Testemunhas destruíram notas sobre abuso sexual de crianças, disse um ancião do Salão do Reino

 
Max Horley parte logo depois de apresentar evidências à comissão real para 
respostas institucionais ao abuso sexual infantil em Sydney, Austrália. 
Fotografia por Paul Miller/AAP


Fonte: The Guardian
Tradução por Sergio Viula


Testemunhas de Jeová destruíram notas sobre abuso sexual de crianças para impedir que elas caíssem e mãos erradas e para "protegerem suas esposas", disse um ancião do Salão do Reino durante uma audiência em Sydney, Austrália.

A abertura da comissão real para a audiência sobre abuso na igreja (Salão do Reino das Testemunhas de Jeová) ouviu como 1.006 alegações de abuso sexual desde 1950 foram tratadas internamente e nunca denunciadas à polícia.

A comissão também ouviu que as vítimas era obrigadas a confrontar seus abusadores e saíam se sentindo como se elas tivessem pecado.

Max Horley foi um ancião de uma congregação das Testemunhas de Jeová em Narrogin, Austrália Ocidental, nos últimos anos da década de 1980, quando uma mulher conhecida como BCB foi entrevistada sobre o relacionamento dela com ouro ancião da igreja, Bill Neill.

Segunda-feira, BCB, 47 anos, contou como Neill, que está morto, a usou desde os 15 anos. Ela disse que ele costumava molesta-la e espia-la quando ele estava no chuveiro.

Ela era amiga da filha de Neill e passou muito tempo na casa deles, onde o "tio Bill" dava-lhe beijos de língua.
 
Quando o abuso foi revelado, pediram a BCB que frequentasse reuniões com dois anciãos e com Neil, que debochava sobre o que tinha feito. Nas reuniões, BCB disse que se sentia culpada e achava difícil contar detalhes do abuso.

Neill negava qualquer má conduta intencional.

Horley disse que Neill foi deposto como ancião porque as alegações lançaram uma sombra sobre suas qualificações para ensinar a palavra de Deus. Horley, um ancião na igreja por mais de 30 anos, disse que as notas sobre as alegações de abuso sexual não foram mantidas para prevenir que caíssem em mãos erradas.

“Não queremos que nossas esposas saibam de nossas coisas – com que tipo de coisas estávamos lidando,” disse Horley.

Ele também disse que destruiu as notas, porque eles queriam limitar o número de pessoas na congregação que sabiam sobre o abuso.

Horley também disse que não percebia naquele tempo que o abuso era um assunto criminal, e não era prática da igreja reportar alegações de abuso sexual à polícia.

Os anciãos costumavam pedir conselho à Filial - o grupo que supervisiona as congregações na Austrália - se tivesse alguma hesitação sobre como proceder "legalmente e biblicamente".

Em uma declaração de abertura, o conselheiro que orientava a comissão Angus Stewart disse que a organização, que tem 68 mil membros na Austrália, havia lidado com todas a alegações internamente. Ele disse que a igreja estava preocupada com o pecado e em pecar.

Testemunhas de Jeová acreditam que a Bíblia seja a palavra inspirada por Deus e a interpretam literalmente. Ele disse que os documentos foram acolhidas, o que mostrava que os anciãos consideravam a espiritualidade e o apelo do denunciante para acatar as alegações contra Bill Neill.

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