Uganda homofóbica: Só a ganância é maior que o ódio promovido por esse governo
Homofobia governamental em Uganda
Apesar de não ser o fim da guerra contra a homofobia e transfobia do governo de Uganda, alegra-nos ouvir que o presidente tenha desistido de propor ao Parlamento a pena de morte para as pessoas homossexuais em seu território.
Ressaltamos, porém, que não há motivos suficientes para congratularmos o (des)governo ugandense por esse recuo, que, aparentemente, nada mais é do que uma desistência tática, ou seja, uma forma de ganhar tempo.
Qual é a razão dessa desconfiança?
Há que se desconfiar dessa "suspensão" porque tal decisão não é fruto de pensamento crítico e de avalição racional e honesta sobre o que significa ser homossexual, bissexual ou transgênero.
Nada na argumentação fajuta que vinha sendo utilizada pelo governo ugandense para embasar o mortífero projeto de lei foi questionado ou revisto por seus defensores até agora.
O que motivou o governo desse país a recuar temporariamente foi o medo de perder dinheiro, muito dinheiro.
E que dinheiro é esse?
Trata-se de dinheiro oriundo de outros países e de empresas estrangeiras que doam e/ou investem em Uganda.
Bastou que essas instituições governamentais ou privadas ameaçassem suspender o envio de recursos ao país, por causa dessa lei genocida, para que esses governantes oportunistas, ignorantes e convardes de Uganda adiassem seu plano de MATAR pessoas homossexuais pelo mero "crime" de serem elas mesmas.
Quem deu essa notícia primeiro?
A agência Reuters, e foi no dia 14 deste mês.
No dia 10, o governo ugandense havia anunciado que restabeleceria a pena de morte para homossexuais, mostrando-se irredutível e determinado. Porém, apenas quatro dias depois, graças às pressões de países doadores e de grandes empresas, o governo disse exatamente o contrário. O porta-voz da presidência Don Wanyama disse à agência Reuters que "não há planos do governo de introduzir uma lei como essa".
Ganância e ódio
O resultado da pressão internacional sobre o governo homofóbico de Uganda deixa muito claro que quando a ganância de um malfeitor é maior que seu ódio, é possível que ele deixe de fazer o pior ainda que não seja por motivos nobres de modo algum.
Parece que foi isso que aconteceu em Uganda: o governo deixou de derramar sangue inocente para não amargar prejuízo financeiro. A pergunta que se impõe é: O que vale mais para o governo e para o parlamento ugandenses - a vida humana ou o dinheiro? A resposta parece óbvia, já que o presidente de Uganda e seus aliados reprimiram a letalidade de sua própria homofobia por causa de sua ganância financeira.
Em outras palavras, o governo ugandense deixou de matar pessoas LGBT+ por ora para não perder dinheiro, e não porque concluiu que uma pessoa homossexual, bissexual ou transgênera é digna dos mesmos direitos que qualquer pessoa heterossexual cisgênera.
E isso singifica que as pessoas LGBT+ estão seguras?
Não, porque a homofobia e a transfobia estatais ugandenses continuam levando pessoas LGBT+ ao encarceiramento ATÉ A MORTE, visto que o país mantém a prisão perpétua para pessoas LGBT+ pelo simples fato de serem quem são.
Não se mata imediatamente, mas a tortura, a humilhação e a destruição de qualquer possibilidade de autorrealização por parte dessas pessoas são diariamente repetidas até que o indivíduo morra no cárcere.
Prisão nunca foi colônia de férias, especialmente para pessoas LGBT+. Imagine, então, quando essas pessoas, que nunca cometeram crime algum de fato, se veem cercadas de prisioneiros tão homofóbicos quanto os padres e pastores que propagam o ódio contra LGBT+ a partir de seus púlpitos e tão cruéis quanto os governantes que os lançaram lá!
E de onde vem tal mentalidade?
Ela vem da era colonial, isto é, de quando Uganda era dominada pela Inglaterra com suas concepções vitorianas de mundo.
Mas, Uganda não tem mais desculpas. O conhecimento avançou e o mundo evoluiu sob muitos aspectos, principalmente no tocante às liberdades individuais. Se dependesse da Inglaterra - aquela que deu origem a esse código penal -, essas mesmas leis já teriam sido modificadas há muito tempo.
