Governo de Uganda volta a propor pena de morte para homossexuais
Por Sergio Viula
Com informações de La Republica
e outros veículos
La Republica: https://larepublica.pe/mundo/2019/10/11/africa-lgtbi-gobierno-de-uganda-propone-pena-de-muerte-para-homosexuales-discriminacion-homofobia-comunidad-gay/
As autoridades do país africano afirmam que "essa conduta não é natural", e por isso propuseram ao Congresso a polêmica medida. O objetivo é impor a pena de morte a todas as pessoas que pratiquem ou divulguem qualquer coisa sobre a homossexualidade.
O ministro de Ética e Integridade do país, Simon Lokodo, está confiante em que se aprovará essa norma.
Uganda vem se tornando, ano após ano, um dos maiores redutos de homofobia estatal em todo o mundo.
O ministro de Ética e Integridade do país, Simon Lokodo, disse à agência Reuters que “a homossexualidade não é natural para os ugandeses, mas as pessoas gays têm levado a cabo um recrutamento massivo em colégios, especialmente entre os jovens, onde se tem promovido a falsidade de que as pessoas nascem assim.
Leia: Não somos a única espécie gay (Superinteressante)
https://super.abril.com.br/ciencia/nao-somos-a-unica-especie-gay/
As autoridades do país africano afirmam que "essa conduta não é natural", e por isso propuseram ao Congresso a polêmica medida. O objetivo é impor a pena de morte a todas as pessoas que pratiquem ou divulguem qualquer coisa sobre a homossexualidade.
O ministro de Ética e Integridade do país, Simon Lokodo, está confiante em que se aprovará essa norma.
Uganda vem se tornando, ano após ano, um dos maiores redutos de homofobia estatal em todo o mundo.
O ministro de Ética e Integridade do país, Simon Lokodo, disse à agência Reuters que “a homossexualidade não é natural para os ugandeses, mas as pessoas gays têm levado a cabo um recrutamento massivo em colégios, especialmente entre os jovens, onde se tem promovido a falsidade de que as pessoas nascem assim.
Leia: Não somos a única espécie gay (Superinteressante)
https://super.abril.com.br/ciencia/nao-somos-a-unica-especie-gay/
A proposta, que tem o aval do presidente Yoweri Musevi, é conhecida como a lei "matem os gays". Ela poderá ser votada até o final do ano no Parlamento. O projeto inicial, que data de 2014, foi anulado, passando de pena capital para cadeia perpétua e depois para sete anos de cárcere. Porém, devido às pressões da comunidade internacional e às vozes contrárias de diversas organizações não-governamentais no país, a Corte Constitucional de Uganda decidiu revogar a lei.
Leia: Homossexualidade, DNA e a ignorância (artigo do Dr. Drauzio Varela)
https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/homossexualidade-dna-e-a-ignorancia-artigo/
Desta vez, porém, o governo, que já proibiu todo tipo de manifestações por parte da comunidade LGBTI, está determinado a aplicar essa norma.
“Nossa lei atual é limitada. Só criminaliza o ato. Queremos que fique claro que qualquer pessoa que esteja envolvida na promoção e recrutamento deve ser incriminada. Os que cometem atos graves receberão pena de morte", acrescentou Simon Lokodo.
Para que a lei seja aprovada, é necessário que um terço dos congressista presentes à sessão votem a favor dela. “Temos falado com os deputados e mobilizamos um grande número”, afirmou o ministro ugandense, que se mostra otimista porque, segundo disse, "muitos congressistas o apoiam".
Por outro lado, a ativista dos direitos da comunidade LGBTI e membro da Fundação Stephen Lewis, Zahra Mohamed, disse que trazer de volta a legislação antigay conduzirá invariavelmente a um aumento da discriminação e dos crimes que se cometem contra os homossexuais.
A alegação de que a homossexualidade é contra a natureza tem suas raízes no preconceito gerado pela doutrinação religiosa a partir do surgimento do cristianismo.
Amanda Medeiros publicou um excelente artigo sobre o tema. Destaco apenas um trecho sobre o preconceito e ódio contra a homossexualidade fomentado pelos primeiros padres e seus sucessores.
Desta vez, porém, o governo, que já proibiu todo tipo de manifestações por parte da comunidade LGBTI, está determinado a aplicar essa norma.
“Nossa lei atual é limitada. Só criminaliza o ato. Queremos que fique claro que qualquer pessoa que esteja envolvida na promoção e recrutamento deve ser incriminada. Os que cometem atos graves receberão pena de morte", acrescentou Simon Lokodo.
Para que a lei seja aprovada, é necessário que um terço dos congressista presentes à sessão votem a favor dela. “Temos falado com os deputados e mobilizamos um grande número”, afirmou o ministro ugandense, que se mostra otimista porque, segundo disse, "muitos congressistas o apoiam".
Por outro lado, a ativista dos direitos da comunidade LGBTI e membro da Fundação Stephen Lewis, Zahra Mohamed, disse que trazer de volta a legislação antigay conduzirá invariavelmente a um aumento da discriminação e dos crimes que se cometem contra os homossexuais.
A alegação de que a homossexualidade é contra a natureza tem suas raízes no preconceito gerado pela doutrinação religiosa a partir do surgimento do cristianismo.
Amanda Medeiros publicou um excelente artigo sobre o tema. Destaco apenas um trecho sobre o preconceito e ódio contra a homossexualidade fomentado pelos primeiros padres e seus sucessores.
