No dia 8 de dezembro de 2024, Silas Malafaia liderou o culto da Santa Ceia na sede da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (Advec), no Rio de Janeiro, onde a atmosfera lembrava uma casa de shows, com iluminação moderna, telões e banda de pop rock gospel. O culto, que durou quase duas horas, teve mais foco político do que religioso. Malafaia, com visual similar ao de influenciadores e empresários, criticou fiéis que leem a Bíblia em tablets e celulares — crítica alinhada aos interesses da Editora Central Gospel, sua empresa em crise financeira e com dívida de R$ 30 milhões.
Apesar disso, documentos obtidos pelo ICL Notícias mostram que o pastor teve rendas milionárias, como os R$ 962 mil declarados à Receita apenas em 2018. Desde 2013, sua renda anual ultrapassou R$ 1 milhão em pelo menos três anos. Em 2016, afirmou à Polícia Federal que ganhava R$ 100 mil por mês. Mesmo com essa renda, seu patrimônio declarado parece incompatível com seu estilo de vida luxuoso, incluindo carros importados e um jato de mais de R$ 5,6 milhões, registrados em nome da Avec, braço beneficente da igreja.
A revista Forbes chegou a estimar seu patrimônio em US$ 150 milhões, número que ele desmentiu afirmando que o valor real era apenas 2% disso. Ao mesmo tempo, sua influência política cresceu: tornou-se um dos principais defensores e conselheiros de Jair Bolsonaro, investindo inclusive do próprio bolso em manifestações como a da Avenida Paulista em fevereiro de 2024, que reuniu 185 mil pessoas. Após dizer que o ato seria bancado com dinheiro da Avec, recuou por alerta jurídico sobre possível investigação nas contas da entidade.
Em entrevista ao ICL, admitiu ter mudado de ideia após conselho do advogado, temendo uma devassa nas finanças da Avec. Ainda assim, continua se recusando a revelar detalhes sobre sua renda ou salário. Sua trajetória política inclui apoio a candidatos de diferentes espectros, como Lula, Brizola, Serra e Aécio, mas consolidou-se na extrema direita após sua oposição à lei anti-homofobia. Em 2015, a Receita Federal multou a Avec em mais de R$ 25 milhões por irregularidades em 2010.
Malafaia construiu a imagem de self made man, alegando ter formado seu patrimônio antes de fundar a Advec, como conferencista e autor de milhões de livros e DVDs. No entanto, documentos e investigações contradizem essa versão. O projeto “Império Malafaia”, lançado pelo ICL Notícias, detalha essas contradições em série de reportagens, um podcast de quatro episódios e um documentário previsto para 29 de maio de 2025.
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