Prova disso é que a Primeira Ministra Thereza May, em Abril de 2018, convocou as antigas colônias, agora chamadas de membros da Commonwealth, a reformarem seus códigos de lei, revogando essas e outras formas de condenação à homossexualidade.
Você poderá ler as palavras de Thereza May, que tem o apoio do Príncipe Harry e de vários países, nesse artigo: Theresa May diz aos líderes dos países da Commonwealth: Nós "lamentamos profundamente" as leis anti-gays da era colonial.Veja: https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/search/label/CHOGM
A persistência de Uganda em ser homofóbica é irracional
Considerando que o governo ugandense foi diassuadido momentaneamente por meio de pressão econômica, em vez de reconhecer a letigitimidade da diversidade sexual e das trangeneridades, não temos motivos para pensar que o governo fará as devidas reformas no código penal para a descriminalização total da homossexualidade tão cedo.
Se houve uma vitória momentânea na batalha contra a homofobia e a transfobia em Uganda, ela está longe de estabelecer o fim da guerra ideológica macabra patrocinada por fundamentalistas religiosos que estimulam todo tipo de violações contra os direitos básicos das pessoas homossexuais, bissexuais e transgêneras naquela terra.
Repito: Se o governo e a sociedade ugandenses fossem capazes de praticar o pensamento racional e bem informado no que diz respeito à diversidade sexual, em vez de se entupirem com o ódio homofóbico e transfóbico baseados em doutrinas religiosas absolutamente fantasiosas, eles já teriam evoluído anos-luz e aquele país teria prosperado grandemente. O fundamentalismo religioso e o ódio perpetrado por ele são a causa de grande parte do atraso no desenvolvimento civilizatório dessa e de outras nações.
Existe justificação racional para a homossexualidade?
Sim. E para quem deseja pensar seriamente sobre isso, esse artigo é um bom começo: A homossexualidade é racionalmente justificável? Leia-o e depois deixe seu comentário aqui no blog. Aqui: https://www.foradoarmário.com/2019/06/a-homossexualidade-e-racionalmente.html
Felizmente, ainda há tempo para Uganda se tornar um país realmente justo e igualitário, mas o caminho que eles têm trilhado vai na contramão disso tudo.
Existem bons exemplos no continente africano?
Sim, apesar de muita gente ignorá-los. A África do Sul tem se mostrado um excelente exemplo de convivência pacífica e construtiva em meio à pluralidade étinica-cultural-sexual.
Esse país ressurgiu das cinzas depois do apartheid, graças à eleição de Nelson Mandela em 1994 - portanto, há apenas 25 anos. Eles conseguiram fazer um giro de 180º, deixando para trás décadas, talvez séculos, de exclusão e morte, e produzindo uma das mais avançadas Constituições do mundo!
Assim como a África do Sul se tornou um oásis de civilidade no meio de um deserto de ignorância constituído por vizinhos fundamentalistas e genocidas, Uganda poderia se renovar completamente. Contudo, a escolha que o governo ugandense tem feito é a da morte e do atraso, pois nenhum país será de fato evoluído enquanto der ouvidos aos promotores de segregação, dentre os quais, os mais mortíferos são indubitavelmente aqueles que empunham livros supostamente sagrados, acreditando terem o direito de impor suas crenças aos outros sob pena de morte ou exclusão. Quem demoniza a diversidade sabota a humanidade.
As leis anti-gays de Uganda afetam acima de tudo as pessoas LGBT+, mas não exclusivamente. Amigos e familiares sofrem por por tabela. Eles podem ser detratores de seu familiar ou amigo gay ou ser considerados traídores do país se não os delatarem à polícia.
Uma das cláusulas diz que se alguém souber de existência de um gay na família ou vizinhança e não denunciá-lo, incorre em crime por conivência.
Como é que um país com leis como essas pode ser considerado minimamente seguro para quem quer que seja?
Muda, Uganda!
Por Sergio Viula
O recuo do governo ugandense diante da sanha homofóbica de parlamentares fundamentalistas
Para entender o que vem acontecendo em Uganda, sugiro a leitura desse artigo:
Governo de Uganda desiste de aplicar pena de morte aos homossexuais.
https://g1.globo.com/mundo/noticia/2019/10/14/uganda-desiste-de-aplicar-pena-de-morte-para-homossexuais.ghtml
O recuo do governo ugandense diante da sanha homofóbica de parlamentares fundamentalistas
Apesar de não ser o fim da guerra contra a homofobia e transfobia do governo de Uganda, alegra-nos ouvir que o presidente tenha desistido de propor ao Parlamento a pena de morte para as pessoas homossexuais em seu território.
