais
ressonância no Congresso Nacional. Não tenhamos ilusões – a realidade no Congresso
ainda é perversa. E a próxima legislatura será ainda mais dura. A impressão que
me vem diante de vocês aqui é que há uma psicopatia no Congresso que insiste em
negar a realidade que estamos vendo aqui. E essa cerimônia, que é a maior do
mundo, é a melhor resposta que poderíamos dar a esses fundamentalistas que
insistem em negá-la no Congresso. Da nossa parte, parlamentares que compreendem
que estão no século XXI, vocês terão apoio sempre para a criminalização da
homofobia.”
A deputada foi aplaudidíssima antes e depois de seu
discurso, tendo sido sucedida no púlpito pelo Subsecretário da Secretaria de
Direitos Humanos Rafael Viola:
“Quando fiz direito há uma década, isso aqui era impensável:
casamento homoafetivo. Quanto nossa sociedade avançou nessa década! O que o nosso
estado democrático procura é a promoção dos direitos básicos do ser humano.
Qual é o papel do Estado, senão promover o bem-estar de cada cidadão? O estado do
Rio de Janeiro, um estado de vanguarda na luta pelos direitos das minorias, não
vai ceder, mas vai avançar na garantia e na efetivação dos direitos de cada um
de nós.”
O Dr. Rafael Viola também destacou que o Brasil assinou, em
2013, um compromisso com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, mas
disse que é preciso que o Congresso ratifique essa adesão. Esta é outra coisa
para acompanharmos atentamente.
Em seguida, o representante do Tribunal de Justiça do Estado
do Rio de Janeiro destacou o seguinte:
“Esse projeto saiu do sonho de Cláudio Nascimento e foi
abraçado pelo Judiciário através da Cristina Gaulia. Esses juízes de toga aqui
trabalharam de graça vários finais de semana para viabilizar os processos de
vocês e estão aqui hoje do mesmo modo para celebrar esse momento tão especial
para cada um de vocês.”
É gratificante ver
como essas autoridades se empenharam no apoio a esses casais e seus familiares.
O Dr. Viola se referia especialmente aos seguintes juízes que atuaram antes da cerimônia
e durante a mesma:
Dra. Raquel de
Oliveira
Dr. André de Souza
Brito
Dra. Monique Abreu
David
Dra. Mylene Gloria P.
Vassal
Dra. Priscila Abreu
David
Dra. Raquel Oliveira
O Defensor Público Geral do Estado do Rio de Janeiro, Dr. Nilson
Bruno, que foi eleito um dos padrinhos simbólicos dos casais, destacou os
avanços que têm sido efetivados na Defensoria com a criação de um núcleo LGBT e
de um núcleo contra o racismo esse ano. Entre as coisas que ele mencionou, vale
lembrar a seguinte:
“Ainda precisamos avançar em muita coisa, mas qual é o
estado brasileiro que tem um evento como esse para celebrar esses casamentos?
Estou muito orgulhoso. Obrigado por me convidarem. Obrigado por vocês
existirem. Quem disse que os casais heterossexuais são mais felizes que os
casais homossexuais? Quem pode dizer isso? A Defensoria Pública não vai tolerar
qualquer tipo de discriminação, seja de gênero, raça ou religião. Sejam
felizes!”
A Dra. Cristina Gaulia, representando os desembargadores, falando
sobre os novos desafios diante do Judiciário, disse o seguinte:
“O Judiciário tem que aceitar, endossar e ratificar o
registro por dois pais ou duas mães. Também precisa garantir o direito aos
procedimentos de transgenitalização do cidadão pobre” (referindo-se às pessoas
transexuais).
Citando a música Até
Quando? de Gabriel Pensador:
Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente!
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro!
A gente muda o mundo na mudança da mente
E quando a mente muda a gente anda pra frente
E quando a gente manda ninguém manda na gente!
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura
Na mudança de postura a gente fica mais seguro
Na mudança do presente a gente molda o futuro!
Em seguida, leu um poema de Vinícius de Morais.
As falas foram encerradas com a participação do representante
da Secretaria de Assistência Social e de Direitos Humanos, João Carlos Mariano
Santana Costa. Segundo ele, o Governador Pezão já pediu que a próxima cerimônia
seja feita na Arena.
“Vamos mostrar que esse governo constrói políticas sérias,
não é favor, é respeito. Vamos transformar a sociedade, vamos destruir o ódio.
Por que tanto ódio se o amor é tão lindo? É uma luta de todos. O exemplo de
vocês muda. O exemplo da família muda. É rápida a mudança? Não. Demora. Mas
muda.”
Foi extremamente gratificante para mim e para minha irmã
Kátia Viula assistirmos a esse evento tão emocionante. Também temos duas outras
razões para celebrar. Neste dia, casaram-se nossas amigas Cristiana Motta
Luvizaro De Assis Serra e Juliana Luvizaro, e de um colega de trabalho, André
Carrilho e Elias Barbosa.
Parabéns a todos os noivos e noivas que celebraram suas
núpcias hoje, porque o AMOR É LEGAL no Brasil. E no Rio de Janeiro é BABADO!!!!
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Fotos e reportagem por Sergio Viula.
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