Leia o artigo na íntegra aqui: A evolução histórica da intolerância a homossexualidade - https://amandamedeiiros.jusbrasil.com.br/artigos/255042093/a-evolucao-historica-da-intolerancia-a-homossexualidade.
O que se pode observar é que a prática homossexual se fez presente em todas as fases históricas e nos ramos de todas as atividades humanas, tendo, em cada momento e lugar significação própria, em relação à cultura de cada povo.
Torna-se, portanto, de grande importância analisar o fato de que a palavra homossexualidade não teve, ao longo de sua história, a mesma designação e vocábulo como ocorre na realidade da idade contemporânea como relata Darte (2008, p. 3):
A prática homossexual era um modelo comum em diversas tribos pré-históricas e em povos como os egípcios, os gregos, os romanos e os indianos. Havia uma adoração à sedução de um jovem, ao culto da prostituição masculina, ao falo. Porém a visão da sociedade quanto à identidade sexual começou a mudar quando a igreja relacionou a moralidade com a conduta sexual, criando uma tradição que proibia qualquer forma de relação sexual que não fosse entre homem e mulher com o objetivo da procriação, assim como Adão e Eva.
A homossexualidade nas civilizações primitivas, como já mencionado, foram aceitas e tiveram relevante papel na estrutura social, no entanto, no início da Era Cristã, a prática homossexual passa a ser considerada uma transgressão à ordem natural, devendo, por isso, ser fortemente repreendida e, de acordo com Dias (2006, p. 27) provém das religiões o preconceito contra a homossexualidade quando afirma: “A concepção bíblica busca a preservação do grupo étnico baseado no Gênesis e na história de Adão e Eva, de que a essência da vida é o homem, a mulher e sua família.”
Portanto, o que o governo de Uganda está fazendo ao promover leis que persigam as pessoas homossexuais é simplesmente recorrer a doutrinas religiosas equivocadas e ultrapassadas, ignorando todas as evidências já apresentadas por cientistas, historiadores, filósofos e outros estudiosos de que a homossexualidade é tão natural quanto a heterossexualidade e a bissexualidade. Vale lembrar aqui também que igrejas fundamentalistas americanas têm patrocinado campanhas anti-gays naquele país africano.
O pastor Scott Lively teve muito a ver com esse levante homofóbico em Uganda. Em 2009, ele viajou para Uganda e pregou em diversos pontos do país contra o que ele chama de 'agenda gay'. Ele conclamou a população a perseguir pessoas LGBT, alegando que elas são estupradoras e pedófilas. Ele também comparou homens gays a animais, além de dizer aos legisladores ugandenses que os gays foram responsáveis pelo Holocausto e pelo genocídio de Ruanda.
Na verdade, homossexuais foram torturados e mortos em ambos os casos, sendo que no Holocausto promovido por Hitler eles foram sistematicamente perseguidos.
Não deixe de ler esse comovente livro sobre um gay sobrevivente do regime nazista e do campo de concentração: https://www.foradoarmário.com/2013/01/triangulo-rosa-um-homossexual-no-campo.html
É muito provável que parte do ódio disseminado por Scott Lively, que já declarou ter um irmão e uma irmã gays, seja apenas uma plataforma política construída sobre os cadáveres de inocentes que desejam apenas o que qualquer pessoa deveria usufruir: o direito de se expessarem de acordo com seus afetos e de construírem suas próprias biografias.
Em 2018, ele tentou entrar na corrida eleitoral para governador de Massachussetts, declarando-se declara pró-Trump e alegando ser um verdadeiro conservador, quando não passa de um desprezível promotor de ódio. O artigo 11 things about Scott Lively, the Anti-Gay Pastor Challenging Charlie Baker apresenta muito claramente o perfil desse pastor do ódio e da morte que estimulou Uganda a seguir na contramão do projeto civilizatório.
Veja o artigo aqui: https://www.bostonmagazine.com/news/2018/04/30/scott-lively/
Felizmente, vozes dentro do catolicismo, do protestantismo e até mesmo do islamismo têm se levantado para trazer muitos de volta ao bom senso. É o caso do padre Luiz Correa Lima, padre jesuíta com formação em filosofia e teologia, e é doutor em história e professor de história na PUC-Rio.
Felizmente, vozes dentro do catolicismo, do protestantismo e até mesmo do islamismo têm se levantado para trazer muitos de volta ao bom senso. É o caso do padre Luiz Correa Lima, padre jesuíta com formação em filosofia e teologia, e é doutor em história e professor de história na PUC-Rio.
Veja essa entrevista com o Padre Luiz Correa Lima: Os LGBT, o Papa e a Família
https://www.ihu.unisinos.br/categorias/159-entrevistas/40699-diversidade-sexual-e-igreja-um-dialogo-possivel-entrevista-especial-com-luis-correa-lima
O teólogo e pastor José Barbosa Júnior, que atua na Igreja Batista, criou o projeto Jesus cura a homofobia. Veja a entrevista dele abaixo:
Sem dúvida, um dos melhores documentários sobre gays e Islã é o filme Jihad do amor (A Jihad For Love). Você pode assisti-lo aqui no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=hXXplurwBMI
Leia também: Muçulmanos LGBTQ - Junaid Jahangir
https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/2019/05/muculmanos-lgbtq-junaid-jahangir.html
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