Por Sergio Viula - 12/03/2023 É uma aposta certa: Fale sobre os riscos envolvidos em encontros por aplicativos de namoro e logo haverá uma dezena de pessoas dizendo que não é nada disso. O inferno é sempre o negacionismo dos outros, não é verdade? Se existe algo de negativo, perigoso ou até mortal numa coisa que eu gosto, só pode ser mentira ou exagero. Não é exatamente assim que funciona com todo negacionista? Acredite ou não, existem negacionistas no reino dos aplicativos. São aqueles que juram que o Tinder, Gindr e outros são os melhores amigos do homem. O argumento mais usado é: "Eu já encontrei com pessoas via app e nunca me aconteceu nada." Outro muito comum é: "Eu conheço gente que se conheceu pelos apps de encontros e está namorando pra valer até hoje ou já está até casada agora." Isso não chega nem a ser um argumento de fato. É como dizer: "Eu já transei sem camisinha várias vezes e nunca peguei nada. Logo, transar sem camisinha não é arriscado."
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Autoritarismo e diversidades: João Silvério Trevisan
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João Silvério Trevisan
Por Sergio Viula
Um dos mais antigos ativistas pelos direitos homossexuais - posteriormente, ampliados para a sigla LGBT -, João Silvério Trevisan, autor do emblemático e indispensável Devassos no Paraíso, fala sobre autoritarismo, democracia, direitos e diversidade sexual. A entrevista foi publicada pelo canal "História da ditadura" no YouTube. Trevisan foi um dos fundadores do grupo SOMOS - o primeiro grupo organizado para a defesa dos direitos homossexuais e para a promoção de uma cultura permeada pela diversidade sexual. Sua saída do SOMOS resultou do desvirtuamento da natureza e dos objetivos do grupo, depois que foi partidarizado. "Nós não queríamos absolutamente nos incorporar num partido. Nós queríamos alianças, nós pensávamos seriamente na importância de ter os apoios das pessoas de esquerda, mas jamais emprestar nossa voz de novo ou deixar que nossa voz fosse roubada" - explica Trevisan.
O segundo vídeo, que encerra a entrevista, começa com um ofício do SNI (Serviço Nacional de Inteligência), órgão de espionagem do governo federal extremamente atuante no período da ditadura. O documento denunciava o jornal Lampião de Esquina, o primeiro periódico gay do Brasil. Depois do lançamento do jornal, os colunistas Darcy Penteado, Aguinaldo Silva e o próprio João Silvério Trevisan foram fichados e passaram a ser monitorados pelos censores. Apesar disso, o jornal circulava. Trevisan comenta que até Fernando Henrique Cardoso, quando nem sonhava em ser presidente, comprava o Lampião da Esquina numa livraria e mandava embrulhar, demonstrando o mesmo receio de muitos outros assinantes (mas compava!!!), os quais pediam que o jornal fosse remetido sem o nome Lampião da Esquina no verso do envelope.
João, que é de esquerda, não poupa a esquerda brasileira e latino-americana de críticas, e deixa claro que não suporta dogmatismos, os quais infestam tanto o pensamento da direita como da esquerda brasileiras, cada uma a seu modo.
A direita
"Eu tenho muita dificuldade para dialogar com pessoas de direita, que são, de saída, dogmáticas, autoritárias e sectárias. Então, eu sou rodeado por aqueles com quem eu tenho, teoricamente uma interlocução, e eu fico horrorizado com essa incapacidade de torcer o real, essa dificuldade intrínseca de dialogar com a realidade que [nos] cerca."
A esquerda
"Quando a coisa [os direitos dos homossexuais] entrava em fricção com os dogmas petistas, os dogmas do partido, as propostas do partido, as prioridades do partido, o que vencia era obviamente a prioridade do partido."
"Eu nunca me dobrei a palavras de ordem, eu me recuso a me dobrar a dogmas."
"Não acredito na Verdade. A verdade tem que ser discutida democraticamente. Não há nenhum regime que tenha a verdade como fulcro e como substrato da sua atividade. Senão, nós vamos estar caindo numa ditadura. Se você tem democracia, você vai ter que discutir o que é a realidade e o que é a verdade dessa realidade, porque os nossos focos são sempre muito diversificados."
