Rua Frei Caneca ganha posto de turismo gay

Frei Caneca - São Paulo


🏳️‍🌈 São Paulo inaugura o primeiro Centro de Informações Turísticas Gay do Brasil – e a homofobia reage


Hoje, 20 de maio de 2010, São Paulo dá um passo importante no reconhecimento e no respeito à comunidade LGBTQIA+. A prefeitura da capital paulista, por meio da SPTuris (São Paulo Turismo), inaugurou o primeiro Centro de Informações Turísticas (CIT) Gay do Brasil, localizado na Rua Frei Caneca, um dos pontos de maior visibilidade da população LGBT na cidade.

A proposta é simples e sensata: valorizar um público que já frequenta, movimenta a economia e transforma a cidade há décadas. A SPTuris mapeou 91 estabelecimentos comerciais gay friendly na capital paulista, entre eles:

  • 8 shoppings

  • 25 cafés e bares

  • 23 boates

  • 20 restaurantes

  • 8 saunas

Além disso, o guia inclui parques, museus e atrações culturais. A intenção é clara: fazer com que o público LGBT não visite São Paulo só na época da Parada, mas se sinta bem-vindo o ano todo. E faz todo sentido, já que a cidade costuma receber cerca de 400 mil turistas LGBT durante a Parada – movimentando impressionantes R$ 180 a R$ 190 milhões na economia local.

💡 CIT Gay: respeito e acolhimento

O centro vai funcionar no Casarão Brasil, sob administração da Abrat-GLS (Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes). Os atendentes são bilíngues (português e inglês) e foram treinados para oferecer orientações seguras e personalizadas: como chegar a determinado bar, que tipo de ambiente é cada boate, quais são as exigências dos estabelecimentos, entre outros.

Segundo Almir Vieira Nascimento, da Abrat-GLS:

“Eles foram treinados pela SPTuris, visitaram alguns desses locais e conhecem as preferências e exigências desse público.”

🎉 Apoio da sociedade civil organizada

A iniciativa recebeu aplausos de diversos setores. Marcelo Cerqueira, presidente do Grupo Gay da Bahia, celebrou:

“Ótima ideia porque mostra o reconhecimento de São Paulo a esse público que consome e gasta. A cidade é a capital gay da América Latina.”

👏🏽 COMENTÁRIO DESTE BLOGUEIRO:

A prefeitura de São Paulo está de parabéns! Os homossexuais recebem a boa-nova com alegria. Os homofóbicos se ressentem, como sempre. Porém, o discurso deles vai ficando mais insuportável para a maior parte da sociedade à medida que o esclarecimento das mentes vai avançando e o dogma imbecilizante vai ficando nitidamente ultrapassado. Gente como Apolinário não devia perder nenhuma oportunidade de ficar calado quando se trata de qualquer assunto GLBTT. Eles só fazem demonstrar cada vez mais claramente o nível de estupidez a que estão submetidos por sua escravidão aos interesses de certos grupos evangélicos, especialmente (não exclusivamente) os pentecostais e neo-pentecostais.

🤦🏽‍♂️ E aí vem o Apolinário...

Como era de se esperar, bastou o prefeito Gilberto Kassab anunciar uma medida acertada e respeitosa para que o vereador Carlos Apolinário, do DEM (partido do prefeito, aliás), corresse ao microfone para protestar... em nome do preconceito. Em discurso na Câmara Municipal, com transmissão ao vivo pela TV Câmara, o nobre edil afirmou que:

“O governo municipal transformou os gays em uma categoria especial de pessoas.”
“Não deveria ter um espaço exclusivo para gays. Tinha de ser para todos, para qualquer atividade, seja umbandista, evangélico, gay ou lésbica.”

Mas ele não parou por aí. Criticou ainda a portaria da prefeitura que permite o uso do nome social por pessoas trans e travestis em documentos da administração pública, dizendo:

“Do jeito que as coisas estão indo, logo alguém vai apresentar um projeto transformando São Paulo na capital gay do País.”

Bom... e por que não? A julgar pelas reações dos intolerantes, São Paulo já é uma referência de acolhimento e diversidade. Que seja, então, a capital gay do País, sim — pelo menos até o dia em que todas as cidades brasileiras saibam lidar com a pluralidade humana com o mínimo de decência.

🔇 Silêncio conveniente

Apesar de o plenário estar lotado no momento do discurso de Apolinário — com 47 dos 55 vereadores presentes — ninguém se manifestou contra. Kassab, procurado para comentar as falas do correligionário, preferiu o silêncio. Mas José Police Neto, líder do governo, ainda se manifestou:

“O prefeito quis mostrar respeito e colocou uma empresa, a SPTuris, para intermediar a viabilização da central. Não vejo problema.”

🔊 Resposta da Parada

Alexandre Santos, presidente da organização da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, rebateu:

“Nós não queremos direitos diferentes de ninguém. Independentemente de partido, o governo municipal tem reconhecido nossas demandas e isso é um aspecto positivo que alguém homofóbico não consegue enxergar.”

📍 Conclusão:

A homofobia institucional ainda vive e fala alto — mas cada vez menos convence. Enquanto isso, São Paulo, apesar de seus conflitos e contradições, segue abrindo caminhos. E a cada passo, mais gente se sente autorizada a existir.

A criação do CIT Gay é mais do que uma política de turismo — é uma política de respeito. E quem não gosta, que se retire discretamente para seu próprio armário.

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Comentários

  1. Ele se esqueceu que umbandistas gays e evangélicos gays também poderão se beneficiar.

    Peter

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  2. Acertou em cheio, Peter!!!

    Adorei!
    Sergio Viula

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