Sacerdotes, reis e a diversidade sexual na Suméria: uma história de liberdade antes da modernidade
Por Sergio Viula
Quando pensamos em história antiga, muitas vezes imaginamos sociedades rígidas e normativas. No entanto, a Suméria, uma das primeiras civilizações humanas, nos mostra que a diversidade sexual e de gênero não é invenção moderna. Desde 2400 a.C., homens conhecidos como Gala (ou Kalû) desempenhavam papéis sagrados e transgressivos, celebrando a fluidez de gênero e a expressão sexual dentro de um contexto religioso.

Tablet de argila sumério que representa uma cena de beijo ou intimidade 2.500 A.C.
Os Gala eram sacerdotes da deusa Inanna, deusa do amor, da guerra, da fertilidade e da transgressão de normas sociais. Eles falavam com voz feminina, vestiam roupas femininas e, segundo alguns textos, tinham relações afetivas com outros homens. Participavam de rituais eróticos e de lamentação, sendo reverenciados em templos e vistos como figuras de poder espiritual. Muitos estudiosos modernos consideram os Gala como sacerdotes de identidade de gênero fluida ou transgêneros, mostrando que a diversidade existia de forma institucionalizada na Suméria.

Outro exemplo dessa naturalização da diversidade sexual entre a elite suméria é o rei Shulgi de Ur (c. 2094–2047 a.C.). Shulgi é lembrado por seus poemas e inscrições que exaltam suas habilidades físicas, militares e sexuais. Alguns textos o descrevem de forma ambígua, mencionando relações com jovens do mesmo sexo. Não sabemos ao certo se essas relações eram reais, mas os registros indicam que práticas homoeróticas eram socialmente reconhecidas em certos contextos da elite.
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