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Não deixe de ler!
Devassos no Paraíso Garanto que você nunca leu nada igual. E se já leu algumas das versões antigas, você vai ver coisas que não viu em qualquer uma delas nessa versão revisada e atualizada.
Trata-se de uma fantástica obra de análise de si mesmo e de resgate de toda uma vida. É um verdadeiro inventário da vida de Trevisan, especialmente a infância e a adolescência, especialmente tudo o que ele sofreu por causa do pai dele, um verdadeiro carrasco homofóbico. João Silvério Trevisan conseguiu reiventar sua própria realidade e criar uma couraça de resistência sem perder sua típica doçura. Dono de um pensamento arguto e profundo, Trevisan faz nossas entranhas se moverem enquanto habilmente nos conduz pelo seu passado através de suas belíssimas letras.
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Resgate histórico Representação de auto-felação. Uma possível referência ao ciclo da vida ou sustentabilidade do planeta. Organizado por Sergio Viula Fontes no final do post. Os seres humanos são bissexuais, homossexuais e heterossexuais desde sempre. E não apenas os humanos, mas outros animais também demonstram interesse sexual e afetivo por membros do mesmo sexo em suas respectivas espécies. Uma das mais antigas e admiradas civilizações é, sem dúvida, a civilização egípcia. Por isso, o Blog Fora do Armário foi atrás de informações sobre a homossexualidade, mais especificamente, nas terras dos Faraós. O objetivo é mostrar como a homossexualidade, que é um dado natural, é encarada e vivida ou reprimida de acordo com a cultura de cada povo em cada época. Nem mesmo os regimes mais repressores conseguiram impedir seu fluxo, mas alguns povos conviveram com a homoafetividade sem grandes problemas. A dificuldade em levantar esses dados em tempos tão an
Zeus e Ganimedes Por Sergio Viula Zeus é conhecido, entre outras coisas, por sua impetuosa inclinação ao amor com humanas - coisa que sua divina esposa, Hera, não tolerava, especialmente quando essas relações geravam descendentes - filhos hibridamente constituídos pelo encontro entre seu divino marido e mulheres mortais. Porém, nem só de mulheres terrenas alimentava-se o desejo de Zeus. Ele também amou deusas e ninfas. Entretanto, nenhuma de suas paixões é tão celebrada até hoje como aquela que o senhor do Olimpo experimentou com um homem. O nome do "crush" divino era Ganimedes, filho de Tros, homem que deu à Tróia seu nome. Ganimedes era um príncipe de rara beleza e isso atraiu a atenção de Zeus. Ganimedes representava uma irresistível mistura de inocência e virilidade - seu rosto ainda imberbe e seu corpo perfeito eletrizaram o desejo do deus que controlava inclusive os raios, mas não podia resistir ao amor. Numa tarde de primavera, enquanto o príncipe de Tróia desfila
Por Sergio Viula DIA 28 DE JUNHO é o Dia Internacional ORGULHO LGBT! E temos muito do que nos orgulhar! A maioria de nós sobreviveu a uma infância e adolescência onde era cada um por si e todos contra nós. Se você foi criança antes da década de 1990, arrisco-me a dizer que você não tinha referências positivas que representassem a sua individualidade enquanto pessoa sexodiversa na TV, no rádio ou nas publições impressas. Às vezes, eu me pego pensando: Quem dera eu pudesse ter assistido algo como Heartstopper quando eu tinha 12 anos, por exemplo. Se você ainda não ouviu falar nessa série da Netflix, ela foi inspirada nessa HQ aqui . Teaser official da série na Netflix Família, escola, igreja e trabalho A família, ambiente onde devíamos ter sido acolhidos e incentivados ao pleno desenvolvimento de nossas habilidades e de nossos afetos, foi justamente onde encontramos mais incompreensão e repressão. Se nos enfiamos no armário - muitos de nós por décadas -, foi justamente por causa de algum
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