Ressaltamos, porém, que não há motivos suficientes para congratularmos o (des)governo ugandense por esse recuo, que, aparentemente, nada mais é do que uma desistência tática, ou seja, uma forma de ganhar tempo.
Qual é a razão dessa desconfiança?
Há que se desconfiar dessa "suspensão" porque tal decisão não é fruto de pensamento crítico e de avalição racional e honesta sobre o que significa ser homossexual, bissexual ou transgênero.
Nada na argumentação fajuta que vinha sendo utilizada pelo governo ugandense para embasar o mortífero projeto de lei foi questionado ou revisto por seus defensores até agora.
O que motivou o governo desse país a recuar temporariamente foi o medo de perder dinheiro, muito dinheiro.
E que dinheiro é esse?
Trata-se de dinheiro oriundo de outros países e de empresas estrangeiras que doam e/ou investem em Uganda.
Bastou que essas instituições governamentais ou privadas ameaçassem suspender o envio de recursos ao país, por causa dessa lei genocida, para que esses governantes oportunistas, ignorantes e convardes de Uganda adiassem seu plano de MATAR pessoas homossexuais pelo mero "crime" de serem elas mesmas.
Quem deu essa notícia primeiro?
A agência Reuters, e foi no dia 14 deste mês.
No dia 10, o governo ugandense havia anunciado que restabeleceria a pena de morte para homossexuais, mostrando-se irredutível e determinado. Porém, apenas quatro dias depois, graças às pressões de países doadores e de grandes empresas, o governo disse exatamente o contrário. O porta-voz da presidência Don Wanyama disse à agência Reuters que "não há planos do governo de introduzir uma lei como essa".
Ganância e ódio
O resultado da pressão internacional sobre o governo homofóbico de Uganda deixa muito claro que quando a ganância de um malfeitor é maior que seu ódio, é possível que ele deixe de fazer o pior ainda que não seja por motivos nobres de modo algum.
Parece que foi isso que aconteceu em Uganda: o governo deixou de derramar sangue inocente para não amargar prejuízo financeiro. A pergunta que se impõe é: O que vale mais para o governo e para o parlamento ugandenses - a vida humana ou o dinheiro? A resposta parece óbvia, já que o presidente de Uganda e seus aliados reprimiram a letalidade de sua própria homofobia por causa de sua ganância financeira.
Em outras palavras, o governo ugandense deixou de matar pessoas LGBT+ por ora para não perder dinheiro, e não porque concluiu que uma pessoa homossexual, bissexual ou transgênera é digna dos mesmos direitos que qualquer pessoa heterossexual cisgênera.
E isso singifica que as pessoas LGBT+ estão seguras?
Não, porque a homofobia e a transfobia estatais ugandenses continuam levando pessoas LGBT+ ao encarceiramento ATÉ A MORTE, visto que o país mantém a prisão perpétua para pessoas LGBT+ pelo simples fato de serem quem são.
Não se mata imediatamente, mas a tortura, a humilhação e a destruição de qualquer possibilidade de autorrealização por parte dessas pessoas são diariamente repetidas até que o indivíduo morra no cárcere.
Prisão nunca foi colônia de férias, especialmente para pessoas LGBT+. Imagine, então, quando essas pessoas, que nunca cometeram crime algum de fato, se veem cercadas de prisioneiros tão homofóbicos quanto os padres e pastores que propagam o ódio contra LGBT+ a partir de seus púlpitos e tão cruéis quanto os governantes que os lançaram lá!
E de onde vem tal mentalidade?
Ela vem da era colonial, isto é, de quando Uganda era dominada pela Inglaterra com suas concepções vitorianas de mundo.
Mas, Uganda não tem mais desculpas. O conhecimento avançou e o mundo evoluiu sob muitos aspectos, principalmente no tocante às liberdades individuais. Se dependesse da Inglaterra - aquela que deu origem a esse código penal -, essas mesmas leis já teriam sido modificadas há muito tempo.
Prova disso é que a Primeira Ministra Thereza May, em Abril de 2018, convocou as antigas colônias, agora chamadas de membros da Commonwealth, a reformarem seus códigos de lei, revogando essas e outras formas de condenação à homossexualidade.
