Fomos convidados para assistir à peça "Nós" pelo Rodolfo Abreu no Teatro Futuros, que é o antigo Teatro Oi, ali no Flamengo. Quem for de metrô só precisa descer no Largo do Machado. Fica a poucos metros da estação. A peça "Nós" mergulha na primeira e na última meia hora de um relacionamento entre dois homens. Trata-se de uma comédia dramática que fala de amor, conflito e do cotidiano do casal. As discussões são super contemporâneas.
Com Andriu Freitas e Ricardo Beltrão, a peça tem texto de David Persiva e tradução de Diego Tesa. A direção é de Daniel Dias da Silva, que estava presente, juntamente com sua assistente de direção, Pamella Salsa. A direção de movimento ficou a cargo de Daniel Chagas, o cenário e figurino são de Wanderley Gomes, a iluminação é de Paulo Denizot, a produção executiva de Luciano Pontes e a sonorização de Daniel Studart.
A assessoria de comunicação é de Rodolfo Abreu, da Interativa Doc., esse querido que nos convidou. A fotografia é de Nanda Araujo, e o projeto gráfico, de Luiz Stein. A realização é da Pirata Produções e Flora Artísticas. Você pode acessar mais informações aqui: https://www.instagram.com/nos.peca
Minhas impressões e algumas pontuações sobre a vida
Chegamos mais cedo para tomarmos um cafezinho no bistrô do Teatro Futuros - Tecnologia e Arte. Assim que chegamos, encontramos com o Rodolfo. Foi um momento muito especial, porque foi a primeira vez que nos vimos pessoalmente. Já nos seguimos há muito tempo, mas só ontem (06/09/25) foi que pudemos nos encontrar. Rodolfo foi extremamente gentil e teceu comentários generosos sobre o meu trabalho aqui no blog e sobre outros textos. Fiquei muito honrado.
Depois dessa conversa e dos nossos cafés, fomos nos sentar. O teatro é aconchegante e a peça foi simplesmente maravilhosa - toda dialogal, ou se você preferir, dialética mesmo. O casal discute diversos problemas, mas também diversas alegrias vividas ao longo de 3 anos. O foco, porém, recai sobre os 30 primeiros minutos de encontro deles sobre os 30 últimos minutos da relação. Tudo muito interessante e dinâmico.
Não sei se o pessoal fez isso deliberadamente, mas entre as muitas impressões que eu tive, destaco a seguinte: O personagem do André Beltrão parece sempre a razão da relação, enquanto o personagem do Andriu Freitas sempre representar a emoção. Se eu colocasse isso em termos freudianos, diria que o primeiro era o Superego da relação e o segundo era o Id. Este último chega a ser, de certa forma, irresponsável com pequenas coisas, tais como comprar papel higiênico para colocar no banheiro ou como não fazer o jantar para o marido que chegou tarde e cansado do trabalho, enquanto ele passou o dia inteiro dentro de casa. Por causa desses "deslizes" cotidianos, o outro começa a cobrar uma mudança de postura por parte do parceiro, que simplesmente não consegue tomar qualquer decisão na vida. Apesar da seriedade da situação, a peça conjuga drama com comédia de modo magistral. Eles conseguem teatralizar alguns do memes mais queridos da plateia.
A relação vai se desgastando porque um trabalha e o outro não; um se preocupa com as contas o tempo todo e o outro não; um tem sempre o pé no chão, enquanto o outro fica apenas idealizando o que pretende fazer sem nunca realmente realizar coisa alguma. E a verdade é que para fazermos qualquer "pequeno empreendimento amoroso" funcionar é preciso muita cumplicidade. Pense no lar como sua "pequena empresa familiar", se você permitir o acúmulo permanente de déficit no campo financeiro, afetivo ou sexual, já era - a falência conjugal é certa.
Enquanto eles vão discutindo essas coisas ao longo da peça, você vai percebendo que algumas coisas não resistem ao desgaste do dia a dia quando aquilo que já foi identificado como um problema não muda. E o interessante é perceber que mudar não é fácil. O outro pode jurar que vai mudar, que vai melhorar, mas dificilmente ele vai deixar de ser de um jeito para ser de outro. E se vocês não combinam em coisas que um ou os dois consideram importantes, talvez vocês definitivamente não combinem e não possam seguir adiante. Não importa quão lindo seja o seu parceiro, não importa quão comunicativo ele seja, as coisas não vão funcionar. Cumplicidade é a chave. E ela depende de duas outras coisas fundamentais: caráter e empatia.
Havia muitas rachaduras naquela relação e toda rachadura tende a progredir para estragos maiores. Não importa quão lindo tenha sido o primeiro encontro, se não avançar para uma cumplicidade mais profunda, não vai longe. Muita gente não entende que para que uma relação possa funcionar bem, o tesão que logo é acionado no começo, tem que se transformar em outras formas de amor e convivência. O amor não pode estar restrito ao sexo. Se ele estiver restrito ao sexo, daqui a pouco nem sexo haverá mais. Mas se você faz os ajustes necessários para viver uma relação produtiva, saudável, bonita, onde haja parceria de verdade, não haverá limites para o amor de vocês. É disso tudo que essa peça fala, de uma forma cômica e dramática ao mesmo tempo, mas bastante contemporânea.
A peça é "Nós", o teatro é o Oi, que agora é chamado de Futuros, Ciência e Tecnologia, lá no Flamengo, pertinho do Largo do Machado. Vai lá e assiste à peça, você provavelmente verá outras coisas que eu não vi, porque cada olhar carrega em si o seu próprio mundo.
Os ingressos podem ser adquiridos aqui:
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