LGBT: O ódio saudita versus a Jihad do Amor

A homofobia saudita precisa ser detida

Um boicote internacional faria a família real reavaliar sua intolerância pelo menos tacitamente.


Por Sergio Viula
Com informações Daniel Villarreal
Domingo, 28 de abril de 2019
para o LGBTQ Nation
https://www.lgbtqnation.com/2019/04/saudi-arabia-beheaded-5-men-proven-gay-torture/



Foto: Anistia Internacional


A Arábia Saudita decapitou 37 homens numa execução em massa recentemente. As autoridades alegam que eles eram suspeitos de espionagem e terrorismo em favor do Irã, e um dos homens executados "teria admitido ter mantido relações sexuais com quatro dos terroristas, seus companheiros de condenação", como reporta o Metro UK.

Metro UK: https://metro.co.uk/2019/04/27/five-men-beheaded-saudi-arabia-gay-according-confessions-extracted-torture-9328194/

Os réus eram membros da minoria Shia no país. Documentos do tribunal acusam o homem de odiar a seita sunita (facção islâmica baseada em palavras e atos atribuídos a Maomé e registrados na Suna - uma tradição paralela ao Corão). Alegam os algozes que ele também odiava o Estado e suas forças de segurança. Todavia, o "homem gay" negou todas as acusações contra ele. Seu advogado chamou suas confissões de invenção.

Execuções em praça pública

Os homens foram executados em praça pública e um deles teve a cabeça colocada num poste.

A Arábia Saudita é acusada de executar 100 pessoas esse ano até agora. O conselho supremo do país, formado por clérigos sunis ultraconservadores alega que a lei islâmica corrobora as execuções, mas sua interpretação é, na verdade, extremista. Muçulmanos discordam sobre se o Islã proíbe a homossexualidade.

O ódio aos homossexuais não é unanimidade


O erudito mulmano Mehammed Amadeus Mack explicou na Newsweek que o mais primitivo texto do Isã, o Corão, não diz coisa alguma sobre a homossexualidade. Segundo ele, a principal fonte de religiosidade anti-LGBTQ muçulmana vem da "Ahadith", ditos atribuídos ao profeta Maomé e seus companheiros.

Newsweek: http://www.newsweek.com/what-does-koran-say-about-being-gay-470570

Alguns muçulmanos rejeitam a "Ahadith" porque ela "viola a completude e perfeição do Corão." Outros vêm a "Ahadith" com ceticismo, questionando sua confiabilidade e seus textos religiosos autoritativos.

Mack escreve: "Não é de admirar que muitos muçulmanos que se identificam como LGBT tomem a posição corânica e rejeitem [a Ahadith].”

A aceitação das relações homoafetivas na literatura histórica e na arte do Oriente Médio é muito mais antiga do que a homofobia introduzida nessa região por colonizadores britânicos e franceses no anos de 1800 e 1900, posteriormente agravada por clérigos fundamentalistas islâmicos, que usaram a homofobia com uma forma populista de provocar revolta contra os ditos "valores ocidentais" durante a década de 1970 e além.

Hornet: https://hornet.com/stories/middle-east-homophobia-anti-gay-history/ 

Os muçulmanos pró-LGBT vêm promovendo a inclusão desse segmento populacional em suas mesquitas e cerimônias, inclusive de casamento, como ocorreu pela primeira vez em 08/04/2012 na França.

Leia também em português:

Como a homossexualidade se tornou crime no Oriente Médio

https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2019/03/como-homossexualidade-se-tornou-crime.html

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