Você poderá ler as palavras de Thereza May, que tem o apoio do Príncipe Harry e de vários países, nesse artigo: Theresa May diz aos líderes dos países da Commonwealth: Nós "lamentamos profundamente" as leis anti-gays da era colonial.Veja: https://www.xn--foradoarmrio-kbb.com/search/label/CHOGM
A persistência de Uganda em ser homofóbica é irracional
Considerando que o governo ugandense foi diassuadido momentaneamente por meio de pressão econômica, em vez de reconhecer a letigitimidade da diversidade sexual e das trangeneridades, não temos motivos para pensar que o governo fará as devidas reformas no código penal para a descriminalização total da homossexualidade tão cedo.
Se houve uma vitória momentânea na batalha contra a homofobia e a transfobia em Uganda, ela está longe de estabelecer o fim da guerra ideológica macabra patrocinada por fundamentalistas religiosos que estimulam todo tipo de violações contra os direitos básicos das pessoas homossexuais, bissexuais e transgêneras naquela terra.
Marcha homofóbica de fundamentalistas cristãos contra os LGBT em Uganda
Marcha homofóbica de fundamentalistas religiosos em Uganda
Cartaz: A homossexualidade é feito como o Diabo. Perversa!
Repito: Se o governo e a sociedade ugandenses fossem capazes de praticar o pensamento racional e bem informado no que diz respeito à diversidade sexual, em vez de se entupirem com o ódio homofóbico e transfóbico baseados em doutrinas religiosas absolutamente fantasiosas, eles já teriam evoluído anos-luz e aquele país teria prosperado grandemente. O fundamentalismo religioso e o ódio perpetrado por ele são a causa de grande parte do atraso no desenvolvimento civilizatório dessa e de outras nações.
Existe justificação racional para a homossexualidade?
Sim. E para quem deseja pensar seriamente sobre isso, esse artigo é um bom começo: A homossexualidade é racionalmente justificável? Leia-o e depois deixe seu comentário aqui no blog. Aqui: https://www.foradoarmário.com/2019/06/a-homossexualidade-e-racionalmente.html
Felizmente, ainda há tempo para Uganda se tornar um país realmente justo e igualitário, mas o caminho que eles têm trilhado vai na contramão disso tudo.
Existem bons exemplos no continente africano?
Sim, apesar de muita gente ignorá-los. A África do Sul tem se mostrado um excelente exemplo de convivência pacífica e construtiva em meio à pluralidade étinica-cultural-sexual.
Esse país ressurgiu das cinzas depois do apartheid, graças à eleição de Nelson Mandela em 1994 - portanto, há apenas 25 anos. Eles conseguiram fazer um giro de 180º, deixando para trás décadas, talvez séculos, de exclusão e morte, e produzindo uma das mais avançadas Constituições do mundo!
Assim como a África do Sul se tornou um oásis de civilidade no meio de um deserto de ignorância constituído por vizinhos fundamentalistas e genocidas, Uganda poderia se renovar completamente. Contudo, a escolha que o governo ugandense tem feito é a da morte e do atraso, pois nenhum país será de fato evoluído enquanto der ouvidos aos promotores de segregação, dentre os quais, os mais mortíferos são indubitavelmente aqueles que empunham livros supostamente sagrados, acreditando terem o direito de impor suas crenças aos outros sob pena de morte ou exclusão. Quem demoniza a diversidade sabota a humanidade.
Parada do Orgulho LGBT em Uganda, 2015: Somos família.
Cartaz:
Orgulho Gay
Orgulho Negro
Eu sou africano
Mulher com a bandeira de Uganda.
Na camisa, a mensagem diz o seguinte:
ALGUMAS PESSOAS SÃO GAYS. SUPERE ISSO!
As leis anti-gays de Uganda afetam acima de tudo as pessoas LGBT+, mas não exclusivamente. Amigos e familiares sofrem por por tabela. Eles podem ser detratores de seu familiar ou amigo gay ou ser considerados traídores do país se não os delatarem à polícia.
Uma das cláusulas diz que se alguém souber de existência de um gay na família ou vizinhança e não denunciá-lo, incorre em crime por conivência.
Como é que um país com leis como essas pode ser considerado minimamente seguro para quem quer que seja?
Muda, Uganda!
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